“O tempo comandando o seu destino”

Essa semana eu vi um meNino nascer.

Eu abracei um amigo e senti – mais forte do que nunca – uma conexão incrível com ele: como numa dança, rodopiávamos uma mãe pelo palco que era só dela.

Eu vi a minha Silvinha ser super Silvia, ser leoa, ser exausta, ser a pessoa mais forte que já presenciei! E mais linda e mais Mulher do que nunca! A vi ser Mãe!

Senti, vi, toquei o amor. Dos dois. Dos três!
(Até dos quatro, ouso dizer, porque ainda que ficando no meu canto, eu sentia um puro amor por aqueles três!)

Torci, cansei, chorei, cantei… e esperei!
Com a maior confiança que conheço nessa vida, esperei!

Disse pra ela do fundo do meu coração: "é o tempo que você e ele precisam! você está sendo incrível! Que coisa linda vocês estão fazendo!
Ele está chegando!"

Apostei no dia 11 e ganhei!

Vi o Nino querendo chegar de mansinho e não pude conter as lágrimas!

Em seguida, vi o Nino estrear inteiro, de corpo e alma, no Tempo dele, pra então dividir o palco com a mãe!
E senti uma das maiores emoções dessa vida!

Que honra! Que alegria!
Quanta oxitocina!
Quanta gratidão!!!

E aí ainda pude ver mais força e mais amor!!! E mais e mais e mais!

Já faz 3 dias e ainda estou inebriada!

À eles três só posso agradecer e desejar que aquele amor que eu respirei por tantas horas continue sendo o oxigênio da família!

E aos que estiveram com os meus pequenos pra que eu pudesse viver esse dia tão especial: minha eterna gratidão!

Ao Nino, faço questão, deixo aqui um recado: você não podia ter uma família mais especial, meu pequeno! Veio temperado de tanta coisa linda que só de olhar pra você dá pra sentir pulsar a força desse amor!

A palavra Gratidão nunca tinha feito tanto sentido pra mim quanto agora…

Que delícia!!!

“Brilhar, brilhar, acontecer, brilhar”

 Hoje meu pocaria faz UM ANINHO!!!!

Hoje faz um ano que eu derreti de calor e um segundo depois tremi de frio – e que tremi de medo e derreti de amor!

 Que dancei até minhas pernas pedirem água – literalmente. 

Que precisei chorar de medo para poder, enfim, chorar de felicidade.

Que gargalhei ao sentir minha força doer em forma de expulsivo. 
Um ano que, mesmo com medo, me entreguei completamente a você.

Hoje faz um ano que você chegou e eu conheci a intensidade absurda do amor mais leve que já vivi!!!! 

Obrigada por isso tudo, gostosura meu!!! Feliz primeiro aniversário, bebê delícia!!!

“Um brilho cego de paixão e fé” (parte 4)

(começa aqui)

Talvez porque eu já tivesse um carinho por aquela sala, não sei, mas, nossa, eu me sentia bem naquele lugar! Coloquei minha música, arrumei minhas coisinhas pra comer e beber, fucei em tudo que me deu curiosidade – tava divertido, tipo chegar num quarto novo de hotel bacana…não fosse o nariz entupido, a tosse e…ah! o trabalho de parto! Hehehe
Descemos pra lá era perto das 00:30h. Nesse ponto o Lucas já estava cuidando do aplicativo das contrações, então nem me lembro mais que ritmo elas tinham, mas sei que já tinham ritmo de TP mesmo!  E me faziam me mexer mais cada vez que vinham! Me mexia embalada pelas minhas músicas – aos olhos da equipe, eu dançava…rs

Logo que chegamos no quarto fizemos um cardiotoco – sem fio, então eu podia me mover pelo espaço (e tirar tudo do lugar, e fazer o Lucas ir avisar a matrona que “tá saindo!” E ela vir correndo achando que era o bebê e não os sensores!!! Hahahahahaha)
Kamilla (obstetra) e Ann-Shopie (matrona) ficavam na salinha delas, em frente ao quarto. De vez em quando Ann-Shophie vinha dar uma olhada e tchau..

A Eva tava animada, nós também! Conversávamos, riamos, comíamos (eles os chocolates, eu MUITA cereja!!)

 

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Estava também cansada pelo dia normal e inteiro que tinha tido, então às vezes tentava deitar pra descansar, mas além de estar muito empolgada pra dormir, as contrações não me deixavam ficar parada – eu sempre tinha que levantar quando uma vinha.

 

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Não sei exatamente que horas eram quando fomos pro segundo cardiotoco, mas nesse momento a Ann-Shopie me pediu pra ficar direto com os monitores (antes o plano era controle intermitente), não lembro de ela ter explicado detalhes, mas ok, confiei que se elas acharam importante monitorar mais de perto, melhor ficar com o negócio apertando a barriga mesmo!

 

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Eu e o Lucas íamos notando e comentando as semelhanças daquele parto com o da Cecília . Segundo ele, era tudo muito igual. Os tempos, as minhas reações, as mudanças, etc. Por isso, estávamos esperando a bolsa estourar “pro bicho começar a pegar”!! 🙂

 

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Por volta de 2:30 a Ann-Shopie  me pediu pra fazer um exame de toque pra ver como tinha evoluído. Eu não quis e ela ficou de vir perguntar de novo dali 1h.

Achei que era muito cedo pra já fazer outro toque – o primeiro tinha sido na chegada, por volta das 22h, mas eu não tinha ideia de que já estávamos no meio da madrugada…

 

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Eu tava lá, comendo, dançando, tossindo, tomando água, contraindo…vivendo cada contração e cada intervalo, sem me dar conta do tempo que passava… Mas ao receber a proposta/pedido novamente, percebi que já eram mais de 3h da manhã e topei o toque – cheguei a sugerir que não me contassem com quantos cm estava, mas depois achei que ficaria ainda mais curiosa e ansiosa se eles soubessem e eu não..rs

Quando a Ann-Shopie anunciou a constatação dos 7cm a Kamilla ficou realmente surpresa!rs

Ela disse:” a gente tá lá te ouvindo falar e rir e dançar… Estávamos preocupadas que você não estivesse ‘de parto’ de verdade”! Hahahaha

 

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Eu tossia tanto e respirava tanto pela boca que minha garganta estava constantemente seca, o que me fazia espirrar própolis toda hora e tomar muita água, o que me fazia, literalmente, ter que ir fazer xixi depois de cada contração… Era um saco!! rs
As horas iam passando e meu ânimo parece que ia aumentando.. Eu via o Lucas e a Eva com muito sono, sentia o cansaço nas pernas, mas estava na maior empolgação! Descansava as pernas sentando na bola de pilates, porque era mais fácil pra levantar quando a contração vinha.

