"Lá fora é só água caindo, enquanto aqui dentro…"

Geralmente, ficar esperando o ônibus por mais de 40 minutos me irrita profundamente – especialmente na hora de voltar pra casa, quando estou cansada, de saco semi cheio, ansiosa pelo sofá e pela Maní…rs

Mas ontem, nos 50 minutos que esperei a micro D05, além de ler muitas páginas do meu livro (que, finalmente, tá acabando!), conheci um menininho de uns 4 ou 5 anos, muito figura!
Veio conversar comigo sobre meu livro, sobre porque eu lia, do que se tratava, quanto eu já tinha lido e quanto ainda faltava…depois sobre o atraso do ônibus, depois sobre o jogo de adivinhação que estava fazendo com a moça que estava com ele…
Uma graça de menino! Um fofo, com um papo super “adulto”, mas aquela inquietação infantil no corpo, nos olhos e na mente.
Desci do ônibus com um sorriso no rosto e um bom humor que me acompanhou até o final do dia!




Hoje, no ponto de ônibus lotado, encontrei um cãozinho que já tinha visto pelas redondezas. Era horário de saída de um colégio ali do lado e ele tentava, sem sucesso, mas sempre com um rabo muito balançante, conseguir fisgar um teco de qualquer uma das tranqueiras que aquele bando de adolescentes comia…

Fiquei com dó e fui até um pet shop lá perto, comprei um pouco de ração e dei pra ele, que devorou feliz o presente! Depois sentou do meu lado, ganhou um carinho e ficou descansando na sombra do ponto de ônibus, movendo o rabo num ritmo de contentamento confortável!
Nessa brincadeira, perdi dois ônibus (que, confesso, estavam mesmo cheios demais pra tomar), mas ganhei uns minutos de grata e gostosa companhia!!!

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Acabei de ler um lindo texto do Antonio Tabucchi, publicado na Piauí de julho de 2010 (aqui você pode (e DEVE) ler).
Terminei com olhos mareados e fiquei pensando na delicadeza do texto e dos personagens…
Depois lembrei dos acontecimentos narrados aí em cima…


Fiquei pensando em como falta delicadeza em nosso dia a dia (no meu, pelo menos). Delicadeza nos acontecimentos e na maneira como olhamos para o que ocorre.

(Auto-ajuda-espiritual de lado) Às vezes eu esqueço como é possível encontrar grandes satisfações em coisas sutis…
Preciso (precisamos?!) lembrar de praticar mais essa arte!






Boa noite e boa ‘segunda metade de semana’ pra todos!

"Sem a qual a vida é nada"

O Dias dos Namorados traz uma atmosfera diferente e curiosa pra esse mundo virtual: uma divisão muito clara entre os amargos e os derretidos (ao leite, imagino…rs)!


Aproveito a data pra me adoçar e “refletir” um pouquinho sobre os encontros amorosos….

Acho curioso como às vezes parece mesmo que existe aquela história de alma gêmea, metade da laranja, tampa da panela.

Não importa o quanto aquela menina pareça carente, ou aquele menino pareça pentelho, ou aquela mulher pareça cheia de manias esquisitas, ou aquele homem pareça individualista, ou fulano pareça feio e ciclana pareça meio sujinha….hahaha
É legal como uma hora ou outra todas as pessoas – mesmo aquelas em que ninguém botava muita fé – acabam encontrando um pedaço de si em outro.

Às vezes o encontro demora muitooo pra acontecer, às vezes acontece mas não dura muito – gracinhas da vida, imagino… – mas acontece! E quando acontece….é lindo!! E é pentelho, é grudento, é excessivamente  escandaloso… é de cada um!

Saber aproveitar esse momento exige sabedoria e um pouco de arte, porque ninguém sabe quanto tempo vai durar o tal… pode ser que seja uma noite, uns meses, muitos anos, uma vida de momentos…
Hoje, particularmente, eu diria que não importa esse tempo. O importante é saber aproveitá-lo enquanto se está vivendo ou lembrar com carinho dos que já passaram…


Aí no Brasil tem sol hoje? porque aqui, que não é dia dos namorados, nem dia de coisa nenhuma, estamos no quarto dia de chuva do ano! Mas hoje – exclusivamente, talvez – defendo a campanha para que os amargos saiam ao sol, se deixem derreter um poquinho também, seja com as lembranças açucaradas ou com as possibilidades de um doce futuro…
Porque pelo menos uma vez no ano o mundo seria mais bonito se todas as panelas estivessem tampadas, ou se todas as meias-laranjas tivessem a lembrança latente de quando foram inteiras. E se todas as almas tivessem a consciência de que em algum momento do seu vagar vão acabar tropeçando no inesperadamente desejado…ai,ai….!!!


