“Educação Sentimental “

Há muito que quero ensinar à minha filha nessa vida e sei que a maioria das coisas importante se ensina não por discurso e/ou imposições, mas através de exemplos…

Sem dúvida foi assim que aprendi com meus pais a amar livros e músicas e é assim que venho “contaminando” a Cecília.

Do alto de seus nove meses a pequena tem um monte de livros (a maioria presente da vovó Nanci) e os adora, seja pra ler com a mamãe e o papai ou pra “introjetar” os conteúdos:

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E música?!?
Ela ouve comigo e curte desde a barriga e reconhece algumas músicas preferidas (sorrindo ou se acalmando) desde muito pequeninha!!! Agora já aprendeu a dançar e muitas vezes capta uma música no ambiente e começa a balançar os bracinhos antes que eu tenha escutado qualquer coisa!

Hoje comecei a dar uma nova lição. Lição que minha mãe começou a me passar muito cedo, quando eu tinha meus poucos 1 ano e 10 meses. Lição que eu não esqueci nunca, que mora no meu coração desde que me conheço por gente!
Hoje levamos a Cecília pra assistir seu primeiro show!!!

Fomos eu e minha mãe com ela, pra relembrar os velhos tempos e recomeçar uma tradição. O show era da Banda Estralo, “Estórias de Cantar”, recheado de poesias, musicas de qualidade e muita gracinha pra criançada, muito gostoso!!!

Estávamos receosas que ela se assustasse, que fosse muito novinha pra aproveitar… Se acertamos ou não?!
Da uma olhadinha no vídeo:

https://www.youtube.com/watch?v=tE1CkOhxTJ4&list=UU7Yer89BLpCSKu-RtaWt0tg

Acho que estamos no caminho certo!!! =)

(ps.: alguém aí me ensina a colocar vídeos no wordpress??rs)

"and when the music starts"

Já disse outras vezes que uma das maiores características dessa vida no exterior é a presença constante da saudade.


É saudade de tudo, saudade de coisas que eu nem sabia que me importavam. 
E uma saudade diferente.
Porque não é como estar com saudade de ir em um restaurante que faz tempo que não vai. Ou de uma amiga que faz tempo que não vê. Porque essas saudades são fáceis de resolver – uma ligação, um planejamento, e pronto!

Essa nossa saudade do dia a dia não pode ser “matada” assim. Não é tão simples.
Existe uma consciência de que precisa-se conviver com ela, adaptar-se a ela. Respirar fundo, contar até três e seguir o passo normal. Sabendo que que falta um tempo aproximado pra resolver a bendita.
Sabendo, portanto, que essa nova amiga vai te acompanhar por um tempo ainda… 



Ganhei “de presente” da Vivi, essa música super gracinha:


Pa Moreno é uma cantora la de Piracicaba, que tem essa voz veludo super gostosa e que falou direto comigo! =)
Me identifiquei super com a letra, e lembrei de dois textos meus sobre o tema, que foram revisitados depois de escutar a música duas vezes! rs



Enjoy!

"mas eu, desligado, nem quis ouvir"

Assim como acontece com pessoas que acabei de conhecer, eu raramente gosto de músicas novas de cara.
Em geral leva um tempo… uma indicação de alguém de confiança ou algum pequeno detalhe que me chame atenção. Aí, puf!, minha curta lista de “dos que gosto” aumenta um pouquinho…


Quando, no ano passado, começou aquela divulgação ultra moderna das gravações das novas músicas do Chico, claro que eu acompanhei! E claro que eu comprei o cd na pré-venda, pra ganhar o código especial e ir ouvindo as músicas conforme elas iam saindo no site.
Mas não me empolguei com nenhuma delas. Só depois que algumas pessoas começaram a comentar, ou postar trechos das músicas novas é que eu fui prestando atenção e me encantando.
Hoje já acho o cd “Chico” muito melhor que o último, “Carioca”, e realmente adoro a maioria das músicas e todo o coração que se percebe nelas!

Aí, esse ano, o Zeca Baleiro resolveu lançar disco novo e fez um esquema bem parecido com o do Chico: um blog onde iam publicando textos dele sobre o cd e uns vídeos caseiros feitos com making of do disco. Achei legal a técnica, dava uma impressão de proximidade, de estar participando da coisa toda. Fora que como eram sempre trechinhos pequenos e aleatórios, eles deixavam um gostinho de quero mais… fui ficando curiosa pra ouvir as novas músicas.
De novo, comprei o cd na pré-venda – fui uma das 100 (acho) primeiras a comprar, o que me garantiu uma capa autografada – e fiquei esperando chegar.
Antes do cd ser entregue, ele foi liberado inteirinho no Sonora. Como já tinha escutado uma música no site e achado bobinha, nem me empolguei pra ir correndo ouvir; e quando fui, descobri que daqui do Chile não teria a autorização pra escutar..