Em algum momento decidi tentar deitar pra descansar de verdade, mesmo que não conseguisse dormir. Mas a Ann-Shopie logo entrou no quarto e pediu pra que eu me levantasse e tomasse água, pra “dar uma acordada no bebê”. Entendi o recado de que ficar deitada não tava legal pros batimentos cardíacos do Dante e não deitei mais!

A movimentação toda me dava um calor danado. Como já estávamos no meio da madrugada o ar lá fora já estava fresco, então além de aumentar o ar condicionado, abri também as janelas e curti muuuito o vento que entrava! Só me dei conta de que eu era a única que sentia o tal calor quando a Ann-Shopie entrou no quarto e comentou “nossa, que fresco aqui”, aí vi que a Eva e o Lucas estavam encolhidos e tentando se cobrir com o que encontravam por perto… Hahahaha

Nesse processo, claro, as dores foram ficando mais fortes. Eu já tinha tentando outras alternativas pra lidar com elas, como abaixar (algo que me ajudou muito no parto da Cecília) mas nada era melhor do que o movimento… Eu já dançava muito mais forte e rápido e tinha que respirar muito mais fundo!

 

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Me sugeriram a banheira e eu não quis, tanto porque achei que não conseguiria me mexer nela, quanto porque tava com calor DEMAIS pra pensar em “alívio na água quente”!
Em uma das (mil) idas ao banheiro, quando fiquei sozinha notei que tava sentindo uma angústia, um aperto no peito. Saí do banheiro direto pro abraço do Lucas. Precisava soltar a tal angústia e sabia que ali era o melhor lugar pra isso.

 

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Chorei. De realinhamento outra vez.

Chorei por todas as mudanças que eu sabia que estavam chegando. Chorei de luto pela vida que estava ficando pra trás. Chorei de emoção pela vida que nos esperava na frente. Chorei e me liberei. Pude então dizer pro Dante que ele já podia vir, que eu já tava “limpa” e pronta pra ele. Coloquei (ou já tinha colocado?) a playlist que fiz pro parto e ouvi emocionada o nosso hino!
Conforme a coisa foi apertando, o que eu PRECISAVA em cada contração era da mão do Lucas. Se ele estava longe ou distraído eu ia de braço esticado, quase correndo até ele quando sentia uma chegando. Apertava a mão dele forte e o fazia balançar comigo até passar!
Notando essa evolução a Ann-Shopie foi ligar o aquecedor de toalhas (“se é pra nascer num quarto tão frio, pelo menos que ele tenha toalhas quentes”, ela disse hahahaha) e já começou a arrumar umas mesas com coisas necessárias pro parto ali por perto.
Já era mais de 5h da manhã quando, além das dores estarem bem fortes, me bateu um super sono. Às vezes eu pensava que queria que acabasse logo pra eu poder dormir. Outras eu pensava que podia dar uma estacionada no progresso pra eu conseguir descansar antes da hora P. rs

 

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Minhas pernas eram as que mais sentiam o cansaço, afinal, estavam há horas me fazendo dançar…

Lembro com perfeição de quando olhei pra banheira e pensei “hmmm… Não custa tentar, ne?!”

Lucas foi chamar a Ann-Shopie e a Kamilla veio junto. A matrona rapidamente encheu a banheira e os dois me ajudaram a entrar. Lá dentro vi o tanto que teria que abaixar pra chegar no assento e brinquei que ia ficar de pé, só “fazendo escalda pés” (hahahaha), porque todas as outras vezes em que eu tinha tentado abaixar a contração tinha doído muito mais. A Ann-shopie me mostrou que um dos lados era mais alto, então comecei a abaixar e apoiar por ali. Nesse processo tive uma contração bem dolorida, mas logo que me ajeitei na banheira, senti o tal do famoso alívio que a água proporciona! Também nesse processo senti o que imagino ser os tais luxos involuntários – disse pro Lucas “acho que eu to fazendo força !!” rs

 

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A princípio eu ainda tinha muito calor, então pedia mais água fria. Assim fui me ajeitando, encontrando uma forma de me mexer e dançar ali dentro, meio deitada mesmo e relaxei! Muito!! E eu decidi que, contrariando as minhas expectativas, dali eu não sairia mais! Nessa de relaxar parei de fazer força e comecei a sentir muito frio, tremia e isso me fazia sentir mais a contração…

Enquanto a Ann-Shopie esquentava a água, o Lucas ia me molhando nas partes que estavam de fora da água e mais frias.. A Kamilla sugeriu que eu fizesse força pra ver se sentia alívio e senti!! Ela ofereceu fazer um toque pra ver se já dava pra empurrar efetivamente  e eu topei; então ela logo liberou “empurra o tanto que voce sentir vontade, que ele nasce!”

Lembro que eu planejava apoiar os pés nos cantos na banheira pra “empurrar melhor”, mas a cada contração e força eu sem querer trazia a perna em direção ao tronco. Era super eficiente e automático! Incrível! Além disso, se eu prendia a respiração pra empurrar, a Ann-Shopie discretamente me guiava numa vocalização de “aaaahhh” e era reconfortante fazer junto com ela,  o que garantia que eu soltasse ar junto com a força e não ficasse sem respirar!