"Pra quem você tem olhos azuis?"

Talvez porque por um bom tempo éramos as duas e só.
Talvez porque sempre estivéssemos as duas – com ou sem mais alguém.
Talvez porque nós, de alguma forma, crescemos juntas.
Talvez porque eu não seja muito boa de amigos novos.
Ou talvez simplesmente porque sempre foi assim.
De qualquer jeito, assim é o melhor jeito!


Legalmente ela virou “adulta” exatamente 15 dias depois que eu nasci. Imagino que na prática tenha sido um pouco diferente… Antes ou depois ou durante… ou os três.

Outro dia, num cartão de aniversário ela fez a matemática de quanto, na porcentagem da vida dela, eu estive presente.
Pois pense bem, se eu estou com você a mais de um terço da sua vida, o que dizer da minha, que tem 100% de você?

Não precisa me conhecer muito a fundo pra reconhecer em mim seus pedaços. Seja no nariz de tomada, na maçã do rosto que tá mais pra manga, no Chico Buarque, no Lô Borges, no Gênesis, no Trem de Pirapora, no Balão Trágico… Na jeito de pensar, de chorar, de dirigir… Na dificuldade de enxergar ou nas trapalhadas do dia a dia…

O blábláblá de “eu não existiria sem você” é bastante redundante no caso filha-mãe; e eu sei que sou suspeita pra falar, mas realmente acho que nossa relação é mais especial do que as que estão por aí…

Correndo o risco de ser repetitiva – ou melhor, já sendo – nas datas especiais é mais difícil estar longe; e o coração dividido dessa vida de expatriada fica ainda mais apertado em dias como hoje…
Queria estar aí, dando e ganhando colo, comendo comidas gostosas, fazendo programa de “nós 4”. Queria dar todos os beijos e abraços que estão faltando e mais vários especiais pelo dia.

Eu não posso te responder a última pergunta que você me fez quando nos despedimos da última vez, porque eu não sei a resposta. Mas uma coisa eu garanto: por mais feliz que eu esteja longe, um pedaço do meu coração sempre vai estar dolorido (de saudade, de culpa, de amor…)
E mais: por mais longe que eu esteja, não importa os quilômetros de cordilheira ou os infinitos litros de mar que possam tentar nos separar… Eu sei que sempre estaremos juntas!
Você está sempre no meu coração e na minha cabeça – e no meu iPod, e no meu fogão…

Te amo porque você é minha mãe, porque você é minha amiga, porque é uma pessoa incrível, porque tem os olhos mais azuis e mais expressivos que eu já conheci, porque tem o sorriso mais “iluminador de ambientes” da história (tá, vai…acho que só não ganha do Gael Garcia Bernal…hahaha), porque é uma profissional impressionante, porque é um ser humano especial… Te amo porque você é você – em mim, nos outros e em você!

O dia já tá acabando, mas durante todo ele eu te desejei um feliz aniversário. E desejo – todos os dias, mas hoje especialmente – que cada dia da sua vida seja melhor, que as dificuldades tenham uma razão de ser, que os motivos pra comemorar sejam infinitos, que o coração esteja sempre inundado e que você seja cada dia um pouco mais feliz!

Te amo, mãe! Parabéns!!!




"canções de amor se parecem" ?

Não consigo muito explicar poque, mas costumo desconfiar de declarações exageradas de amor.

Outro dia tinha alguém reclamando no facebook sobre esse povo que vira e meche tá atualizando o “status de relacionamento”, sempre afirmando que “agora é pra sempre” com a nova pessoa… Pode ser que isso seja uma grande fé infinita no amor, ou o contrário…

Que o facebook é uma ferramenta narcisista onde cada um faz questão de dilatar a própria felicidade pra divulgar a vida perfeita que leva, isso tem sido muito dito ultimamente.
Meu pensamento de agora passa pelo facebook mas vai um pouco além.

