Hoje começou a Semana Mundial do Aleitamento Materno e eu não tava com vontade de vir escrever textão sobre o assunto, mas também não queria deixar passar em branco… Aí fui procurar uma foto pra postar sobre isso e percebi que as que encontrei podem ser definidas em categorias que resumem bem o que vem sendo amamentar o Dante!
Vejam só:
1-
Dessa vez a amamentação não está sendo uma relação à dois, como eu vivia dizendo que era, porque quase sempre temos uma terceira elementa na parada! A livre demanda dele depende também das demandas e necessidades dela. O colo dele é sempre dela também. Os horários dele dependem da rotina dela. A tranquilidade dele, depende da dela.
(a minha então, nem se fala! hahahaha)
2-
Ao mesmo tempo, amamentá-lo é tão simples, tão trivial, tão gostoso, divertido até, que dá pra fazermos várias coisas ao mesmo tempo: Eu tiro a cutícula enquanto ele mama. Ele come um pãozinho enquanto mama. E assim seguimos! 🙂
3-
E aí, gente, tem essa mãozinha… Ele faz questão dessa mãozinha aí, que às vezes só apoia e às vezes faz carinho – que já passou pela fase em que beliscava meu pescoço, credo! hahaha
Essa mãozinha que me fez encontrar mil fotos quase iguais hoje, porque eu vivo tirando mesmo, porque eu não quero esquecer, porque eu amo essa mãozinha!
Mamou muito, mama cada vez menos… Mas mama assim, com carinho de mão dupla!
E mesmo quando não tiver mais leite, te garanto, bichinha, não vai faltar amor!
Eu costumava achar que o segredo pra estabelecer uma amamentação de sucesso era a mãe se entupir de informação. Achava que uma mãe que estudasse MUITO durante a gravidez, que soubesse as técnicas corretas e os mitos perigosos estaria pronta pra amamentar lindamente – e sem dificuldades – ao seu filho recém chegado ao mundo.
Mas quanto mais eu me aprofundo nesse tema, mais eu tenho certeza de que estava enganada. O que uma mãe que quer amamentar precisa é APOIO!
Apoio do marido, responsável por manter o “ambiente preparado” – à lá montessori, mesmo, no sentido de deixar tudo pronto e seguro pra que o natural tenha espaço pra acontecer; a mãe alimentada, sem sede, podendo descansar o máximo que der…
Apoio da família e dos amigos, do máximo das pessoas que a rodeiam, que não venham questionar sua capacidade de amamentar, que não venham sugerir mamadeiras diante das dificuldades (tão comuns) desse começo e nem muito menos reduzir e/ou tirar importância de esforços daquela mulher!
E, obviamente, apoio da equipe de saúde, que em sua maioria tem se mostrado muito despreparada pra lidar com esse assunto – no comecinho da vida dos bebês e lá pra frente também!
O puerpério – também conhecido como “grande mar de hormônios e sono e novidades e inseguranças” – é um período de muita fragilidade em que tudo o que uma mãe precisa é ser deixada em paz! Não é hora de ter que ficar lembrando (a si ou aos outros) das recomendações da OMS, ou de técnicas ou de posições mais recomendadas! Não é hora de ter que ficar se defendendo de palpites enfraquecedores! E definitivamente não é hora de travar luta contra o pediatra que quer dar fórmula seilaeuporque quando deveria orientar corretamente e proteger o aleitamento!
Aliás, tenho ouvido cada barbaridade de orientações de médicos – a maioria pediatras, claro – que não sei se tenho mais vontade de chorar ou de bater!
Pediatra mandando desmandar abruptamente bebê de 9 meses porque o leite já não alimenta nessa idade; pediatra dando remédio pra “secar o leite” de mãe de bebê com cólica, justificando que o leite artificial resolveria o problema; pediatra de maternidade receitando fórmula porque o bebê “chora muito” ou porque o bebê está hipoglicêmico, enfermeiras de maternidade dando chupeta E mamadeira de presente pra mães; pediatra dizendo que se a mãe vê o leite mais “aguado” é porque ele já não serve pra bebê de 3 meses; ortopedista me mandando desmamar bebéia porque “1ano e 5 meses já tá bom, né?!”…. E, pasmem, boa parte desses exemplos são aqui da Espanha!!!
Penso em algumas medidas urgentes necessárias: a primeira e mais óbvia é reciclagem e formação específica na área de aleitamento pra todos os profissionais que lidam com mães e bebês – será que é sonhar muito alto?
Mas além disso, acredito que amamentar precisa voltar a ser cultural, sabe aquelas coisas, ensinadas de mãe pra filha, de irmã pra irmã, de amiga pra amiga e de medic@ pra paciente?! Então…. (e vale o mesmo pro parto, né?!)