Foram umas 4 contrações empurrando, mas em cada uma eu conseguia fazer várias forças, porque elas duravam meio que bastante.  O Dante já estava bem baixo e quando eu empurrava sentia pressão no períneo.  Em determinado momento fui com as mãos tímidas e curiosas em direção a minha vagina, a Kamilla percebeu e sugeriu que eu tocasse pra sentir o bebê, o que eu fiz e  achei incrível! Aí ela disse “faz isso na próxima contração”…

Fiz! E foi a coisa mais maravilhosa!! Senti a cabecinha dele descendo e eu controlando!!  Foi tão incrivelmente legal que dei uma gargalhada na hora – sim, no meio de uma contração de expulsivo! – e todo mundo começou a rir junto!

 

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Momento devida e lindamente registrado! ❤

E esse momento pra mim foi muito simbólico! Poder sentir nas minha mãos o que a gente tava fazendo. Com a minha consciência. A minha felicidade. A minha satisfação. A nossa conquista – que eu pude sentir tão próxima! E em tão boa companhia! Num clima gostoso de cumplicidade!
(Desde que entrei na banheira a cada contração a Ann-Shopie ficava com o monitor procurando o coração do Dante. Dava pra notar que ela tinha uma certa dificuldade, até pediram pra abaixar um pouco a música que continuava me embalando… Mas eu não senti nenhuma tensão da parte delas… O Lucas disse depois que sentiu, disse que, em alemão  a Kamilla perguntou algumas vezes do celular da Ann-Shopie e ele achava que era pro caso de precisarem pedir uma ajuda de emergência. Mas como eu nem reparei e não precisamos de nada, isso pra mim não fez diferença! rs)

Acho que na contração seguinte àquela em que eu senti o Dante, ele começou a coroar. E aí, minhas amigas, eu senti o famoso “círculo de fogo”!!! E, nossa… dói!!! Acho que mais que uma contração em si, sei lá.. Dói tanto que fiquei me perguntando onde raios eu estava no parto da Cecília pra não ter sentido isso! rs

A primeira reação ao sentir aquilo foi inibir a força, trazer o bebê “de volta pra dentro” e reclamar que tava doendo muito! Mas a Kamilla foi me incentivando e a Ann-Shopie me guiando na vocalização, ambas me deram ânimo pra empurrar apesar da dor (sim, nesse momento, e somente nele!, eu briguei com a dor)! A tal vocalização virou quase um grito e era muito impressionante porque aquilo realmente me dava a sensação de que a força (tanto quanto o grito) estava vindo de dentro.. Difícil explicar, mas era muito diferente da força mecânica que eu fiz no parto da Cecília… Acho que é a tal da força animal que a gente lê nos relatos de parto por aí.. Que coisa linda e forte de sentir!!

Não consegui me lembrar de abrir os olhos – acho que justamente porque eu estava lá dentro de mim, encontrando a tal força – mas minhas mãos  estavam de prontidão, protegendo o períneo e esperando, ansiosas, que o Dante chegasse!

E então, aquele “ploft” delicioso de escorregar um filho pela primeira vez para o mundo!!!

Diferente da irmã, ele veio em uma contração só, uma força só, um grito só: cabeça e corpo, tudo como uma “unidade” só, uma bolinha encolhida dentro da bolsa amniótica!!!!!

Eu não vi, infelizmente, mas senti em minhas mãos com perfeição aquela cena que assisti tantas vezes na internet…Meu bebê nascendo na água, dentro das suas próprias águas. Com aquela tranquilidade que só um bebê empelicado pode ter nessa passagem entre mundos!! Que coisa linda de sentir e viver!!!

 

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A Kamilla o aparou e desfez, ainda embaixo d’água, a bolsa, levando-o, então pras minha mãos e me ajudando a trazê-lo pro colo!

 

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Eu peguei meu filho! O abracei com as mãos, com o peito, com um beijo! Sentia uma felicidade que nem sei… Um sorriso que era impossível de fechar! Eu só ria! Não tinha aquele nervoso e a sensação de “putz, que surreal” que predominou quando a Cecília nasceu… Era só lindo e leve!

 

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A bolsa!

 

Tomei um susto com o tamanhinho dele e ficava repetindo “oi filho! Você chegou! Como você é pequenininho!” (ele nasceu bem magrinho, com só 2,860kg! e 50 cm)

Como combinado, eu cortei o cordão!! mas esqueci de tocar nele pra matar a curiosidade.. 😦

 

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Logo a placenta nasceu e o Lucas pegou o Dante pra que fosse pra cama, onde voltei a lamber a cria e o apresentei pro seu nosso novo lugar favorito no mundo: o mamá! hehehe

 

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Que delícia, minha gente! Que intenso! E que leve, ao mesmo tempo!

Que coisa mais linda nós começamos a viver nesse dia!!!

 

 

(as fotos maravilhosas registrando tão bem todas essas emoções são da Eva Gascón!!! clicando no link vocês podem ler também o relato dela do nosso parto! <3)

 

 

 

“Um brilho cego de paixão e fé” (parte 3)

Levei a manhã normalmente, ainda que me sentindo super podre da gripe. Cecília voltou da escola bem jururu… Comecei a desconfiar que tínhamos poucas chances de conseguir ir à noite no evento que tínhamos programado no MBA do Lucas…
Quando por volta de 2h30 tarde me deitei no chão ao lado da cama da filhota, pra esperar que ela embarcasse na soneca, notei que as contrações estavam frequentes (“ainda ou outra vez?”) e ardidas.

“Ardidas!?!”

Me faziam lembrar perfeitamente das dores das contrações do primeiro parto – dores que eu havia esquecido há muito tempo.

Umas 3 e pouco, comecei a contar as idas e vindas delas no aplicativo e  ficou claro que elas não paravam de vir, mas vinham sem ritmo nenhum!

Na minha cabeça até que fazia sentido, afinal, “eram só os pródromos” – comecei, aliás, a me preparar psicologicamente pra ter uns 10 dias de pródromos (esperando o dia 21) e me preocupava, “putz.. Será que fica direto ardido desse jeito?”

Não conseguia mais não marcar cada contração que vinha… 20 minutos de intervalo, depois 9, depois 20, depois 13, depois 22, depois 6… Os intervalos não faziam nenhum sentido, mas elas continuavam a vir, ardidas, incômodas, seguidas…

Eu conhecia aquela dor. Da última vez que a senti, terminei o dia com uma bebéia no colo. Mas da última vez ela já tinha começado ritmada. E esse “tempo X intensidade” tão contraditório (quanto os meus desejos) me deixou confusa…

Racionalmente eu tentava me convencer de que não era nada “vc não cansou de ler relatos de parto com diaaaas de pródromos? Te prepara, que é a tua vez!”