Desconfio, sim, do amor de quem tem que ficar postando com um frequência esquisita o quanto está apaixonado.
Mas desconfio, principalmente, da necessidade de declarações intermináveis, enfeitadas demais, frequentes, demais, floreadas demais…seria falta de romantismo da minha parte?

Sei não…

Eu prefiro o amor sutil, o amor sabido e seguro que não precisa de flores ou posts semanais. O amor que se percebe em um toque, em um ataque de riso, em uma bufada de “ai, isso é tão típico de você”.
 O amor que compartilha um olhar que diz tudo e não precisa de um milhão de linhas (num cartão ou numa rede social).

Sim, sim. Eu sei que andei postando por aqui longas e melosas declarações. Mas foram declarações comemorativas,  porque eu sou sim muito a favor de celebrar o amor!

O que me deixa com o pé atrás é a sensação que algumas declarações me passam de pura insegurança, necessidade de autoafirmação por puro medo… Especialmente no caso de relacionamentos mais novos…
Sei lá, pode ser preconceito meu (e provavelmente é..rs), e pode ser um pouco de inveja também (será?).

Mas o fato é que os pequenos gestos me encantam infinitamente mais do que os grandes “eventos”. Especialmente porque eles preservam a proximidade e a pessoalidade dos envolvidos!

Talvez por isso eu goste tanto da rotina da vida de casada…
🙂

"Finja que agora eu era o seu brinquedo"

Lembro como se tivesse sido ontem. 
Lembro do arrepio na espinha quando te via de longe, destacado no meio da multidão, se aproximando de mim.
Do frio na barriga que vinha quando sentia seu cheiro mais de perto.
Das festas sem sentido que eu ia só pela companhia. 
Lembro da festa Hawaiana com a nada discreta e bastante provocante brincadeira de me sujar de neon. Da colega “intrometida a cupido” que provavelmente só atrasou o processo todo. Da carona oferecida (mesmo sem espaço no carro) e aceita (pra ganhar um pouquinho mais de tempo).
Lembro da noite, véspera de feriado, de horas infinitas, de jogos infinitos, chocolates saborosos e amigos demais – na sala que já deveria ter sido só nossa.
Do ônibus antes das 6 da manhã, que chegou cedo e rápido demais. E da aflição de, pela primeira vez, me despedir de você e ver da janela o distanciamento…

Lembro do nervosismo do primeiro encontro (sim, sempre fui bobinha!). Da desculpa esfarrapada de ir ao teatro. Da ajuda amiga na “rebolada” pra conseguir chegar naquele cinema no fim do mundo.
Lembro do joguinho de aproximaçãoXdistanciamento nas cadeiras do tal cinema. De ter sido “sequestrada” pro seu carro e conhecido de fora sua casa.
Lembro dos seus amigos muito simpáticos, bastante bêbados e/ou nada discretos.

Lembro do toque no cabelo mais macio que já conheci. Dos piercings no meio do caminho. Das horas de conversa. E das horas e horas e horas do colo confortável e mega paciente. 
Lembro do cafuné carinhoso que gentil e espertamente se transformou no tão esperado Primeiro Beijo.
E me lembro do frio na barriga que veio deliciosamente congelante e das borboletas que vieram definitivamente morar no meu estômago.
Lembro de, mais uma vez, ter que me despedir cedo demais de você, mas com direito, agora, ao beijo de despedida.

Lembro tão claramente das cores e das luzes, tão intensamente dos cheiros e tão perfeitamente dos gostos que chega a ser difícil acreditar que isso tudo aconteceu há 7 anos!

7 anos de história é história pra caramba!

E como todo bom livro, é uma história que começa com as melhores páginas possíveis, pra prender o leitor logo de cara e fazer com que ele não consiga mais largar o livro, esperando sempre saber o que mais vai acontecer. Mesmo que esse livro se proponha ao “viveram felizes PARA SEMPRE” e mesmo que o interessante da história seja o caminho até esse “sempre”.

Vamos lá!


2005


"Vamos lamber a língua"

Um dos piores pesadelos que tive na vida – se não o pior – foi quando sonhei que o Chico Buarque tinha morrido. Acordei chorando muito e com uma angústia tamanha que demorou a passar e que até hoje aperta meu peito quando penso no assunto.