Me pergunto quantos anos de “ativismo e campanhas” serão necessários pra que isso volte a acontecer…
E tenho certeza que, pra isso, precisamos nos despir dos mitos, nos livrar do bando de informação errada que está por aí (inclusive na boca de muito médico)…precisamos falar sobre isso, repetidamente, pra que todos escutem! Precisamos naturalizar o aleitamento (e o parto!) nas nossas casas, nas nossas vidas…estilo trabalho de formiguinha, pessoa a pessoa, família a família, sabe?!
Se pra isso eu acabar virando “eco-chata” (como gosta de dizer meu marido), paciência… Estas (parto e aleitamento, pra ninguém ficar na dúvida!rs) são as causas nobres pelas quais escolhi trabalhar e militar! =D
um ps. importante: assim como no caso do parto, acredito que o desejo de saber mais e melhor deve vir de dentro…de cada mãe e cada família! Por mais “eco-chata” que eu me torne, nunca me meto ou me meterei onde não sou chamada pra explicar pra uma mãe recente as vantagens de um parto sem intervenções desnecessárias ou vantagens e mitos sobre aleitamento materno, por exemplo! O que não consigo é ficar calada quando sinto a angústia pela má informação e por aquela sensação (de mãe, pai ou outros membros da família) de que tem “algo errado naquilo que me disseram ou naquilo que vivi” .. aí eu abraço e falo mesmo! rs
“Você me abre seus braços
E a gente faz um país”
Aaaah!!! Tá rolando um financiamento coletivo para o projeto de um documentário bem bacana sobre aleitamento, o “De Peito Aberto”! O “Renascimento do Parto” já provou que um filme bem feito é uma excelente maneira de trazer pra um público maior essas discussões de saúde pública tão importantes! Corre lá e vê se consegue ajudar um pouquinho!
Pois bem, classe. Hoje vamos estudar o que faz uma mãe decidir decididamente desmamar a filha e, um pouco depois, se debulhar em lágrimas por tal decisão – para além de uma leve bipolaridade, digo…
rs
Costumo ler por aí que as mães temem desmamar por alguns motivos principais: medo de traumatizar o filho, medo de que ele fique ressentido ou que não a ame mais…
O meu choro não foi por nenhum desses motivos. Primeiro porque eu não faria (sem necessidade, médica, por exemplo) um desmame abrupto e potencialmente “traumatizante”. E, segundo, porque eu tenho plena consciência de que a amamentação é só mais uma faceta da minha relação com a Chinchila – por muito tempo, uma das mais importantes, é verdade, mas só uma, de forma que nosso amor não depende dela!
Mas decidir pelo desmame foi doído, sim… Porque é uma decisão que marca uma ruptura, uma mudança de um monte de paradigmas.
A amamentação bem estabelecida traz uma tranquilidade absurda e insubstituível no que diz respeito a alimentação, nutrição, saúde, defesas do organismo do seu filho e etc… Insubstituível!!! Além disso, é um jeito ultra prático de acalmar – mãe e bebê! – e de fazer dormir. E de matar a fome, claro. E de garantir uns bons minutos de colo, carinho e aconchego. E de chocar um pouco a sociedade (hahahaha). E de lembrar que aquele bebê depende tanto de você. E você dele. E de fazer voltar a dormir. E de tirar dor. E de liberar ocitocina (ô delícia!). E de demonstrar amor. E de receber amor. E de parar pra descansar um pouquinho no meio do dia. E de levar “lanchinho” da cria pra todo lado. E de … E de… A lista podia ser infinita, repararam? rs
Pois é… meu choro foi de luto pela perda de toda essa praticidade aí. E de saudades antecipadas que eu sei que sentirei desse tanto de coisa deliciosa. E um pouco de luto também, confesso, por essa constatação diária de que minha filha tá crescendo rápido – que delícia assustadora que é isso, minha gente?! É bom demais, mas aperta o coração, não?!
Falando em “assustadora”, chorei também de medo do desconhecido novo caminho que nos espera ali na frente!
Chega a dar frio na barriga pensar nas reconstruções que faremos juntas, Cecília e eu, quando não tiver mais nada de mamá!!! Porque é isso, né?!
Re-construir.
Re-significar.
Re-aprender.
Re-forçar.
Re-juntar. (hahaha)
Re-caminhar.
Juntas. De mãos dadas e olhos nos olhos, ainda.
Será, ainda, intenso, tenho certeza. E lindo. E gostoso. E de nós duas.
Só que é novo e é diferente e isso sempre me dá um medinho – o mesmo tipo de medinho que senti antes das minhas mudanças todas, sabem?! Mesmo com esse tanto de saudade envolvida, no final, eu sei que vai ser bom!