Frustrada, fiquei esperando o cd ser entregue – lá no consultório da minha mãe, em Alphaville – e depois esperando alguém vir do Brasil pra cá e conseguir me trazer o cd.

Enfim, o cd chegou! Faz um mês mais ou menos.
E juro que tô me esforçando. Juro que já ouvi várias vezes. Juro que tento não ficar com ciúmes porque ele tá todo popular e cheio de fãzetes no facebook. Juro que me esforço pra não fazer birra só porque não vou ver a turnê desse show…

Mas não adianta! Até agora, não consigo gostar desse cd!!!!
Achei bobo, achei esquisito…achei meio fora de lugar…
Não vi os charmes Baleirísticos de brincar com o português, nem as letras irônicas e gostosas… E quando tem uma pontinha de um deles, o complemento é irritante ou insuficiente!

Sei lá, me soa artificial ele falando “tattoo” ao invés de tatuagem, por exemplo…
Esse cd me dá a sensação que foi feito pra ser gostado – e isso é o tipo da coisa que menos me gosta! (ok,ok…essa formação não existe no português, mas não sei dizer de outra forma…hahaha)

Aí eu ouço mais um pouco e até gosto um pouco de uma música… “Meu amigo Enock”, por exemplo.. a “moderneza” é forçada, mas a música tem suas fofísses…
Mas me diz, escuta ela com atenção e me diz, o que raios o Enock tá fazendo nessa música?!?!?!?!

É uma letra fofinha sobre um “relacionamente on line”. 
Mas impressão que eu tenho é que ele tinha esse verso escrito:
“O meu amigo Enock

Que tem uma banda de rock”
E não tinha onde colocar…aí pareceu que ia rimar com facebook e virou tudo uma música só!
Aaaaarrrgggghhhh!!!!

Anyway…não vou ficar aqui reclamando de todos os detalhes (que poderia..rs), mas o fato é que tô de bode…
E não sei se nesse rompimento seria sincero dizer : “não é você, sou eu!”
Honestamente, não sei!

Vocês aí, ouviram o cd, tem alguma opinião a respeito? Acham que estou só sendo mimada e birrenta?

Será que uma hora vou me empolgar com o tal do “O Disco do Ano”???








"Pedaços de mim"

Ser mãe é ensinar a coragem, incentivar as ousadias, reforçar a auto-estima, curtir as novidades e comemorar as novas conquistas.
Saber acertar a distância: longe o suficiente pra deixar o filho e ir e se virar, e perto o suficiente pra poder segurar em caso de queda.
Minha mãe “me deixou” vir pro Chile e sabe estar sempre pertinho de mim (pelo coração e pela internet). 

Minha filha acaba de descobrir esse novo mirador na casa e claro que a babona aqui ficou orgulhosa, achou lindo e registrou o momento…rs



A homenagem pra minha mãe eu fiz outro dia, aqui no blog, pelo aniversário dela, e hoje só posso repetir o parabéns pelo seu dia e muito obrigada por, literalmente, TUDO! Com ela estarei agora sempre, pendurada em seu  pescoço! =)

A homenagem pra minha filha está em cada amasso e nos beijos infinitos que posso dar todos os dia nela e em cada carinho e chamego que recebo de volta! Privilégio que eu sei aproveitar direitinho!

Às outras mães, desejo um feliz dia, com o coração cheio de amor e os abraços cheios de carinho – desse jeito que, como todo filho sabe, só as mães sabem ter!

Beijos  à todas!


"Tô lhe contando que é pra lhe dar água na boca"

“Chico é como um parente distante, que chega de repente e penetra na intimidade do nosso lar.”



A frase é no Nelson Rodrigues, o livro é da Regina Zappa, a biografia é do Chico Buarque, o presente eu ganhei do Lalo.

Mas quem se delicia sou eu. Quem está ainda mais apaixonada, sou eu!
Sério, dá vontade de ler esse livro infinitamente, pra sempre, todos os dias…

Ele traz a sensação de que estou do ladinho do Chico, escutando ele e amigos muito próximos a ele narrarem lindas histórias sobre uma vida que eu queria ter vivido; ou pelo menos acompanhado de perto.
(como eu sempre digo, nasci na época errada!)

É só a sensação, mas já é tão gostoso!!!Acho que isso é o que todo livro deveria proporcionar ao seu leitor…
Esse acertou na mosca!

No final, as histórias são do Chico e sobre o Chico, eu não estava lá pra ver e contar, a Beneton não gravou tudo e a globo só passou umas partes…mas o bom é poder abrir o livro e tê-las ali, pra hora que eu quiser relembrar, como se elas quase fossem minhas!





