“Te escrevo mais uma carta de amor”

“Filha:

Faz tempo que não te escrevo uma carta…

Hoje você faz 10 anos e acho que pela primeira vez consegui te dizer com palavras a lista enorme das coisas lindas que desejo pra sua vida! Talvez você ainda não as compreenda completamente, mas que sensação gostosa é dizer em voz alta as coisas que há anos registro em cartas nesse blog!

Depois do boa noite, você disparou uma conversa existencial sobre vida e morte, presente e futuro, vontade e responsabilidade e mais um montão de coisas que nos levavam a concluir que crescer é muito complexo!

Eu pude te dizer do orgulho e da honra que é assistir essa belezura acontecendo. Pude agradecer a confiança e me colocar a disposição.

Em voz alta, pra você ouvir, repeti promessas que te faço desde antes de você existir. Essas que não quero que você esqueça e que guiam todas as minhas escolhas e (sempre que possível) minhas reações nas interações mais difíceis com você.

Mas fica aqui o registro por escrito também: Compartilhar a vida com você, Cecília, é precioso demais e eu prometo fazer jus a esse lugar especial que você (ainda) me permite ocupar.

Conhecer suas humanidades e imperfeições me permite abraçar as minhas também. Amar TODOS os seus pedacinhos me ensina sobre a potência do amor. Assistir você descobrindo lugares diversos no mundo, me lembra que o lá fora é meu também.

Então é assim, meio esburacada, que me ofereço inteira.

Sempre. Pra sempre.

Há dez anos e por quantos mais nós tivermos.

Feliz aniversário, meu amor!”

Uma década

Hoje é 23 de janeiro de 2024.

Há 10 anos eu terminava meu dia em um passeio com a Maní, sozinha, curtindo a brisa fresca do entardecer ainda claro.

Foi descendo a Avenida Providência, quase chegando no Clube, que senti uma dor esquisita na costela esquerda. Uma repuxada que acendeu meus alertas e marcou meu cérebro a ponto de eu me lembrar até da luz daquele momento. Cecília vinha chegando.

Voltei pra uma casa agitada, onde recebíamos amigos queridos para uma “noitada de RPG”.

A Sil, minha doula e melhor amiga, já tinha chegado do Brasil. As malas estavam prontas, o médico havia voltado de férias.

Estava tudo certo. Cecília já podia vir.

Eu brinquei que ela escolher aquela noite de jogatina pra sua chegada seria como carimbar “nerd” na própria testa. E foi essa noite que ela escolheu.

Ou melhor, a madrugada em que a noite se emendou foi sua escolha… foi ali que tudo começou.

Já era dia 24 há umas 3 horas quando acordei sentindo as primeiras contrações. E já estávamos na 18a hora do dia quando minha Chinchila chegou.

Minha memória tem tantos, tantos detalhes desse dia…

É muito louco retomar esse relato daqui do futuro, 10 anos depois.

Eu era loucamente apaixonada pela Maní e, enquanto ela não desgrudava de mim durante o trabalho de parto, eu pensava o quanto queria muito que ela vivesse o suficiente pra ser parte da vida e das memórias da minha filha. Uma década depois, o coração se enche de alegria por saber que minha amendoinzinha ainda é parte importante da nossa família!

O parto da Cecília, que eu tanto sonhei e desejei, segue sendo uma das experiências mais incríveis e lindas que já vivi.

O Lucas, parceiro de planos e ações e contrações, meu lar no mundo, pai babão da pacotinha que vinha chegando, segue sendo minha dupla nas aventuras da vida.

Mesmo tantos anos longe dos países hispânicos, meu português segue sendo um portunhol meio bagunçado – como pode-se notar em todos os “segue” dessa lista… hahaha

Esse blog, apesar de ser velho, ultrapassado e bastante abandonado, continua sendo meu refúgio…

Cecília não é mais um desejo, um plano, um sonho… é uma pessoa inteirinha. Há dez anos, alías.

Que coisa linda é assistir aquela bolinha de gente crescer, se descobrir, se tornar ela mesma!

O carimbo de nerd na testa eu até acho que ainda tem validade, mas a parte que mais me encanta (e desafia, talvez) nesses anos de maternidade é a percepção constante de que a Cecília é a Cecília. Ela não é uma projeção, uma idealização, uma massa a ser moldada. Ela não é o que eu gostaria que ela fosse. Ela não é contrário disso também. Não é perfeita, não é (só) impressionante, só difícil… não é o resultado absoluto dos meus esforços, não é espelho dos meus erros ou acertos. Ela não é minha.

Ela é só – e completamente – um ser humano (ainda em formação) dela mesma.

E eu tenho a honra de caminhar ao lado dela – ou embaixo dela, porque ela ainda ama estar em cima de mim hahaha.

Dez anos inteiros de assistir uma vida se fazer, é muita coisa – mas é tão pouco comparado aos meus muito mais do que isso… rs

Uma década é tempo o suficiente pra ela estar também se percebendo, se conhecendo, escolhendo seus caminhos… se aproximando de novas fases…

Em algumas horas fará 10 anos que eu recebi em meu colo aquele pacotinho quente e úmido.