Em 2007, no período em que ia a todos os “Baile do Baleiro”, ou seja, quase toda semana num show, eu sempre saía de lá com a alma lavada, com uma felicidade indescritível. Ia dormir leve e tinha sonhos super gostosos em que estava em uma roda de violão com toda a banda, super amiga do pessoal, batendo altos papos e cantando tudo que é música. Isso sempre resultava em manhãs deprimidas e depressivas, manhãs de voltar à realidade, lembrar que não sou amiga dessa turma e tão pouco sei cantar! rs

Li agora no blog Adorável Psicose o seguinte trecho:

“Lembro da professora de “Atualidades” falando sobre como o comércio era uma das provas de que não somos autosuficientes. Nós precisamos trocar para sobreviver.
E seguindo essa lógica, seria, de fato, impossível ser feliz sozinho. Tom Jobim devia concordar com a minha antiga professora de “Atualidades”. De repente eles até já se pegaram. Isso explicaria muita coisa do que ela dizia nas aulas.”

Fiquei pensando então na relação que desenvolvi com a música…

Eu costumo dizer que o Chico Buarque é o homem da minha vida e que o Zeca Baleiro é meu amante. (tenho, inclusive, sérias brigas com meu marido real sobre tietagemXciúmes)

É claro que essa brincadeira se refere puramente às composições de cada um deles. Admiro MUITO pessoas capazes de fazer músicas tão bonitas – até porque uma das maiores frustrações da vida é justamente a falta dessa capacidade em mim – mas o amor, antes de ser pela pessoa, é por aquilo que ela (me) diz com seu trabalho.

Mais do que a pessoa, o que apaixona e é capaz de tocar bem lá dentro (nas feridas más ou nas memórias boas, não importa), é essa magia que é a música em si.

Óbvio que a professora de “atualidades” não pegou o Tom Jobim, mas acho totalmente provável que as idéias que ela disseminava nas aulas como “verdades a serem racionalmente aprendidas pelos alunos” viessem da relação emotiva que ela própria tinha com as músicas e, consequentemente, com as idéias do Tom.

Acabei também de comentar com uma amiga: 
Não tenho absolutamente nada a ver com carnaval ou futebol, na verdade não gosto de nenhum dos dois; mas os anos de convivência com o Chico Buarque fazem com que seja impossível meu coração não ter uma quedinha pelo Fluminense e arrastar uma super asa para a Mangueira!

Porque no fundo é exatamente isso: eu posso nunca ter falado com o Chico na vida (apesar de ter tido a chance de agarrar o pé dele uma vez. rs), mas digo sem aspas nenhuma que tenho anos de convivência com o Chico Buarque.

E não me importa que na vida real ele seja chato ou arrogante, ou que o Baleiro use ou não drogas antes dos shows. 
Não importa que o Chico namore uma menina “boba” de 30 anos ou que o Baleiro seja casado com uma fotógrafa feia.
Não importa, porque não é através da vida real que me relaciono com eles. Não é com o eles de verdade e eu sei disso.
É com o papel que cada um assume em cima do palco ou com a idéia ou imagem ou sonoridade encantadora que eles cantam tão belamente.


Porque passa pelo racional, claro. É como disse uma vez: alguém que não entenda e/ou admire a língua portuguesa como eu, simplesmente não é capaz de entender totalmente minha paixão por Chico e Baleiro!

Mas também passa por….bom, como diz a Adriana Calcanhotto, de prato e garfo:




Pois é, acho que minha relação com a música se dá em algum outro plano. Em que sou só eu e a música de alguém.
É carnal, como o “de repente eles até já se pegaram”, mas é carnal no nível espiritual – se é que isso faz algum sentido…

Faz?



"Ponha a roupa de domingo"

É como se tivesse sido ontem. O frio na barriga. Os abraços apertados. O coração na confusão entre o dolorido e o ansioso.  Ainda consigo sentir tudo isso.


O dia em que eu sabia que minha vida mudaria pra sempre. Que eu deixava pra trás o conhecido pra enfrentar o desconhecido acompanhada do meu amor.

5 malas. Duas grandes e três pequenas. Só. Todas as coisas que precisaríamos pra essa nova etapa couberam em 5 malas.