Mas lá dentro eu sentia… Eu sabia que era mais!

Depois de uma hora dormindo no quarto, a Cecília veio me encontrar na sala, ofereci meu colo e ela logo voltou a dormir. Eu aproveitei e abracei forte, beijei, (tentei) senti(r) seu cheirinho… E comecei a chorar!

Eu sentia.. Eu sabia… Tinha chegado a tal hora das mudanças que esperávamos há meses! Queria aproveitar o máximo desse resto de tempo que tínhamos de “só nós duas” e fiquei lá, mais de uma hora numa posição absolutamente desconfortável, respirando fundo a cada contração que continuava a arder!

fiz questão de registrar, porque sabia que era um momento especial…

 

Umas 17:30 achei que seria de bom tom avisar o Lucas que “algo estava acontecendo”… Eu continuava discutindo comigo mesma – “é pródromo!”; “não é!”, mas “vai que…”, né?!

Mandei mensagem contando que estava há horas com contrações, mas que não era nada, que podia ficar dias assim. Pfff! O bichinho ficou nervoso! rs “vou pra casa!” – não precisa!. “Liga pra médica” – não é hora ainda. “Pede pra alguém ir ficar com você” – não quero!
Eu só queria continuar ali, deitada com a Cecília… Continuar meu dia normal e não ficar ansiosa, pra poder descobrir de verdade o que estava acontecendo.

E foi o que fiz! Quando ela acordou fui lavar e pendurar roupas, fizemos nosso lanche da tarde e entramos no nosso banho, como sempre! Só que dessa vez tudo temperado com contrações e muita tosse. E o banho com uma função especial: “se for pródromo, o chuveiro acalma!”

Entre me lavar e dar banho na Cecília, uma contração sem dor nenhuma: “há! Não disse que não era de verdade?!” com aquela satisfação por estar certa e aquela chateação por estar errada… rs

Mas justo quando ia abaixar pra fechar o chuveiro vem outra, ardida, forte. Uma que não deu pra ignorar; que pediu que eu me mexesse pra deixar ela passar… Então rebolei! rs

E a Cecília, curiosa:  “O que vc tá fazendo, mãe?” “Tô rebolando “. “Porque tá doendo sua barriga?” “É, filha!” “Então rebola, mãe, é melhor”!!! ❤ !!!

(Já contei pra vocês que ela viu vários vídeos de parto comigo ao longo da gravidez?!? rs)
Enfim, concordei que era melhor o Lucas vir pra casa, mas continuei na rotina normal com a Cecília. Contradição, lembram?! Hehehe

Ele chegou em casa rindo, tinha visto o gráfico do aplicativo das contrações que mandei pra ele

(Monicas Gellers que estejam lendo, maior legal esse aplicativo de control freaks, recomendo! Hahahaha)

E abriu a porta falando “só você acha que não tá em trabalho de parto!” Hahahaha

Que alívio ouvir essa frase! Tecnicamente eu sabia que não era TP, mas … Eu também sabia que era! Que bom sentir que eu não estava sozinha na tal percepção! rs

Só aí me permiti entrar no “modo parto”: fui terminar o que faltava nas malas, ligar pra médica, ajudar o Lucas a definir com os amigos a questão da Cecília, explicar pra ela que o Dante ia nascer(!!!), etc.

Quando falei com a médica as coisas continuavam na mesma: dor ardida e contrações sem ritmo. Como já estava assim há mais de 4 horas ela me sugeriu três opções: 1- esperar em casa pegar ritmo;2- ir pro hospital avaliar e se fosse cedo ainda ficar ali por perto, talvez só subir pro quarto ou 3- ir pro hospital e já internar mesmo. Optei pela segunda, pela distância do hospital e aquele medo de a coisa estar muito avançada na estrada…rs

 

Ainda demoramos mais 1h pra sair de casa, deixamos a Maní com uns amigos, a Cecília com outros e fomos pra Madrid. Nesse meio tempo também avisei a fotógrafa e uma parte da minha família – até porque a agitação fez com que as contrações finalmente ganhassem ritmo – ainda que 1 a cada 9 minutos não fosse lá sinal de TP ativo…rs

No carro elas já tiravam minha concentração, mas estavam absolutamente suportáveis – “ainda bem que viemos agora!”. Mesma coisa no cardiotoco que tive que fazer na chegada ao hospital – “se eu tivesse em TP mais avançado estaria puta de ter que ficar deitada aqui esse tempo todo”

Eram umas 10 da noite. “Contrações a cada 7 minutos. 4 cm de dilatação. Com certeza você tem que passar a noite aqui!”
“Uia! Não é que é mesmo?!”rs

Um misto de surpresa, com “eu já sabia”, com “ufa! Que bom!”, com “putz.. Já, filho?!”
Ok, ok.. Mas a gente pode ir jantar antes??
Fomos num bar ali do lado. Lucas quis um hambúrguer, eu, uma salada (“pode ir jantar, mas nada muito pesado”)

Lucas pediu pra não demorarem e já trazerem logo a conta também  “ela está em trabalho de parto, a gente pode ter que sair correndo a qualquer momento!”

A garçonete deve ter ficado nervosa, porque minha salada chegou voando, mas toda mal feita, alface super molhada, lavada às pressas, imagino, eca!.. Morri de inveja do hambúrguer e devorei as batatas fritas do Lucas. “Salvadoras batatas!”

No bar constatei que depois do exame de toque o intervalo das contrações tinha caído pra 5 minutos e tinha começado a sair o tampão “será que essa mulher descolou membranas???”  (depois a minha matrona disse que conhece a médica que me examinou e que ela não faria isso sem me falar nada..)

De qualquer forma, fiquei meio ansiosa e quis voltar logo pro hospital. Chegamos de volta junto com a Eva, fotógrafa e subimos para o quarto.