Há 10 anos que eu tenho dificuldade de acreditar que um negócio tão incrível assim é real.

Surreal, aliás, é a palavra que tomou conta da minha cabeça e do meu coração há 10 anos.

Ainda que a cada dia, a cada hora, a realidade e concretude da vida com a Cecília me assombre e encante, é surreal pensar no tamanho da sorte que tenho.

Há 10 anos.

(o relato de 10 anos atrás pode ser lido nesse link )

“De coisas naturais”

Prestes a completar um ano inteiro de chegada a São Paulo, tomada por reflexões sobre esse retorno com tanta cara de novo começo e sobre o longo caminho que tem sido a adaptação aqui, hoje fiz uma pausa.

Hoje olhei pra trás e fiz a homenagem, já há tanto planejada, para os dois anos que vivemos na Espanha:

Lá eu entendi que a vida é feita de ciclos, dentro e fora. Inverno, Primavera, Verão e Outono. Dentro e fora.

De começo, meio e fim. E (re) começo.

Quantos forem necessários.

Lá eu me apaixonei pelas roseiras com que cada primavera me presenteava, me diverti com a pouca neve e o muito frio dos longos invernos, reforcei meu amor pelo outono com seu céu de azul tão profundo e aprendi a me deliciar com as cerejas maravilhosas daqueles verões que beiravam o insuportável! rs

Aprendi a viver cada temporada com intensidade e a esperar sempre ansiosa pela próxima.

Dentro e fora.

O inverno pra se guardar, a primavera pra florescer, o verão pra se derreter e o outono pra se preparar.

Dentro e fora.

Experiências.

Ciclos.

Paixões.

Saudades e ansiedades.

O novo, o velho, o de novo.

Over and over and over…

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“You’re shaking my confidence daily”

Então que no dia 24/01 dona Chinchila completou 4 aninhos de vida!

E eu que fiquei esperando o texto perfeito chegar, acabei não escrevendo nada…

Tá delicioso DEMAIS acompanhar a minha menina se tornar cada dia mais menina!

Ela tá tão crescida, tão moça… parceira, conversadeira, boa de papo, solta, cheia de amigos e amigas, suas relações próprias, externas a nós, nos fazendo babar com sua imaginação admirável, adorando nos ajudar em tudo e ser a irmã mais velha!

Mas ainda tem seus momentos de oscilação e de vontade de voltar a ser a bebê da casa… aí haja manha, haja bagunça pra conseguir nossa atenção… e haja paciência, né?!

Os 3 anos foram bem difíceis por aqui! Foi uma fase de muita mudança – das mais concretas até as mais subjetivas – e, claro, ela sentiu e expressou!

E eu também! rs

Os 4 anos chegam com cada vez menos dessas oscilações aí de cima, cada dia um pouquinho mais fácil que o anterior… e eu me pego voltando a babar muito nas deliciosidades dela! Ufa!! Que gostoso também esse reencontro!!

Te amo tanto, tanto minha bichinha! Feliz aniversário por escrito atrasado!

Que você continue deliciosa e terrível! E que precise e queira os meus abraços pra dormir melhor por muuuuuuitooooo tempo ainda!

“Deixar o teu amor crescer e ser muito tranquilo” – 18 meses

Filho:

Ontem você completou 1 ano e meio de vida aqui fora!

E nesses últimos tempos você anda tão crescido! Chegou na fase de buscar (e às vezes exigir! rs) autonomia: quer se trocar sozinho, comer sozinho, se lavar, tomar água e o que mais puder fazer sem ajuda!

Tem sido tão delicioso acompanhar!!

Aliás, assim como aconteceu com a Cecília, meio sem perceber estou parando de te chamar (tanto! hehehe) de “meu bebê”, como sempre chamei… aos meus olhos – e seus ouvidos – você tem se tornado o “Seu Menininho”.

E ao mesmo tempo que o coração aperta de saudade prévia e o pulmão suspira num certo alívio, o cérebro fica perdido, sem saber o que pensar desse tempo ma-lu-co que tá voando demais!

Você, Meu Menino, tá ficando bravo, mas continua me ensinando TANTO sobre leveza que eu só posso mesmo observar e aprender! Com seu sorriso tão fácil e presente, seu abraço apertado acompanhado de tapinha nas costas, sua mãozinha pronta pra cumprimentar entusiasmada qualquer um que te olhe… essa simpatia tão enorme e tão sua! São verdadeiras lições pra todos aqui de casa!

Que honra poder ser sua aprendiz, filho! Obrigada!

E que flutuemos juntos infinitamente, meu amor! ❤

 

18 meses

O melhor garoto propaganda que essa empresa já viu! rs

 

“Brilhar, brilhar, acontecer, brilhar”

 Hoje meu pocaria faz UM ANINHO!!!!