Fora delas ficaram lembranças, histórias, amores…em forma de fotos, CDs, capas de DVD’s (os dvds eu trouxe soltos! rs), bichos de pelúcia, móveis que fizeram parte da minha vida, cômodos que acompanharam minha história e, especialmente, pessoas.

Porque todos essas coisas (e pessoas) que nos fazem ser quem somos de certa forma sempre nos acompanham, estão presentes na memória, na maneira de agir e de pensar, no coração… mas, querendo ou não, há uma parte de tudo isso que fica. Fica longe e faz falta.

E nesse mesmo dia eu sabia que passaria então a conviver com a falta, a lidar com ela, a crescer com ela.
E aprender que a falta de um pode ser, no final, a abertura pra outro novo; ou simplesmente o fortalecimento do amor àquilo que falta.

Era a segunda viagem internacional da minha vida e era um dos momentos mais decisivos dela.

Como já disse por aqui, foi difícil soltar os abraços, foi difícil dizer tchau, virar as costas e passar pelo portão… 
Mas a sensação de chegar do outro lado do portão, a divisão pela qual o coração passa então…. essa parte é indescritível!
Saber que de um lado ficaram aqueles abraços, sentir ainda no coração o calor que eles deixaram e esperar, numa ansiedade sem tamanho, tudo que vem pela frente…. é uma mistura….bom, indescritível, por isso nem vou tentar…rs


Há exatamente um ano.


Terça feira este blog completa um ano (com 6060 visitas! Uhuuu!!!), o que significa que, segundo a contagem que venho fazendo desde então, hoje completamos 12 MESES DE CHILE!

A vida já está mais calma, as novidades já não são mais tão constantes… O que explica também a lentidão na qual este blog se encontra…
Mas foi um ano de tanta mudança, interna e externa que, como disse em dezembro, foi um ano que durou uma vida inteira!

Os seis primeiros meses têm seu pequeno resumo por aqui: “Pra mim meia dúzia é seis”
O segundo semestre foi mais menos a mesma coisa, mais visitas especiais, mais comilança, mais saudade do Brasil e dos meus queridos brasileiros, mais faculdade, mais santander, viagens (pro Brasil e pelo Chile!), mais queridos por aqui e o aqui ainda mais querido!

Foi um ótimo ano! 

Santiago é uma cidade ótima pra morar, a qualidade de vida é incrivelmente melhor do que a tínhamos em São Paulo, o clima nos agrada, a poluição do ar a gente ignora, já escolhemos nossas pessoas pra ter perto, a faculdade (minha) e o trabalho (do Lucas) estão nos ensinando bastante (sobre nós mesmos, inclusive) e o segundo ano só está começando!
É uma cidade ótima e que vai nos acolher por mais um tempo ainda… 
Já temos aqui a NOSSA casa gostosa e a nossa filha chilena vai ser um pedacinho desse país que vai nos acompanhar ainda por muito tempo…

Sendo assim, o dia tem que ser de comemoração e de agradecimento!

Pra agradecer àqueles que nos apoiaram nessa aventura louca de vir morar no desconhecido outro lado da Cordilheira, que nos desejaram boa sorte e desde então vem torcendo por nós (agora) 3, que nos abraçaram no aeroporto nesse dia tão importante, que nos abraçam on line sempre que podem e aos que vieram nos abraçar pessoalmente aqui mesmo!

Agradecer aos que nos receberam tão bem do lado de cá, que nos apresentaram o lugar, nos ensinaram o que a gente precisava saber, que ajudaram nos asados e assaltos (hahahaha), que ajudam a tornar nossa casa num lar acolhedor com a simples presença por aqui, aos que amam a Maní de verdade, aos que fazem parte do nosso dia a dia e tornam todo o caminho menos árido (mesmo com a abençoada falta de chuva desse país)!

Agradecer ao Chile, porque não, esse país tripa comprida, de cultura suficientemente diferente da nossa, pra me fazer encantar com as descobertas e suficientemente parecida, pra tornar essa primeira adaptação não tão difícil. Aos chilenos tão apaixonados pelo Brasil, sempre nos recebendo bem. (às praias brasileiras, responsáveis por todo esse amor!). Aos que não nos recebem tão bem assim também, porque deles dependem nossas maiores aventuras pelo país…hahaha

Agradecer ao Santander, claro! Gostem ou não desse banco, ele é o maior responsável pela situação atual!