O plano era ficar por ali, de boas, como se estivéssemos num hotel, esperar o TP engrenar mais pra descer pro paritorio. Mas o quarto era tão minúsculo e apertado que assim que a médica e a matrona chegaram e deram essa opção, quis descer pra “começar a brincadeira num lugar mais legal”!!!

Continua….

“Um brilho cego de paixão e fé” (parte 2)

Comecei a escrever esse relato umas mil vezes seguindo o mesmo estilo do relato do parto da Cecília: hiper detalhado, racional, tudo explicadinho… mas mil vezes também a coisa (eu, no caso! rs) empacou!
Agora me dou conta de que não dá pra escrever um relato assim de um parto que foi tão o contrário disso. Aliás, de uma gravidez que foi tão o contrário disso. E de uma maternidade que vem sendo tão o contrário disso.

Escrevendo, aliás,  percebo que essa é a grande lição que meu filho me ensinou até agora: o sentir! Desde lá,  no comecinho, quando “chorei de realinhamento“, depois quando senti tantos medos e quando pude reencontrar minha paixão.. também no parto – que sem dúvida foi resultado desse caminho… Dante vem sempre me ensinando a SENTIR. O que quer que tenha pra ser sentido. Sem limites. Sem (auto) barreiras.

E é por isso, então, que esse relato tem que ser diferente: ele tem de sair das minhas entranhas; tem que ser contado desde os meus sentidos, desde meus sentimentos.

Quem me acompanha?

Conforme o final da gravidez vinha chegando a certeza de que Dante nasceria no dia 21/06 ia aos poucos dando lugar às dúvidas. O lado racional (um pouco interno e um muito no meu marido) me lembrava que eu estava lidando com uma série de indefinições. Me lembrava que ele poderia, na verdade, nascer a qualquer momento; me lembrava que não tínhamos um plano concreto do que fazer com a Cecília nos tempos de parto e estadia no hospital, que eu não sabia qual seria o momento ideal de sair de casa e ir pro hospital;  que eu não sabia se parir seria fácil outra vez;  me lembrava que eu não sabia era coisa nenhuma…

Quando eu sentia que esse mar de indefinições estava pra me afogar, simplesmente me agarrava na certeza do dia 21 e ficava pedindo: “filho, espera a vovó chegar, por favor!”

 

Mas a verdade é que Eu estava dividia. Queria curtir muuuito aquele barrigão amado. Queria que minha mãe chegasse para o parto. Queria que acabasse logo a fase das incertezas. Queria muito que acabasse logo a fase do “a Cecília tá chatinha porque ainda não entende bem essa coisa de ‘o irmão vai nascer’. Queria chegar no concreto, na nova fase – mesmo que esta fosse a fase do caos. Queria curtir muito minha filha sendo ainda a única. Queria estar certa na certeza da data. Queria que dia 21 chegasse logo. Queria ter tempo de fazer um milhão de coisas e resolver uma super lista de pendências.

Eu era a contradição em pessoa.
E pra ajudar, Cecília ficou doentinha. E em seguida eu fiquei doentona. Era muito catarro. Muuuita tosse. Pouquíssimo oxigênio. Pouquíssima energia (minha, porque a bichinha continuava no pique de sempre) e poucas horas de sono (das duas). 

E aí, sobre a data,  teve um pedido da fotógrafa. E teve a intuição da médica, que contaminou a minha. “Ai, ai, ai… Tô cada vez mais achando que esse menino vai nascer ‘antes’…”
E teve, então, uma noite dificílima. De Cecília tossindo muito. E eu ouvindo-a porque tossia mais ainda. Insônia. E porque precisava fazer mil xixis mais do que os muitos que já eram de praxe. E porque não conseguia me ajeitar na cama. Algo me incomodava muito. E não era só a tosse. Nem só a falta de ar pelo nariz ultra entupido. “Putz.. Parecem cólicas… Parecem contrações… É, são contrações. Ah, normal, Braxton-Hicks, minhas companheiras de sempre.” Será?

Quando chegou a manhã teve a consciência: “nossa, não dormi nada!”; “nossa, tive várias contrações.”
Sexta feira, dia de “mimimi” no meu grupo favorito do facebook. Fui lá e escrevi assim:
“38+4 semanas, um calor agradável de 35°, inchaço, caloooor, cansaço, gripe com tosse de cachorro morrendo e nariz totalmente entupido (eu e a filhota mais velha), pródromos dando as caras com força (essa noite várias contrações incômodas contribuíram pra insônia)
Enquanto isso eu tô aqui só implorando pro baby esperar pelo menos eu voltar a respirar pra poder nascer😖”

E completei depois:

“obrigada meninas! ❤️ (que, como sempre, vieram com palavras doces pra acalmar)

A gripe e o calor são o que mais tá pegando! A gravidez eu bem que queria que chegasse nas 40 semanas, que é pra minha mãe já estar por aqui e pra gripe ter passado!

Gente, PIOR coisa é ter contração no meio de uma crise de tosse! Fora que meu assoalho pélvico já não dá conta de tanta tosse com tanto peso… ”

Há!

Última foto do barrigón !

Continua….

“Que eu fui lá fora e vi dois sóis”

Nessa manhã de sábado, dia 11/06, o sol não chegou sozinho.

Hoje ele veio em par.

 Com ele nasceu o meu Segundo Sol!
Num parto tão lindo e intenso quanto a luz que os dois trouxeram a esse belo dia!

Ele veio realizando. Realinhando. Completando.

Pequenininho que só. E ao mesmo tempo, todo um gigante!

Meu pacotinho de transformações! E amor!

Bem-vindo, meu amor!

“E onde a pura natura”

Entonces que ontem tivemos consulta com a médica e levamos nosso Plano de Parto pra ela.

Apesar de falarmos bastante sobre o tema em todas as consultas, achei que seria importante levar o negócio escritin, tim-tim por tim-tim. Então peguei o do parto da Cecília, fiz alguns ajustes pertinentes e pronto.

Daí que ela começou a ler o negócio e ficou até quase que meio ofendida, por assim dizer…rsrs

Ela ficou chocada, com “asco”, chateada mesmo de ler aquilo tudo que pedíamos que não fosse feito… Nas palavras dela “que chocante pensar em tudo o que as mulheres precisam se preocupar e escrever pra se proteger, quando eu sei que o meu trabalho é fazer o menos possível, pra não desequilibrar nada e tudo sair bem!”