Entonces, sim, estamos desmamando. Lenta e tranquilamente – já sem choros, meu ou dela. Gostosamente. De alma e olhos devidamente lavados!
Volto logo pra contar! 😉
Não se alimenta de amor só com leite materno, afinal de contas…
Aaaahhh!!! Mais uma coisa: me digam aí, afinal, #comofas quando filho que não mama no peito fica doente e não quer comer?? #comofas, gente?!?!?!? Como que não morre as mãe tudo de preocupação??? Ainda não descobri, não…
Como contei, acabei decidindo por fazer o desmame noturno pela técnica da “Remoção Gentil”. Resumidamente, ela consiste em dar o mamá todas as vezes que o bebê pedir, deixar que ele mame um pouco e, assim que notar que o ritmo da “sugada” diminuiu e o bebê relaxou, tirar delicadamente o peito de sua boca, com o bebê ainda acordado!
A ideia da técnica é desfazer a associação que o bebê tem entre o “mamar” e o ” dormir”, por isso ele mama quando quer, mas aprende que não precisa do peito pra pegar no sono.
Achei que era de fato uma maneira gentil e comecei a fazer durante a noite (diz que o momento mais importante é na primeira mamada, na hora de colocar a criança pra dormir)… Mas sei lá.. Não rolou..! Por falha minha e resistência dela, acho…
Cecília sacou de cara que eu tava de espreita, só esperando pra tirar o mamá dela e mudou vários padrões, várias coisas que estavam tranquilas como estavam, sabem?!
Primeiro vou contar como era: a primeira mamada já era meio nesse esquema, porque ela sozinha mamava o quanto precisava e depois soltava pra se acomodar na posição que preferia e então pegar no sono!
E eram raras as mamadas na madrugada em que ela ficava chupeitando… Normalmente ela mamava com vontade até pegar no sono, aí ou eu tirava, ou ela mesma soltava o peito e eu já voltava pra minha cama, sempre simples e rápido, mesmo quando eram 5 ou 6 eventos desses na noite! rs
Normalmente na madrugada eu já entrava no quarto dela colocando o peito pra fora, mas nos últimos meses eu já tinha adotado o hábito de chegar e primeiro tentar só encostar nela, fazer um carinho e avisar que eu estava por lá pra que ela voltasse a dormir, e só dar o mamá quando ela pedisse. Embora na maioria das vezes ela acabasse pedindo, vez ou outra ela voltava a dormir “sozinha”!
Mas quando eu comecei a fazer a tal técnica Cecília passou a já acordar exigindo o mamá! Trocou o chorinho e o “mamã” com que me chamava por um certeiro e decidido “MAMÁ”, assim, em letras garrafais! Tipo, “não venha me enrolar, quero meu mamá”! #Aíeucomeceiameirritar-parte1
Além disso, as mamadas passaram a ser mais longas e quando eu tentava tirar ela SEMPRE agarrava de volta com determinação! Mil vezes seguidas! #Aíeucomeceiameirritar-parte2
A criadora da técnica avisa que isso pode acontecer e ensina que devemos continuar insistindo… E talvez aí tenha sido minha primeira falha…
Eu acabava desistindo e deixando ela mamar até soltar sozinha – geralmente já dormindo mesmo… Durante a noite eu ficava cansada, via que o sono (e as mamadas) dela estavam piores e me questionava mil vezes se era hora de estar fazendo isso, se estávamos mesmo preparadas, se era necessário e tal… E durante o dia voltava a “decidir” que era o melhor…
Óbvio que essa inconsistência não daria bons resultados, né?! rs
Isso tudo trouxe mudanças pra durante o dia també e essa foi a parte fundamental da história!
No meio desse rolo noturno eu demorei pra fazer a associação (óbvia, diga-se de passagem), mas as sonecas do dia também mudaram drasticamente! De um dia pro outro Cecília resolveu que não dormiria mais durante o dia a não ser que tivesse com meu peito na boca!
Ela sempre foi ruim pra sonecas diurnas e nesses 1 ano e 5 meses (completados hoje, aliás!! Uhu!!) tirou a grande maioria delas no meu colo! Quase sempre mamando até dormir, mas sempre soltando meu peito depois de pegar no sono.E tudo bem!
De forma que quando virei uma grande chupeta humana, tendo meus mamilos mastigados por 16 dentinhos sonolentos e carentes de uma bebéia-meninagrande exigente e cansada #Aíeucomeceiameirritar-parte3!
Ou melhor, aí eu fiquei muito irritada!
Eu chorei de irritação! E de culpa pela irritação, of course!