E, sei lá..agradecer à vida, por tudo isso, por todos esses à quem agradeço, por tudo que veio e ainda virá!

Então, um brinde ao primeiro ano de expatriados, no Chile, em família e com a vista mais emocionante da vida!

Beijos especiais a todos os vocês, sempre tão queridos e pacientes, que ainda guardam um pouquinho e curiosidade pra esse blog….











ps.: Sabe como comemoramos 1 ano de Chile?
Fomos almoçar coxinha e feijoada no restaurante brasileiro!!! hahahaha




"Sempre na guarda do seu portão"

Cão de guarda???



Que nada! Aqui é Cão que Aguarda.




Do lado da porta. 




Sentada ansiosa ou dormindo relaxada, tanto faz.




Ela espera.

Porque o que importa é garantir sempre a melhor recepção ao próximo que chega.
Garantir que qualquer perna nova vai ganhar a marca do seu cheiro.
Que cada um que entra se sinta especial e querido.
Mostrar pra cada um que volta a falta que fez.
E ganhar lugar no coração de todos que se derretem e se deixam conquistar!


A capacidade que a Maní tem de sentir e demostrar afeto (quase de graça) é de se invejar!


"Serás o meu amor, serás a minha paz"



Há exatamente um ano eu estava lá, nervosa como nunca, feliz como nunca e realizada como nunca imaginei que pudesse estar. Eu, que sempre adorei fazer piadas sobre casamentos, que adorava dizer, até pra chocar – confesso, que não via o menor sentido na instituição e celebração do casamento, que nunca sonhei com um vestido de noiva, que nunca acreditei em Príncipe Encantado.




Euzinha, esse ser muitas vezes amargo e pouco romântico, tremendo feito gelatina e conseguindo falar ainda mais baixo e mais rápido do que já falo normalmente.
Estava parada ali, de branco, na frente de um grupo enorme de pessoas, pessoas mais do que especiais (após o dificílimo trabalho de encurtar ao máximo a lista dos queridos), sentindo na pele (literalmente) todos os olhares carregados de carinho, de orgulho e de felicidade compartida.
E, principalmente, olhando nos olhos da pessoa mais importante que cruzou meu caminho pra dizer, pra quem quisesse ouvir, que eu finalmente acreditava no Felizes para Sempre!





O texto que eu tinha preparado saiu um negócio enrolado, difícil de entender…esquizofrênico, mesmo! Mas hoje, relendo, eu concluo que ele não era ruim…
Quer ver?




Acho que a parte mais difícil deste texto é começar a escrever (tirando, é claro, ler na frente de todo mundo depois!).
Tive algumas idéias de o que fazer, ou como começar…mas elas nunca iam adiante.
Algumas das coisas que eu pensava em te dizer, acabava concluindo que alguém já tinha dito em alguma música. Aí não era original, não servia! Depois abri mão da originalidade, afinal, podia não ser “meu”, mas era de coração…
Pensei em fazer uma montagem com cada pedaço de cada música, escolhendo a dedo cada uma das frases, pra poder dizer exatamente aquilo que eu queria dizer. E aí, antes de começar, percebi que essa idéia resultaria em um grande barulho esquizofrênico e sem identidade.
Próxima idéia? Eu não fazia idéia!
Desejei que eu pudesse aprender a cantar pra te surpreender com um “número”. Seria brega, mas seria MUITO surpresa! Se eu dançasse nesse “número”, então…!
O problema é que eu precisaria de infinitamente mais tempo do que o disponível pra ser capaz de aprender essas coisas. E, provavelmente, no meio do processo, me daria conta de que era tudo bem ridículo.
Então…escrever? Mas como ser original pra falar de um sentimento tão batido, tão cantado, contado, declarado por praticamente todo mundo que resolve escrever sobre algo: o amor?
E eis então que, num momento de “tempo livre esperando a equipe do Final Feliz chegar”, me vejo sentada na frente de um caderno em branco. Um caderno vazio e um coração completamente inundado! Inundado de amor, de saudade, de ansiedade, de paixão (sim! Depois de mais de 5 anos, muita paixão!).
Parecia então um bom cenário pra começar…
Fiquei pensando sobre o caderno vazio, cheio de nada, e o barulho esquizofrênico de antes. Eles parecem opostos, mas na verdade acho que a união dos dois representa bem a nossa união.
Um barulho esquizofrênico pode ser uma ótima metáfora para um relacionamento. Piadas maldosas à parte, nunca se começa uma relacionamento do nada, sempre existem as histórias individuais e anteriores que se fundem. Da mesma forma, acho que quando se trata de amor (pra falar de amor, ou pra sentir amor) é impossível ser totalmente original.
O ser humano se relaciona e se ama há milhões de anos. Parece mesmo improvável que possa existir um tipo inédito de amor pra se sentir; é como se todos os “tipos” já tenham antes sido experimentados ou narrados por alguém…
O fato é que, para construir o nosso amor a gente escolhe cada pedacinho desses tipos já conhecidos, da forma que mais nos convém, pra formar o “barulho esquizofrênico de amores” que tem a nossa cara, que se encaixa perfeitamente em nós dois.
E é a partir deste barulho esquizofrênico de amores que nos tornamos um caderno em branco.
Um caderno em branco, com folhas recicladas, onde será escrita agora nossa vida.
Juntos estamos nos dispondo a construir uma nova vida, uma nova família. Tudo quase do zero pois, carregando a bagagem de vida (e de família) que já temos nas folhas recicladas, vamos criar uma nova forma de escrita, a NOSSA forma!

