Notei que não consigo mais, de forma natural, escrever textos longos.
Me lembro da dificuldade que foi, ao migrar este blog ao perfil de instagram, aprender a ser concisa. A limitação de caracteres era um problema e diversas vezes precisei cortar trechos para poder publicar.
Mas, assim como estamos adaptados à cultura de informação rápida, vídeos curtos e quase zero tolerância pra qualquer coisa que demore um pouco mais, acabei me acostumando a escrever só o que cabe.
Talvez a concisão seja boa – normalmente até acho que é – mas sinto falta de contar as histórias mais completas e narrar as banalidades da vida.
Já não sei se sou capaz de me expressar sem emojis e “comentários de humor” (como os “rs” e “hahaha”). Outro dia me peguei pensando o absurdo de “como é que as pessoas saberão que estou sendo irônica ou engraçadinha sem esses marcadores comuns?”
Socorro! hahaha (!)
Pronto. Era só isso mesmo que eu tinha pra dizer.
;p
hahahaha
Também tem aquela questão antiga sobre os interesses, né?! Quem é que para hoje em dia pra ler histórias completas de banalidades narradas?
Eu paro, mas… não qualquer história. Tem que ser boa, interessante, bem escrita…
Há! Talvez a tal dificuldade não seja coisa nenhuma relacionada à chatice do nosso mundo de redes sociais e sim à boa e velha conhecida insegurança. Aquela, que já ganhou nome chique do tipo “Síndrome da Impostora” e tal…
Eu amo quando as percepções vem assim, no meio da escrita, com cara de insight em véspera de terapia.
Então sigo aqui, escrevendo pouquinhos que caberiam na rede ao lado, mas que deixo por aqui mesmo, como exercício de não emudecimento. Com a mesma coragem de quem aprende a andar (e cair) de bicicleta depois de velha. Com a mesma vergonha de quem só dança se não tem ninguém olhando. Com a mesma cara de pau de quem se acaba de gritar cantar no videokê.
Fazendo o que precisa ser feito e compreendendo que a necessidade (ou ausência dela) só cabe a mim. Assim como o que fica depois do feito ou desfeito ou não feito.
E fim.