Por aproximadamente 3 minutos eu pensei até em dar uma chupeta de verdade pra ela. E não desisti por convicções, mas pela preguiça que senti quando lembrei que depois teria que tirar a tal chupeta dela! Juro! rs
E foi assim que eu decidi que tinha chegado pra mim aquela hora em que a relação com a amamentação não tava mais bacana! Decidi que queria desmamar a Cecília! Decidi-decidido!
Algumas horas mais tarde, com meu piercing de peito devidamente acoplado (entenda-se: com Cecília dormindo no peito) li num grupo um post de uma mãe preocupada porque o filho doente não estava comendo e os comentários eram todos: “se ele mama, pode ficar tranquila!” E desabei em muitas lagrimas!
Preciso contar uma coisa pra vocês… (pra desafogar, pra tentar entender melhor, pra processar, pra digerir…)
O fantasminha do desmame tem andado por aqui…
Mas primeiro, um lembrete: os órgão de saúde recomendam amamentação exclusiva até os 6 meses e continuada até pelo menos os 2 anos!
Pois bem, nesses 16 meses de Cecília mamando, muita gente me perguntou muitas vezes até quando eu iria amamentá-la e minha resposta sempre foi a mesma: não sei!
Meus planos concretos sobre a amamentação terminavam nos 6 meses exclusivos – depois disso, eu pretendia “ir vendo”…
Explico: entendo a amamentação como uma forma de relacionamento que, como todo relacionamento, envolve duas pessoas. Já dizia minha vó: “brincadeira é quando os dois se divertem!”; portanto, eu sempre soube que amamentaria enquanto estivesse bacana assim pras duas partes: pra Cecília e pra mim!
Confesso que antes de ser mãe eu achava esquisito bebês maiores sendo amamentados – mas dentro daquela incoerência desinformada, típica de quem vê as coisas só de fora, sabem?! Por sorte estava aberta pra me informar e acabei mudando de opinião antes da Cecília sequer existir na barriga!
Já com Chinchila nos braços e com a amamentação bem estabelecida me vi absolutamente apaixonada por essa relação nossa: Amamentar é um negócio cansativo, exige paciência e uma entrega e dedicação absurdas, mas também é ultra-prático e absolutamente lindo e delicioso! De forma que os meses foram passando e a amamentação simples e naturalmente ia (vai!) continuando…! Passamos pela alergia (quase 100% curada, contei?!?!), pela introdução alimentar, pelo nascimento de 16 dentes (só faltam 4, ufa!), pelas mudanças, umas pequenas doencinhas, os saltos de desenvolvimento e um monte de outros momentos gostosos pra caramba, todos especialmente temperados com “leitinho da mamãe”!
E as pessoas continuavam me perguntando, desde o clássico “nossa! Ela ainda mama?” ou o mais disfarçado “e até quando você pensa em amamentar?” até o desinformado “ainda tem leite??”… Minha resposta continuava a mesma, eu ainda não sabia (e não sei) quanto tempo mais teremos de mamá por aqui – e enquanto as coisas (leia-se hormônios..rs) estiverem equilibradas e a Cecília continuar estimulando tudo o que estimula, leite é o que não vai faltar!
É claro que os padrões de mamadas foram mudando… Cecília foi trocando, aos poucos, o mamá pelas refeições, por exemplo, e o número de vezes e a duração de cada mamada foi se alterando de acordo com cada fase. Nos últimos meses, pra vocês terem uma ideia, ela só mama(va) umas 3 ou 4 vezes no dia e outras 3 durante a noite…
Mesmo assim, por um bom tempo eu não conseguia visualizar quando e/ou como essa “prática” poderia se esgotar… chegava mesmo a pensar que iríamos bem longe, justamente porque continuava sendo bacana, prático, lindo e legal pra nós duas!
Aí quando a pequenina estava com uns 14 meses entrou numas de pedir pra mamar, ficar tipo 1 minuto no peito e sair pra brincar – voltar menos de 5 minutos depois, pedir, mamar de novo, outro minutinho e “tchau, vou brincar” (com direito a mãozinha acenando o tchau! rs).. imaginem isso num looping infinito por horas durante a tarde…
“Se é assim que é amamentar um bebê maior, não vou querer por muito mais tempo, não!” – foi a primeira vez que pensei em desmame!
Achava chato ficar ali, pendente pra uma mamada que não acontecia de verdade – algumas vezes até fora de casa, quando eu queria estar fazendo outras coisas.
Mas como quase tudo nessa vida de mãe-bebê, passou! Cecília entendeu que ela poderia ter as duas coisas – mamá e brincadeiras – sem que precisasse ser tudo ao mesmo tempo! rs
Então seguimos mais um pouco na normalidade…
Mais ou menos nesse mesmo período eu comecei a notar que nas noites em que ela acordava menos pra mamar, parecia dormir melhor, um sono mais efetivo… Acordava mais cedo e super bem disposta!