E eu, que sempre fui meio cética com essa história de casamento tradicional e de felizes para sempre, estou aqui, parada na frente de toda essa gente querida, vestida de noiva, pra dizer que nunca estive tão segura sobre nada na minha vida, quanto estou agora! Porque eu tenho a certeza de que estou com a pessoas certa e que juntos somos incríveis!
Não que eu ache que vai ser super fácil ser feliz pra sempre, afinal, barulho esquizofrênico demais na cabeça, ou ficar muito tempo escrevendo, podem trazer eventuais dores de cabeça. Mas a parte de mim que escolheu, 5 anos atrás, aquele cara cabeludo, cheio de piercing, quase metalero, deve gostar de um rock pesado e barulhento. E a parte de mim que foi descobrindo junto com você esse seu “novo eu”, está pronta pra sentar velhinha, em uma poltrona ao lado da sua (como no Up!), com óculos de leitura (pra não doer a cabeça), pra lermos juntos toda a história que teremos escrito no nosso caderno, já não mais em branco…
Te amo profundamente, com nosso jeito de amar e pra sempre!”




Agora um ano passou, um monte de coisas mudou, nosso caderno já não é mais em branco e é cada vez mais lindo. Nossa história está se escrevendo conforme planejamos, com surpresas, claro, mas com tudo do nosso jeito.
Nossas casas, nosso país, nossa filha, nossas comidas, nossos amigos, nossos tempos separados, nossas atividades individuais, nossas risadas juntos, nossas discussões, nossos amores, nossas conquistas, nossos trabalhos, nossos sucessos, nossas descobertas, nossos aprendizados, nossa vida…
Todos os dias você me faz querer ser uma pessoa melhor, todos os dias eu quero poder ser capaz de poder fazer você ainda mais feliz, como você me faz. Crescer e andar os caminhos da vida com você ao meu lado é muito mais prazeroso, seguro e, definitivamente, a melhor escolha que fiz na minha vida.
Se é que destino existe, sei exatamente porque raios eu errei tão feio na escolha da minha primeira faculdade: eu precisava chegar na UFSCar porque eu PRECISO de você na minha vida!




Sempre digo no blog que sou uma pessoa solitária, que gosto de ficar quieta no meu canto, etc.. Mas eu só posso gostar tanto disso porque sei que meu canto é justo do ladinho do seu, na intersecção com o seu. E é essa a magia que descobri no casamento: depois de um ano de casados, não posso dizer que nos tornamos um só, mas que nos tornamos versões muito melhores do nosso “nós dois”.
O que mais eu podia pedir pra vida?!?














O primeiro ano foi maravilhoso, mas a melhor parte é saber que é só o primeiro de tantos outros que virão, e sem dúvida cada vez melhores!


Te amo!!!!!