Hoje faz um ano que eu derreti de calor e um segundo depois tremi de frio – e que tremi de medo e derreti de amor!

 Que dancei até minhas pernas pedirem água – literalmente. 

Que precisei chorar de medo para poder, enfim, chorar de felicidade.

Que gargalhei ao sentir minha força doer em forma de expulsivo. 
Um ano que, mesmo com medo, me entreguei completamente a você.

Hoje faz um ano que você chegou e eu conheci a intensidade absurda do amor mais leve que já vivi!!!! 

Obrigada por isso tudo, gostosura meu!!! Feliz primeiro aniversário, bebê delícia!!!

“Deixar o teu amor crescer e ser muito tranquilo” – 11 meses

Então que aquele ratinho magrelo não para de crescer, o tempo não para de correr e a vida não tá dando muita pausa pra respiros e observações por aqui.

E é assim que hoje comemoramos 11 meses do “Meu Pocaria” com a gente nesse mundão!

Não, você não leu errado! 11 meses! Sim, sim…quase um ano! 

E acho que não tô sabendo ainda lidar com isso… hahaha

Vem acontecendo desde a chegada dele: parece que eu não vejo o tempo passar, de repente sou atropelada pela percepção de que ele já não é recém-nascido, ou que já senta, já come, já quase anda, fala umas coisinhas… 

Deve ser uma forma de negação, não é possível! Hahahaha

Mas não dá adianta negar, logo menos ele – ou a Cecília por ele – estará apagando suas primeiras velinhas! 

Meu menino figura! Fofolento até não poder mais! Meu menino sorriso! Meu pequeno emanador de amor e paz! Meu coisinho que demorou meeeeses pra entrar na tal angústia de separação, meeeeeses sendo um pequeno Buda de pura tranquilidade, que agora fica bravo, briga, reclama, grita…Que é claríssimo ao demonstrar o que quer e o que não quer!

Tá aqui, todo grandão… mas também todo bebê chamego apaixonante, como sempre!

Há 11 meses:

E, olha, não querendo me justificar, mas…. rsrs 

Se eu tivesse escrito o post de 10 meses na data certa estaria escrevendo sobre um bebê, se tivesse escrito uma semana depois, já seria outro! Aí como atrasei, me perdi um pouco do que pretendia escrever e o negócio acabou que não saiu..rs

Mas teve registro dos 10 meses, sim:


Fui rever essas fotos hoje pra postar e morri de rir com esse cabelo re-dí-cu-lo alisado e descolorido… super garoto-surfista! Hahahaha

E deixa eu aproveitar o post pagador de dívidas pra contar uma das novidades prometidas num longíquo texto:

Mudamos outra vez! Com muitas lágrimas e de coração apertado e repleto, deixamos a Espanha e voltamos pra São Paulo! Muito felizes com a decisão também!

Faz menos de uma semana que estamos por aqui, a vida tá uma bagunça enorme e cheia de pendências, mas logo venho contar melhor essa história!

Por hoje é isso…

Beijos!

“Deixar o seu amor crescer e ser muito tranquilo” – 9 meses

Dante,

 

Sempre ouvi por aí do medo que as mães têm, em uma segunda gravidez, de não amar o segundo bebê como já amam ao primeiro filho…
Mas quero te contar: nunca tive esse medo, meu amor!

E olha que eu vivi meses de muitos medos enquanto te esperava.. Muitos mesmo! Alguns tolos, outros, descobri depois, justificados, alguns bem assustadores…

Mas, sei lá, eu sempre soube que te amaria um tantão!
Eu já conhecia o amor materno, já o vivenciava com força todos os dias, já conhecia todos os seus lados (mesmo os menos bonitos), então eu sabia que quando você chegasse meu coração seria seu também!

O que eu não sabia, filho, é que era você que ia chegar…
Você, pessoinha do riso mais fácil do mundo, do olhar mais doce, do abraço mais apertado, da presença mais amável, do espírito aventureiro, bagunceiro, tranquilo, gostooooso que só ..!

Eu sabia que te amaria, filho, mas antes de te conhecer eu juro que não sabia que seria completamente louca e apaixonada por você!

E agora que você já está mais tempo no mundo aqui fora do que esteve aqui dentro de mim, sou grata, meu delício, por ter vindo você! Sou grata por você ser você!
Obrigada!!!

 

9 meses

(sem querer, com a mesma roupa do mês passado…ops!)

 

Te amo, porcaria!

 

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38 semanas + 4 dias dentro e fora

 

 

“Deixar o seu amor crescer e ser muito tranquilo” – 8 meses

8 meses do meu bombomzinho delicioso!!!

Meu explorador, bagunceiro, chameguento, esfomeado, risonho, doce até o último fio de cabelo!!!

8 meses!
Que sorte a nossa ele ter vindo pra transformar e completar tudo por aqui! 

Não canso de repetir: que sorte a nossa!!!!


E falando em sorte, devo ter nascido com um trevo de  4 folhas tatuado no braço, porque, olha…