É pic

O dia amanheceu escuro, as calçadas repletas de lixeiras, as crianças saíram de casa brigando, o passeio da Maní, molhado e congelante, a garganta meio arranhando.

O humor, que também amanheceu escuro, ao se deparar com essa realidade pediu pra cancelar a tal coisa de data festiva e se esconder embaixo das cobertas.

Custou um esforço extra sair. Manter meu compromisso com a tradição de aniversário. Respirar um ar diferente, se molhar mais um pouco, almoçar pipoca e ver um filme bom. Foi bom.

A sala de cinema, que parecia ser só pra mim, foi aos poucos se enchendo de idosos cada vez mais velhos e eu ri da cena, como se o destino trouxesse, pra ver o filme comigo, vários lembretes de futuro.

Só que nessa altura da vida, envelhecimento é justamente oportunidade de futuro. É, também, saber que mesmo em dias e humores escuros a vida segue acontecendo no agora e futuro é só promessa.

A maturidade é essa ordem bagunçada que me faz permitir o choro sem julgamento e recolocar a cabeça no lugar e os pés em movimento.

Os abraços seguem vindo – apertados e por escrito. O aniversário, ao invés de cancelar, melhor comemorar mesmo.

Feliz 38 anos pra mim!

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