Essa constatação me fez começar a pensar no desmame noturno…
Li sobre a técnica da “Remoção Gentil” (atenção! Só pra maiores de 1 ano, hein?! Amamentação noturna tem um montão de vantagens e é super importante no primeiro ano de vida, se é demanda do bebê, já que interfere diretamente na nutrição dele!!!)
E li e li e li…
E bem lentamente fui tomando a decisão de começar a usar a tal técnica pra tirar as mamadas da noite .
Nesse meio tempo Cecília dormiu algumas noites inteiras, depois voltou a acordar de hora em hora, aí voltou a dormir e a cada mudança dela eu ia mudando de opinião também, de forma que a técnica não foi nunca aplicada com muito afinco..rs
E foi essa decisão aí que nos colocou onde estamos hoje – mas isso eu volto pra contar depois, porque essa “pequena introdução no assunto desmame” já ficou gigante demais, né?!
E se vocês soubessem o trabalho (emocional/psíquico) que é escrever sobre isso…rs
Aliás, o que a gente faz enquanto finaliza o post???
Que a maternidade é transformadora já não é novidade nesse blog, né?!
Por aqui a transformação começou no pré maternidade: lá, um pouquinho antes de engravidar, quando entrei nessa blogosfera e fui descobrindo novos caminhos e novos sentidos…quando fui desejando novos destinos…
Pois o futuro foi chegando e o amanhã já virou ontem faz tempo. Cecília chegou dentro de mim, saiu e logo menos completa aniversário de fora da barriga!
E eu que mergulhei no assunto da maternidade tanto quanto mergulhei dentro de mim nesses últimos muitos meses fui me achando cada vez mais encontrada, cada vez mais ‘desejada’ e sem perder a tal paixão que descobri lá no começo!
Quem me acompanha há um tempo já leu muito por aqui sobre parto humanizado, respeitoso, informado, natural… leu um monte sobre amamentação também e, provavelmente, já nem é novidade o tanto que estou envolvida nesse mundo louco, com um pezinho até no ativismo..rs
E daí que deu vontade de levar esse envolvimento todo mais pra prática, sabe?! De trazer pro dia a dia, de usar essa paixão pra ajudar outras pessoas…de profissionalizar, mesmo!
E a vontade virou namoro. E o namoro se concretizou no meu último fim de semana!
No último fim de semana fiz o curso de formação em Consultoria em Aleitamento Materno no GAMA!!!
Isso significa que agora junto minha experiência pessoal desses 20 meses de pesquisas e quase 11 meses de prática com um monte de teoria e ensinamentos fantásticos da Ana Garbulho em Amamentação! Agora sou Consultora formada e certificada pra ajudar outras mães a superar dificuldades, pra proteger (e ajudar a promover) o Aleitamento Materno com sucesso, espalhando por aí todas as delícias dessa riquíssima experiência que é amamentar seu bebê!!!
Super orgulho!
Estou felicissima com a novidade, ainda traçando planos estratégicos para o futuro profissional, com sede de estudar muito mais, mas já estou disponível pra atendimentos!!
Tá com dificuldades e/ou inseguranças pra amamentar?? Ou conhece alguém assim?
Adorarei ajudar!!! Me escreve!
gabi.ramalho@gmail.com ou
+56 9 6599-8898 (whatsapp)
Uma coisa muito importante que aprendi nesse mundo de blogs/mães/ativistas: juntas, nos apoiando, podemos MUITO mais!!!
Hoje eu descobri o tamanho do alívio que abrir um simples envelope pode trazer!
Hoje eu senti como se tivesse ajuda pra carregar o peso absurdo que vem se apoiando nos meus ombros nos últimos meses.
Hoje eu fui buscar o resultado do segundo exame de “sangre oculta en las deposiciones” da Cecília.
Depois de dois meses de um resultado positivos nas 3 amostras, peguei esse daí de cima. Negativo. Três vezes negativo!
Isso não quer dizer que a Cecília esteja curada da alergia. Não, ainda não…
Mas quer dizer que ela já não está mais perdendo sangue nas fezes. Quer dizer que a micro-anemia que encontramos há dois meses já não tem razão de existir. Quer dizer que os alérgenos que faziam com que o organismo dela ferisse o próprio intestino não estão mais lá. Quer dizer que os cuidados que venho tomando na Introdução Alimentar dela estão dando conta do recado. Quer dizer que minha dieta está bem ajustadinha. Quer dizer que a amamentação, que segue em livre demanda, está fazendo seu papel de nutrir, fortalecer, amadurecer e curar!Quer dizer que não, a gente não está exagerando. E quer dizer, principalmente, que todo o esforço está dando resultados.