Ela é alemã e apesar de estar há um tempinho na Espanha, a formação dela é de lá e muito diferente da que vemos como padrão por aqui (e no Brasil, né?!); além disso, a enorme maioria das pacientes dela são estrangeiras e tampouco precisam se preocupar muito com coisas que a nós saltam tanto, por isso o choque!

 

É muito triste mesmo, né, pensar que temos que fazer um documento (em alguns lugares protocolado como documento oficial mesmo) pra tentar nos proteger de absurdos tão grandes e tão rotineiros, num momento tão delicado e tão natural…

(tão triste que não consigo ignorar e simplesmente não falar sobre o assunto, né?! #ativistafeelings rs)

 

Enfim, explicamos pra ela que era um modelo genérico, que de onde a gente vem (e inclusive onde pari antes) essas coisas são importantes de serem ditas e pedidas e tal… Foi uma boa conversa! E, sim, o plano de parto foi discutido item por item, esclarecemos coisas que precisávamos e etc. Produtivo!

Produtivo também pro meu amigo cérebro, que ficou pensando nas expectativas pra esse parto e chegou a uma conclusão importante: nesse parto eu quero sentir MAIS!

 

Antes do parto da Cecília quando questionada sobre o porquê de querer ter um parto normal uma das minhas principais respostas era “porque eu tenho curiosidade. quero saber como é. quero sentir. quero experimentar”. E eu consegui, senti, contraí, pari…!!!

 

Pois bem, dessa vez quero sentir MAIS!

Gostaria de sentir os tais puxos involuntários, de ouvir o tal ploft da bolsa estourando, de sentir (talvez, quem sabe, esse eu não tenho tanta certeza! hahaha) o “círculo de fogo”, a cabecinha do bebê saindo (não me lembro de ter sentido, acreditam?!?! Só lembro do corpinho escorregando) e, principalmente de sentir e guardar na memória o tão famoso cheirinho do vernix! (quase coloquei no plano de parto: me lembrem de cheirar ele!!! hehehe)

Óbvio que essas sensações todas não são escolhíveis, mas não custa desejar, né?! 🙂

Ah!! Também quero ser eu a cortar o cordão (morro de curiosidade de sentir a textura e o Lucas já fez isso da primeira vez) e, se possível, quero eu mesma pegar meu bebê logo na saída (se é que vocês me entendem – porque não consegui desenvolver a frase de um jeito melhor que esse..hahaha)

Quereres definidos. Veremos como será o “aconteceres“! hehehe

 

ps.: Faltou acrescentar ontem um dos maiores “quereres” dessa lista (deve ser ato falho, só pode! rs)

Quero MUITO conseguir me entregar mais, desligar mais a cabeça, deixar mais meu corpo tomar conta, curtir de verdade a tal da partolândia! Acho, inclusive, que esse é um caminho pra ter mais as sensações que senti falta no parto anterior, né?!

Será que eu consigo virar bicho-mamífera e me entregar profundamente dessa vez??

 

 

“Acontecer, brilhar, faca amolada”

Quem aí lembra que eu tô devendo contar de duas pendências que faltava eu decidir pro parto? E quem aí ainda está curioso pra saber do meu presente de aniversário??

Olha que coisa rara: não esqueci das promessas e voltei pra contar! hahaha

1:
Eu fiquei muuuuitoooo em dúvida se teria ou não uma doula pra esse parto! Perdi a conta de quantas vezes entrei nos sites das doulas aqui de Madrid, de quantas vezes quase mandei email e de quantas vezes mudei de idéia sobre o tema! rs

Na gravidez da Cecília foi bem fácil, né?! Eu tinha a Sil desde o comecinho, doula saída do forno com aquela etiquetinha do McDonalds de “feito especialmente pra você”!! O que mais eu podia querer??

Aí que dessa vez já sabia que não ia ter Sil e – acho até que por um pouco de birra por essa “falta”..rs – cismei no comecinho que não queria uma doula espanhola, sabe-se lá porque…

Mas conforme o tempo ia passando eu ia reavaliando, pensando, olhando pra coisa com mais carinho… Como estamos com a questão da distância do hospital X em que momento do Trabalho de Parto pegar a estrada , então, uma doula parecia ainda mais uma boa ajuda técnica, além de todas as vantagens que já conheço de cor!

Enfim, sempre que eu pensava racionalmente sabia que ter uma doula deveria ser mais importante do que uma birra qualquer, mas alguma coisa aqui dentro não conseguia concordar…

E quando eu tava prestes a deixar o racional ganhar e escolhendo uma doula pra chamar de minha, notei que a cada vídeo ou fotos de partos que eu via, me dava uma aflição danada aquelas doulas ali, fazendo massagem, abraçando, segurando a mão… As mulheres lá, parindo, super adorando o apoio e  eu aqui:  “ai, pára! Solta! Sai pra lá!” hahahahaha Louca, eu sei! hahahaha

Eu sei, eu sei…uma doula BOA mesmo deveria sacar quando eu estaria ou não querendo contato durante o TP ! Uma doula boa mesmo saberia se afastar e aproximar de acordo com a minha demanda! Eu sei! Mas sei lá… “pára! solta! sai pra lá!”

Outra coisa que eu me dei conta foi que pra ser bacana com a doula eu teria que achar alguém com quem conseguisse me conectar e criar um vínculo de verdade. Só que eu não estou num momento de sair peregrinando de doula em doula pra encontrar uma. E estou menos ainda aberta a criar novos vínculos (tão importantes como esse) com pessoas desconhecidas! Não sei explicar, mas falta espaço aqui dentro pra isso, sabem?!

E se fosse pra ser sem vínculo especial, só mais uma profissional na equipe, não queria!