Ah! Não preciso nem dizer que nos dias em que estou lendo não consigo ouvir nenhuma outra coisa, né?! 

"Pra quem você tem olhos azuis?"

Talvez porque por um bom tempo éramos as duas e só.
Talvez porque sempre estivéssemos as duas – com ou sem mais alguém.
Talvez porque nós, de alguma forma, crescemos juntas.
Talvez porque eu não seja muito boa de amigos novos.
Ou talvez simplesmente porque sempre foi assim.
De qualquer jeito, assim é o melhor jeito!


Legalmente ela virou “adulta” exatamente 15 dias depois que eu nasci. Imagino que na prática tenha sido um pouco diferente… Antes ou depois ou durante… ou os três.

Outro dia, num cartão de aniversário ela fez a matemática de quanto, na porcentagem da vida dela, eu estive presente.
Pois pense bem, se eu estou com você a mais de um terço da sua vida, o que dizer da minha, que tem 100% de você?

Não precisa me conhecer muito a fundo pra reconhecer em mim seus pedaços. Seja no nariz de tomada, na maçã do rosto que tá mais pra manga, no Chico Buarque, no Lô Borges, no Gênesis, no Trem de Pirapora, no Balão Trágico… Na jeito de pensar, de chorar, de dirigir… Na dificuldade de enxergar ou nas trapalhadas do dia a dia…

O blábláblá de “eu não existiria sem você” é bastante redundante no caso filha-mãe; e eu sei que sou suspeita pra falar, mas realmente acho que nossa relação é mais especial do que as que estão por aí…

Correndo o risco de ser repetitiva – ou melhor, já sendo – nas datas especiais é mais difícil estar longe; e o coração dividido dessa vida de expatriada fica ainda mais apertado em dias como hoje…
Queria estar aí, dando e ganhando colo, comendo comidas gostosas, fazendo programa de “nós 4”. Queria dar todos os beijos e abraços que estão faltando e mais vários especiais pelo dia.

Eu não posso te responder a última pergunta que você me fez quando nos despedimos da última vez, porque eu não sei a resposta. Mas uma coisa eu garanto: por mais feliz que eu esteja longe, um pedaço do meu coração sempre vai estar dolorido (de saudade, de culpa, de amor…)
E mais: por mais longe que eu esteja, não importa os quilômetros de cordilheira ou os infinitos litros de mar que possam tentar nos separar… Eu sei que sempre estaremos juntas!
Você está sempre no meu coração e na minha cabeça – e no meu iPod, e no meu fogão…

Te amo porque você é minha mãe, porque você é minha amiga, porque é uma pessoa incrível, porque tem os olhos mais azuis e mais expressivos que eu já conheci, porque tem o sorriso mais “iluminador de ambientes” da história (tá, vai…acho que só não ganha do Gael Garcia Bernal…hahaha), porque é uma profissional impressionante, porque é um ser humano especial… Te amo porque você é você – em mim, nos outros e em você!

O dia já tá acabando, mas durante todo ele eu te desejei um feliz aniversário. E desejo – todos os dias, mas hoje especialmente – que cada dia da sua vida seja melhor, que as dificuldades tenham uma razão de ser, que os motivos pra comemorar sejam infinitos, que o coração esteja sempre inundado e que você seja cada dia um pouco mais feliz!

Te amo, mãe! Parabéns!!!




"Hora de ir embora"

“Arte de deixar algum lugar
Quando não se tem pra onde ir”

Minha visão do paraíso é um show eterno do Chico Buarque…

Esse de hoje foi especial demais! Fiz questão de não ler antes a setlist e fui me encantando a cada começo de música. Foi perfeito! Pérola atrás de pérola!
Acho que quem montou essa setlist conversou antes com meu iTunes, ou é alguém que me conhece muito bem e sabe direitinho o que eu gosto… Impossível não chorar ao ouvir algumas “primeiras notas”…
Típicos “agora que ouvi isso ao vivo, já posso morrer”. rs
Na verdade comecei a me emocionar logo que chegamos na mesa…hahaha
Chorei um monte o show inteiro e mais um bocado quando acabou…
E claro que agora faltam palavras pra descrever a maravilha, desculpem!

Fica a pergunta de sempre: “por que tem que acabar???”
Sair da beirada do palco (sim, eu assisti o bis debruçada no palco!!!), virar as costas e ir embora…putz! Chega a ser cruel…

Mas não tem jeito…o show acaba, o palco vai sendo esvaziado e em algum momento preciso sair. Por mais que eu gostaria de ficar lá, fantasiando que posso sentir o perfume do Chico, babando no copo de água babado por ele, procurando algum possível fio de cabelo que tenha caído e me sirva de material pra uma futura clonagem, sei lá (rs), alguma hora preciso ir embora.