Ufa!!!
Três (mil) vezes: ufa!!!
Termino o dia de hoje bem mais leve e vou dormir pra sonhar com a luz que vejo agora, tão brilhante, no fim do túnel!
Cecília mamou na sua primeira hora de vida (como recomenda a OMS, aliás!). Mas ela não veio com o reflexo de procurar o peito…ou a gente perdeu o timing, não sei…
Sei que quando a matrona veio me ajudar a colocá-la pra mamar ela chorava e não pegava o mamá…a matrona segurava meu peito e trazia a cabecinha dela pra perto, mas ela tentava girar a cabeça pra longe e chorava… E eu incomodada, sentindo que aquilo que não tava “natural”…
Eu sabia a teoria, sabia que tinha que segurar o peito com a mão em C, polegar embaixo, e trazer a bebê pra perto, mas a bichinha não abria a boca!! Depois de um tempinho nessa “briga” consegui dar um jeito de colocar o peito na boca dela..um jeito que, eu sabia, não era o correto, mas era o que eu tinha conseguido e havia funcionado: ela finalmente pegou e mamou!!
Mamou bastante e mamou gostoso! Mas tava errado… A maneira com que ela pegava o peito estava errada, o que resultou em feridas no mamilo logo no dia seguinte!
Como fui pra maternidade armada do meu arsenal pró amamentação, lá mesmo comecei a usar a concha de proteção pra evitar o atrito com a roupa (mas não podia usar por mais de 20 minutos, porque corria o risco de dar fungos) e a pomada de lanolina…
Cecília mamava bastante, desde o começo em livre demanda! Eu continuava achando que a pega tava errada, mas não conseguia saber exatamente o porquê…parecia que ela fazia a ‘boca de peixinho’ e que abocanhava tudo o que conseguia da auréola, mas algo não tava bom… E acho que algum tipo de intuição ja me apontava o problema: cada vez que eu ia dar mamá ficava um tempão tentando fazer ela pegar direto…soltava e oferecia de novo muitas vezes, até ela se irritar, eu desistir ou a gente se acertar! E repetia um milhão de vezes pra ela “Bocão, filha…tem que abrir bocão” – repetia tantas e tantas vezes que a Sil até brincava que “bocão” seria a primeira palavra da Cecília! rsrs
Enquanto isso as informações que recebia das matronas e enfermeiras que iam nos ver no quarto eram super contraditórias: enquanto uma me dizia pra tomar cuidado com a pomada de lanolina, que poderia deixar o peito escorregadio e atrapalhar a mamada, outra dizia que como já estava começando a ferir, era bom encher de pomada sempre (como ela aliviava a dor, eu acabava enchendo mesmo!). Várias delas pediam pra me ver amamentando e nenhuma falou nada sobre corrigir a pega!
Aliás, no sábado a noite, pouco mais de 24 horas depois do parto, duas enfermeiras comentaram que o cocô da Cecília já não era mais puro mecônio, eram as tais das “deposiciones de transición”, o que significava que não só ela estava mamando, mas estava mamando já um pouco de leite junto com o colostro!!! Fiquei toda felizona com a notícia de que meu leite já estava descendo, claro! E no domingo, no momento da alta, vimos que a Cecília havia perdido apenas 4% do peso do nascimento (quando o esperado geralmente são 10%) assim que fomos liberados com a instrução de seguir como estávamos, então vim pra casa achando que talvez estivesse exagerando na tal ‘sensação’ de que a pega tava errada…
Na terça-feira o leite resolveu descer de verdade, e veio com tudo!!! Cecília com seu estômago de 5 dias de vida simplesmente não dava conta de mamar tanto! Resultado: peitos enormes, quentes, duros, ingurgitados, vazando…eu também sabia a teoria sobre esse problema: tinha que esvaziar e colocar compressas!!! Esvaziar pra aliviar esses incômodos e pra garantir que a produção do leite continuasse adequada – e pra isso eu tinha comprado a bombinha!! Mas a prática incluía um pequeno detalhe: meus mamilos estavam MUITO machucados e eu tava morrendo de medo da dor que sentiria ao ser sugada por aquele cone de plástico!!rs E medo = desequilíbrio hormonal! Isso somado à inexperiência no uso da bombinha resultou em vários minutos (hora?) de tortura! Eu massageava com a mão, colocava a compressa, apertava a bombinha e praticamente não saía leite…mas saía sangue e doía à beça (menos do que eu temia, confesso)!!! Nessa noite eu fui dormir chorando nos braços do Lucas! Chorando de dor, de medo que aquilo não fosse melhorar, de medo de estar fazendo tudo errado, medo de ter estragado meu sonho de amamentar por ter ignorado minha sensação anterior…!