Então resolvi respeitar essas duas sensações e ficar sem doula mesmo! Pendência um resolvida!
Depois eu juro que conto a verdade se me arrepender! hehehe

 

Aí faltava a segunda pendência:

mais ou menos nessa fase do “não quero gente estranha no meu parto” começou a me dar uma vontade danada de ter alguém fazendo um registro fotográfico profissional da coisa toda! (ahãm, coerência, a gente vê por aqui, né?! rs)

Na gravidez da Cecília eu nunquinha que cogitaria uma coisa dessas! Nunquinha!!

Mas, né?! Vai ser a última vez que vou parir, eu amo as fotos “caseiras” que a Sil fez daquela vez e etc…

Tinha duas grandes questões no caminho: 1- eu tinha um grande receio de ficar meio travada pela presença da câmera e não conseguir me soltar de verdade pro TP

2- Aqui na Espanha existem pouquíssimas opções de fotógrafos que fazem esse trabalho e ele é bem caro!

Sobre a número 1, conversei em grupos do fb com mulheres que tiveram fotográfas e nenhuminha se disse arrependida! A enorme maioria disse que nem notou mesmo a presença deles por lá e me lembraram que, em último caso, eu podia pedir que a pessoa se afastasse! Conversei também com os fotógrafos por aqui e a primeira coisa que eles dizem sempre é sobre como o trabalho consiste em registrar sem ser visto! Acabei acreditando em todo mundo…rs

Escrevi pra todos os  possíveis fotógrafos da região (todos os três! rs), fui tomar café com uma delas (a mais experiente e famosa) e putz! Enquanto a conversa fluía super bem (nem rolou dificuldade de socialização da minha parte, vejam só! rsrs) ficou muito claro que o meu querer já estava decidido! Conforme a gente conversava eu notava que eu já sabia o que eu queria – eu queria as fotos!!! Só faltava saber se eu ia conseguir bancar – emocional e financeiramente (afinal, já estamos pagando equipe particular, né?!)

 

E isso foi meio que no caminho da chegada do meu aniversário, com meus 30 anos na bagagem.

Aí em algum momento dessa decisão eu me lembrei de uma frase que acho linda:

“Se a mulher não se parece como uma deusa durante o parto, então alguém não a está tratando como deveria” InaMay Gaskin

 

Pois bem! Eu percebi que esse seria um lindo presente pros meus 30 anos: um registro (profissional e carinhoso) de eu me sentindo uma deusa! =) E fazendo isso enquanto trago meu filho ao mundo!!! Amor demais, né, não?!

Parir é absolutamente transformador, eu me lembro bem! Me lembro também da satisfação e do orgulho de ter conseguido! E vai ser a última vez que vou fazer isso, então conclui que mereço registrar devidamente essa experiência em imagens!

Como ainda tinha a questão financeira, resolvi bancar meu desejo em forma de presentaço de aniversário (e talvez de natal, dia das mães, aniversário de casamento… que é pra conseguir chegar no preço.. hahahaha), conseguimos negociar um pouco e fechei contrato com a Eva Gascon , a fotógrafa querida com quem tomei o café, e já tô até ansiosa pra ver o resultado! hahahaha faltam só uns 3 meses pra isso! rs Aguardem e vocês também verão! 😉

“O sal da terra, o chão, faca amolada”

Vamos falar de coisa boa??

Não, não de iogurteira (até porque nem ando me dando muito bem com os lácteos ultimamente..hahaha)… Mas quem já leu um tiquinho só esse blog deve estar agora se perguntando “COMO RAIOS ela ainda não veio falar do segundo parto”, né?! Sim ou não? rs

Então vamos falar! 🙂

Bom, desde que cheguei aqui na Espanha, muito antes de pensar em engravidar,  já comecei a fuçar sobre o tema. Queria saber como era a realidade obstétrica por aqui e o que eu descobri foi o seguinte:

  • o país tem uma taxa até que bonitinha de cesáreas, pra gente que tá acostumada com as porcentagens brasileiras: 21% na rede pública e 35% na privada, de acordo com números divulgados (com preocupação!) ano passado.
  • Acontece que apesar de se ter boas (ou melhores..rs) chances de ter um parto vaginal por aqui, as chances de que esse parto seja  “bacana” são muito pequenas! A coisa funciona no esquema “linha de produção”, seja na rede particular ou pública as intervenções estão todas “incluídas no pacote” – todas! – e os relatos de violência obstétrica não param de aparecer! Quando comecei a ler cheguei até a ter pesadelos com alguns deles…
  • A “solução” pra parir com respeito e tranquilidade, assim como no Brasil, é pagar equipe particular e com indicações seguras.

 

Quando engravidei já seguia mil páginas e profissionais espanhóis no facebook e tinha alguma referência do que queria fazer. Meu desejo e plano iniciais eram ter uma gravidez menos medicalizada, por isso queria fazer o acompanhamento com uma matrona (o equivalente a uma enfermeira obstétrica) e ter um obstetra “qualquer” como referência, fosse pra pedir exames ou pra recorrer se fosse necessário.

Minha primeira tentativa foi com a matrona da rede pública aqui da cidade… mas eu odiei o tratamento dos funcionários do centro de saúde… além de me passarem informações equivocadas, senti que nas poucas vezes que fui lá fui tratada não só com falta de vontade, mas com preconceito. E esse não era o clima que queria viver nos próximos meses que viriam. Além disso descobri que fazer o acompanhamento pela rede pública seria meio enrolado e demorado, eu teria que passar com um médico de cabeceira, que me encaminharia pro hospital, que me derivaria de volta pra matrona no centro de saúde e aí eu ficaria com esses dois pontos de referência e  blablabla… Até entendo a lógica da coisa, mas achei que não valia o trabalho já que eu nem sabia se iria até o final com eles…

 

Passei então com uma obstetra qualquer, pelo convênio, de uma clínica particular aqui do lado de casa e foi aquela coisa típica de convênio… Eu tinha certeza que não era isso que queria pro meu pré-natal, mas pensava nela como um plano B, então “ok” (#sqn, tanto que não voltei nem pra levar os resultados de exames que ela pediu..rs)

 

Em seguida fui procurar uma “matrona independente”, que me atenderia em consultas particulares durante todo o pré-natal, que poderia me acompanhar durante o pré-parto e o trabalho de parto (dilatação em casa), que me daria apoio também no pós parto… o único problema era que pro parto em si ela não poderia estar, a menos que fossemos pra um hospital beeemm longe de casa, onde permitem que ela entre, mas onde acaba ficando mais como acompanhante do que profissional responsável OU que fossemos ter o parto em casa. Cheguei a fazer uma primeira consulta com ela, gostei muito e estava sonhando mesmo em ter um parto domiciliar! Mesmo! Mas marido não estava convencido… nem um pouco!