Mas ir embora já tá virando rotina pra mim…

Acabou o show como acabou a viagem.

Volto amanhã pro Chile com a alma lavada pelo show apaixonante, o coração aquecido pelos abraços e beijos recebidos, a barriga cheia de todas as delícias saudosas comidas, a mala pesada com alguns presentes ganhados, algumas saudades que ficaram sem solução…
E já volta aquela característica divisão de sempre.

Quero ir mas fico triste por não ficar, sabe como é?



“Hora de ir embora
 quando o corpo quer ficar
Toda alma de artista quer partir…”


Então, como disse o Chico: “Adeeeeuuuussss””




"Vamos lamber a língua"

Um dos piores pesadelos que tive na vida – se não o pior – foi quando sonhei que o Chico Buarque tinha morrido. Acordei chorando muito e com uma angústia tamanha que demorou a passar e que até hoje aperta meu peito quando penso no assunto.

Em 2007, no período em que ia a todos os “Baile do Baleiro”, ou seja, quase toda semana num show, eu sempre saía de lá com a alma lavada, com uma felicidade indescritível. Ia dormir leve e tinha sonhos super gostosos em que estava em uma roda de violão com toda a banda, super amiga do pessoal, batendo altos papos e cantando tudo que é música. Isso sempre resultava em manhãs deprimidas e depressivas, manhãs de voltar à realidade, lembrar que não sou amiga dessa turma e tão pouco sei cantar! rs

Li agora no blog Adorável Psicose o seguinte trecho:

“Lembro da professora de “Atualidades” falando sobre como o comércio era uma das provas de que não somos autosuficientes. Nós precisamos trocar para sobreviver.
E seguindo essa lógica, seria, de fato, impossível ser feliz sozinho. Tom Jobim devia concordar com a minha antiga professora de “Atualidades”. De repente eles até já se pegaram. Isso explicaria muita coisa do que ela dizia nas aulas.”

Fiquei pensando então na relação que desenvolvi com a música…

Eu costumo dizer que o Chico Buarque é o homem da minha vida e que o Zeca Baleiro é meu amante. (tenho, inclusive, sérias brigas com meu marido real sobre tietagemXciúmes)

É claro que essa brincadeira se refere puramente às composições de cada um deles. Admiro MUITO pessoas capazes de fazer músicas tão bonitas – até porque uma das maiores frustrações da vida é justamente a falta dessa capacidade em mim – mas o amor, antes de ser pela pessoa, é por aquilo que ela (me) diz com seu trabalho.

Mais do que a pessoa, o que apaixona e é capaz de tocar bem lá dentro (nas feridas más ou nas memórias boas, não importa), é essa magia que é a música em si.

Óbvio que a professora de “atualidades” não pegou o Tom Jobim, mas acho totalmente provável que as idéias que ela disseminava nas aulas como “verdades a serem racionalmente aprendidas pelos alunos” viessem da relação emotiva que ela própria tinha com as músicas e, consequentemente, com as idéias do Tom.

Acabei também de comentar com uma amiga: 
Não tenho absolutamente nada a ver com carnaval ou futebol, na verdade não gosto de nenhum dos dois; mas os anos de convivência com o Chico Buarque fazem com que seja impossível meu coração não ter uma quedinha pelo Fluminense e arrastar uma super asa para a Mangueira!

Porque no fundo é exatamente isso: eu posso nunca ter falado com o Chico na vida (apesar de ter tido a chance de agarrar o pé dele uma vez. rs), mas digo sem aspas nenhuma que tenho anos de convivência com o Chico Buarque.

E não me importa que na vida real ele seja chato ou arrogante, ou que o Baleiro use ou não drogas antes dos shows. 
Não importa que o Chico namore uma menina “boba” de 30 anos ou que o Baleiro seja casado com uma fotógrafa feia.
Não importa, porque não é através da vida real que me relaciono com eles. Não é com o eles de verdade e eu sei disso.
É com o papel que cada um assume em cima do palco ou com a idéia ou imagem ou sonoridade encantadora que eles cantam tão belamente.


Porque passa pelo racional, claro. É como disse uma vez: alguém que não entenda e/ou admire a língua portuguesa como eu, simplesmente não é capaz de entender totalmente minha paixão por Chico e Baleiro!

Mas também passa por….bom, como diz a Adriana Calcanhotto, de prato e garfo:




Pois é, acho que minha relação com a música se dá em algum outro plano. Em que sou só eu e a música de alguém.
É carnal, como o “de repente eles até já se pegaram”, mas é carnal no nível espiritual – se é que isso faz algum sentido…

Faz?