Acontece que eu sou péssima pra pedir ajuda e o pessoal aqui teve que insistir pra que eu ligasse no “Centro de Aleitamento” da maternidade pra marcar horário pra consultoria… Liguei uns 3 dias e nunca ninguém atendeu (sempre lembrava de ligar na hora do almoço, oh o inconsciente me boicotando…rs)
Os dias foram passando e a ferida piorando…peguei dicas com amigas de como melhorar (volto pra falar disso!), lia muito no grupo do facebook, mas como eu não sabia exatamente o que estava fazendo errado, não conseguia arrumar…!
Além disso ainda estava confusa com a questão do “revezamento de seios” (quando dar um e quando dar o outro), continuava ferindo em cima das feridas, enfim, uma confusão…!!
E foi aí que duas postagens da Chris Nicklas na página do “Amamentar é…” nos salvaram!!! Tanto, mas tanto, que serei eternamente grata a esse site e à Cris, que faz esse trabalho tão bacana – e dá pra notar – com tanto carinho!!
Primeiro foi essa: http://www.amamentareh.com.br/tempo-da-mamada/ Já tinha visto mil vezes os vídeos com as entrevistas da Dra. Ana Heloisa, mais de uma vez cada um (e continuo vendo! Hoje mesmo, aliás, meu marido disse que já não aguenta mais ouvir a voz dela! hahahaha) mas justo esse ainda não tinha visto… e não consigo nem explicar o quão fundamental ele foi pra eu me entender de uma vez por todas sobre essa história do tempo das mamadas, de qual peito dar, etc… Fora a dica preciosa sobre apoiar o peito durante toda a mamada e corrigir, sim, sempre que necessário a pega da bebê!
Depois veio esse vídeo:
Ele não me chamou atenção especificamente, mas eu assisti porque sempre via as postagens da Chris e esses 27 segundos me deram um click! Nunca tinha pensado que a Cecília fosse “um bebê resistente”, mas sim, eu já sabia desde os primeiros dias que o “bocão” dela não estava sendo suficiente, só não tinha me dado conta conscientemente!rs Consegui então inventar um novo jeito de colocá-la pra mamar – difícil de explicar, mas inverti as mãos pra conseguir sozinha apoiar a cabeça e o peito e trazê-la pro peito como fazem nesse vídeo, de maneira bem acertiva – e como num passe de mágica as mamadas (no peito menos machucado) pararam de doer! Juro, como num passe de mágica!!!
Faltava ainda resolver o machucado do outro mamilo… e foi mais simples do que eu imaginava: fiquei pouco mais de 24 horas sem amamentar nele (esvaziava sempre, ordenhando com a mão ou, quando conseguia, com a bombinha, mesmo), deixei tomar ar e sol e quando voltei, já com essa nova maneira de oferecer o mamá, a ferida conseguiu terminar de cicatrizar sem abrir de novo!
E assim nos acertamos de vez!! Claro que depois vieram outras pequenas coisas, tipo a alergia, os dentes – com novas feridas e novas necessidades de ajuste de pega…mas desde então eu já me sentia muito mais segura, sentia que tinha conseguido levar a teoria pra prática e sabia que assim conseguiríamos ter sucesso na empreitada!
😉
(Esse texto ficou enorme e um pouco confuso, porque se trata de uma experiência muito emocional…mas relendo antes de postar percebo que ele precisa ter um PS. importantíssimo: Se alguma mãe amamentando estiver lendo isso aqui e passando por problemas na amamentação, PROCURE AJUDA!!! Sério!!! O Brasil tá cheio de Bancos de Leite ótimos e Consultoras de Amamentação muito bacanas que podem ajudar demais!!! Eu dei sorte de me resolver antes de conseguir a ajuda necessária, mas se tivesse continuado com dor e dificuldade, meu inconsciente que me desculpe, eu teria, sim, ido atrás de profissionais no assunto pra uma consultoria pessoalmente!) Não vale a pena correr o risco, não é?!
O que eu aprendi nesses 6 meses é que amamentação depende de quase tanto do empoderamento materno quanto o parto (eu disse ‘quase’!)
A gente cresce achando que amamentar é natural, no sentido de que é só plugar o bebê ali e pronto!, ele mamará feliz e ficará satisfeito! Só que não é bem assim! Amamentação é aprendizado, é relacionamento – e cada dupla mãe-bebê tem que aprender a se relacionar assim!
