Espelho público

Depois de muito me trombar no instagram profissional, tentando fazer um perfil decente e que desse conta de tudo aquilo que o algoritmo parece querer da gente – pra mil vezes seguidas me sentir incapaz, abandonar a tarefa e sumir de lá, a ponto de as pessoas nem saberem se eu sigo atendendo como doula ou não – acho que cheguei em uma forma de manter a coisa minimamente viva, funcionando bem pra mim.

O caminho que tem dado certo é o de gravar pequenos vídeos com pensamentos, reflexões, dicas, etc.

Só que não é nada simples ficar convivendo com a minha própria cara publicada na internet, sabe?!

Eu lido diariamente com mulheres que assistem seus corpos se transformarem bruscamente e que vivem, da forma que podem, alterações importantes na auto-imagem, auto-estima, etc.

Se antes de ser doula, eu já considerava um ato político expor minha cara lavada por aí, agora isso também passa por questões de empatia, de maternidade, de escolhas privadas e compartilhadas…

É quase uma experiência (auto) sociológica ficar satisfeita com o que estou dizendo (e compartilhando), gostar da forma como falo para a câmera e estar tão, tão consciente (negativamente!) das espinhas aparecendo, das olheiras enormes, do olho maior que o outro, etc, etc, etc…

Todas as vezes teu gravo vários vídeos, tenho vontade de apagar todos, às vezes penso em passar uma maquiagem antes de gravar, outras questiono a tal decisão de me expor assim.

E todas elas eu escolho publicar. Não sem frio na barriga, sem uma balançada na auto-estima…

Eu queria sentir orgulho da minha imagem como sinto da fala – e até como sinto da escolha de publicar assim. Ainda não cheguei nesse ponto, mas sigo reafirmando, como um certo ato minúsculo de rebeldia, que me recuso a me dobrar aos padrões irreais que – ainda e sempre – esmagam as mulheres por aí…

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