Então acabamos pedindo pra essa matrona indicações de médicos bacanas, com uma visão “diferenciada” do parto e tal, pra conversarmos, vermos outras opções, pensarmos melhor juntos, etc.

No começo eu até achava que poderia tentar convencer o Lucas do domiciliar com bons argumentos e artigos científicos (ainda acho que poderia, aliás), mas teve um argumento “contra” que me sacudiu: se precisássemos de transferência, teria que ser pra um dos dois hospitais aqui do lado de casa, claro…e aí seria aquele filme de terror que eu já conhecia e temia! Eu estaria disposta a correr o risco???

 

Enquanto matutava essa pergunta, passamos em consulta com uma obstetra alemã, indicada pela matrona como “super pró parto em casa” e gostamos bastante! Um discurso bem parecido, diria que até melhor, com o do médico que eu tinha no Chile, respeitadora da fisiologia do parto, “um bom parto é que aquele em não tenho que fazer nada”, etc. Ela trabalha em um hospital que fica longe daqui, mas que tem 3 salas de parto natural super legais e ela é a responsável por tais reformas (foi ela que trouxe amigas arquitetas alemãs pra fazer). Mas ela não foi “super pró parto em casa”, disse que respeita a escolha, mas que não atende pois se sente mais segura no hospital. (Lucas concordou, claro! rs)

 

Ficamos então entre duas opções: matrona particular e talvez/quemsabe um parto domiciliar OU a tal médica alemã no hospital com salas bacanas. Mas aí fiquei com medo de que o medo da tal transferência pro hospital medonho travasse a evolução do meu parto, fiquei com medo do marido ficar com medo, amarelei no que eu sabia que seria um enfrentamento com a família, enfim… Senti que todos esses medos e poréns seriam empecilhos importantes e que parto cheio de pedra no caminho não era o que eu tava com vontade de viver! Além disso a médica cobria bem a minha demanda, a única coisa que eu não gostava na escolha (além da distância do hospital) era o fato de fugir do meu plano inicial de “gravidez menos medicalizada”…

Por isso pensei então em fazer o pré-natal com a matrona e parir com a médica, ambas topariam, mas a médica destacou que algumas (várias) consultas seriam importantes que fossem feitas com ela (porque coincidiam com exames, por exemplo) e no final ficaria tipo metade das consultas com a médica e a outra metade com a matrona. Achei muito pouco esse 50/50 e vimos que financeiramente também não ia rolar ter que pagar as duas pelo pré natal quando cada uma faria, na verdade, metade dele…

 

Conclusão: decidimos por acompanhar  pré e  parto só com a médica mesmo. Sendo a parte de hospital e exames pelo convênio e a equipe (médica e matrona que a acompanha) pagos a parte.  E vou parir aqui, oh que bonito:

 

Fotos daqui e daqui

 

Agora que já temos essa decisão tomada, estou agora lidando com outras ainda no quesito “parto”, mas essas eu volto pra contar depois, ok?!

“Veja bem…”

Tava aqui me preparando pra dormir e me deparei com uma frasesinha que vai tirar meu sono se eu não vier aqui brigar falar sobre ela…
Antes, me digam, quem aí tá com saudades de me ouvir blablablear sobre parto?? Hehehe

Então… Era uma lista de “10 coisas que sua mãe nunca te contou”, mas nem terminei de ler as 10 porque logo no começo li “você fez o corpo dela se contrair de dor quando veio ao mundo”.
Pah!
Parei! Parei e comecei a discutir com a tela…hahaha

Vamos juntos quebrar mitos?

Não! Você não fez o corpo da sua mãe se contrair de dor!
O que aconteceu foi o seguinte:
Você tava lá, no quentinho e aconchegante mundo intra-uterino, crescendo e se preparando pra vida aqui fora, de boa e tal…
Quando você finalmente ficou pronto pra nascer seu corpo enviou sinais pro corpo da sua mãe (aaahhh, a conexão mãe-bebê!!) avisando que você já podia sair! E assim, os hormônios da sua mãe entraram em ação e começaram o trabalho de parto.
O trabalho de parto é o conjunto de acontecimentos que envolvem a mãe e o bebê para culminar num lindo nascimento! Os dois liberam e são banhados em uma série de hormônios que fazem a mágica acontecer! Entre estes hormônios há endorfinas, que ajudam a lidar melhor com as dores e há a oxitocina, famoso hormônio do amor, comumente liberado também durante o sexo, durante experiências prazeirosas com amigos e amores, etc…
E é justamente essa linda da oxitocina que tem a responsabilidade de contrair o útero (e, mais tarde, os ductos lactíferos pra que você possa mamar o leite que sua mãe produz!!!).
Então, reveja comigo: a oxitocina – repito, hormônio do amor – contrai os músculos do útero pra que o bebê possa descer pelo canal de parto, fazer seu giro e chegar ao mundo!!!
Quer dizer, sua mãe não teve o corpo contraído de dor, ela teve o corpo contraído de amor para que você viesse ao mundo; um objetivo claro e lindíssimo!!
Ficou clara a diferença???

Se dói no processo? Claro que dói! É um evento de grandes proporções e mudanças – físicas e emocionais…dói mesmo!

Mas eu realmente acredito que se pudermos ressignificar essa dor (e essa idéia que se tem sobre parto) a experiência fica menos dolorida e mais prazeirosa! A cabeça (e a linguagem, os mitos, e a sociedade, etc) tem um poder imenso sobre nosso corpo – e sobre nossos hormônios!!! E é só começando aí por dentro que podemos mudar alguma coisa!

Ah!!!!
Isso tudo, é claro, só vale se você foi um dos poucos brasileiros sortudos que nasceu nos últimos anos de parto normal, hein?!
😉