O bebê nem sempre nasce sabendo mamar da maneira correta – Se não tiver nascido muito prematuro, o reflexo da sucção ele tem, claro, mas isso não quer dizer que ele saiba mamar de maneira eficiente… Como a mãe nem sempre sabe amamentar direitinho…
É preciso paciência, é preciso que se ensine e que se aprenda – muitas vezes é necessário que se tenha uma ajuda externa mesmo…
Mas ao mesmo tempo, amamentar É natural! Eu realmente acredito que a grande maioria das mães é capaz de amamentar (como a grande maioria é capaz de parir, mesmo não sabendo disso)!
E além do aprendizado (ou só com o aprendizado!), a amamentação depende do correto funcionamento dos hormônios ali, naquela bat-hora, naquele bat-canal! Depende da prolactina e da ocitocina (olha ela aí de novo!!) sendo excretadas no momento da mamada pra que o leite possa ser produzido e ejetado (por cada hormônio desses, respectivamente)!
E justamente o que torna a coisa tão incrível é o que a torna tão frágil, eu mesma ja vivi mais de uma vez na pele e posso testemunhar: se há algum stress ou algum nervoso maior, o corpo da mãe passa a excretar adrenalina (grande inibidora de ocitocina!) e o leite que estava ali jorrando lindamente, puf!, some! Some mesmo, é uma questão de instinto de preservação, gente – mamíferos não se alimentam e não alimentam suas crias em “situações de perigo”!
É preciso – especialmente no comecinho – que a mãe esteja tranqüila, num ambiente em que se sinta bem, babando e lambendo a cria pra que o bebê também possa estar tranquilo e então os dois se conectem como é necessário e a amamentação aconteça! Além disso é preciso que o bebê mame sempre, estimulando o peito e garantindo que haja produção – “peito não é estoque, é fábrica”, dizem sempre as especialistas no tema!
E o processo é frágil porque rapidinho vira uma bola de neve: uma mãe muito cansada, que ainda não conseguiu se acertar com a amamentação e está com os mamilos feridos, um bebê que sente o nervoso da mãe e fica nervoso por tabela, chora bastante, não se acalma pra pegar o peito como deve… Enfim, a coisa não flui, claro…o bebê não mama como deveria, e logo aparece alguém de fora pra dizer que aquele choro é fome, ou um pediatra pra pesar e fazer careta…
E aquela mãe, que está cansada e insegura vai ficando com medo, mais insegura, descrente de si, desesperada pra ver sair alguma gota de leite do próprio peito…e aí não há como esperar que o sistema de liberação de hormônios + produção de leite funcione, né?!
Só que o fulano que te disse que seu filho ta com fome não vai te explicar tudo isso e vai ter um montão de gente pra te indicar leites artificiais pra “acalmar” seu bebê – e acalma, não tenho dúvidas!
E é aí que a tendência é a bola de neve virar avalanche: quanto mais mamadeira o bebê toma, menos no peito ele fica, menos estímulo o corpo da mãe recebe, menos leite ela produzirá, de mais mamadeiras o bebê precisará…… Deu pra entender, né?!?
E é por isso que eu digo que amamentação depende de empoderamento: a mãe precisa querer e precisar saber que “só” querer não basta!!! É por isso, aliás, que eu acho que a via de parto está muito associada ao sucesso ou não da amamentação: eu acho que mulheres que passam pela luta necessária atualmente pra parir aprendem a confiar em seus próprios corpos e na natureza; aprendem a buscar informações em fontes confiáveis; aprendem a não escutar a primeira dificuldade que aparece (ou o diabinho no ombro que aparece junto com ela) e aprendem a buscar soluções alternativas – tanto quanto aprendem a reconhecer quando é necessário pedir ajuda e ainda a recorrer ao “menos natural”, porém às vezes indispensável, como seria uma cesárea ou um leite artificial…
(Isso não quer dizer, é óbvio, que uma mãe que passa por uma cesárea não seja plenamente capaz de passar pelo mesmo processo de aprendizado sobre aleitamento e/ou amamentar satisfatoriamente!!)
Mas, repito, ter todas as informações não garante sucesso absoluto, só é um começo com um pouco mais de garantias e segurança, né?!
Afinal, a teoria é sempre mais fácil e simples do que a prática, mas a prática é muito mais possível quando temos uma boa bagagem de teoria!!!
***Ps. importante: grande parte das informações postadas aqui no blog sobre o tema da amamentação eu aprendi no “Grupo Virtual de Amamentação” (do facebook) e no site “Amamentar é…“, que eu adoro!
Por enquanto os deixo citados como fonte e recomendação, mas faço questão de depois voltar e contar “minha relação” com essas páginas!
Ah!!! Quer saber porque eu resolvi falar de tudo isso?
Oh: