“Na tua presença” – 6 meses

F. Pearls escreveu:

 

“Eu sou eu.
Você é você.
Eu não estou neste mundo para atender

às suas expectativas.

E você não está neste mundo para atender

às minhas expectativas.

Eu faço a minha coisa.

Você faz a sua.

E quando nos encontramos,

é muito bom.”

Sabe, filha, penso que nós nos encontramos! E foi – e está sendo – lindo, lindo!!!

Há um ano e tanto nos encontramos pela primeira vez e, apesar de sermos praticamente uma só, fomos aos poucos nos conhecendo… Primeiro as sensações, algumas imagens borradas, os sons de nossos corações…depois os movimentos, os hábitos, mais sons em comum… Aí a espera, o trabalho conjunto e então o primeiro colo e o primeiro abraço…há seis meses!

Antes você era como uma parte de mim, mas há seis meses inteiros você é você e só!

E há seis meses, então, eu venho descobrindo essa outra pessoa, me apaixonando, me irritando às vezes, aprendendo a respeitar, aprendendo (e ensinando) a separar, descobrindo as dores e as delícias dessas parceria…

Seis meses, filha, é metade de um ano…e é muito pouco tempo, considerando tudo o que você ainda tem a viver… Mas nesses seis meses você já passou por tanto, já mudou tanto, nós já aprendemos tanto, já nos amamos tanto, que é até um pouco difícil de acreditar que ainda caiba tanta emoção e tanta vida nessa experiência que vamos compartilhando, vivendo nós quatro juntos..! E quer jeito melhor de viver?!

Seis meses…
Esse é um marco importante, sabe?!
Agora você vai ficar cada vez mais independente – “Cecília Mobile”, como eu gosto de dizer! rs – vai começar a conhecer outras delícias da vida, vai provar comidas gostosas (e outras nem tanto), vai passar a se alimentar de outras coisas além do leite que te dou com tanto gosto
Tô ansiosa para te acompanhar nessa experimentação toda e pra reinventar um pouco nossa relação!
Tenho certeza que vai ser enriquecedor, pra você e pra mim!

Aliás, essa é uma boa definição do que esses seis meses seus fizeram a mim: me enriqueceram! De diversas formas, com muitos detalhes, em variados sentidos…

Obrigada, meu amor, por ser tão preciosa (em chileno e em português!) e por fazer nossas vidas tão especiais!!
E parabéns por seu primeiro meio ano de vida, filha!!

 

7kg, 68,5 cm e uma simpatia sem tamanho!

7kg, 68,5 cm e uma simpatia sem tamanho!

Te amo, pica-pau!!!

“Era uma vez…”

Ou: “Nossa história no começo da amamentação…”

Cecília mamou na sua primeira hora de vida (como recomenda a OMS, aliás!). Mas ela não veio com o reflexo de procurar o peito…ou a gente perdeu o timing, não sei…

Sei que quando a matrona veio me ajudar a colocá-la pra mamar ela chorava e não pegava o mamá…a matrona segurava meu peito e trazia a cabecinha dela pra perto, mas ela tentava girar a cabeça pra longe e chorava… E eu incomodada, sentindo que aquilo que não tava “natural”…

 

Eu sabia a teoria, sabia que tinha que segurar o peito com a mão em C, polegar embaixo, e trazer a bebê pra perto, mas a bichinha não abria a boca!! Depois de um tempinho nessa “briga” consegui dar um jeito de colocar o peito na boca dela..um jeito que, eu sabia, não era o correto, mas era o que eu tinha conseguido e havia funcionado: ela finalmente pegou e mamou!!

Mamou bastante e mamou gostoso! Mas tava errado… A maneira com que ela pegava o peito estava errada, o que resultou em feridas no mamilo logo no dia seguinte!

Como fui pra maternidade armada do meu arsenal pró amamentação, lá mesmo comecei a usar a concha de proteção pra evitar o atrito com a roupa (mas não podia usar por mais de 20 minutos, porque corria o risco de dar fungos) e a pomada de lanolina…

 

Cecília mamava bastante, desde o começo em livre demanda! Eu continuava achando que a pega tava errada, mas não conseguia saber exatamente o porquê…parecia que ela fazia a ‘boca de peixinho’ e que abocanhava tudo o que conseguia da auréola, mas algo não tava bom…
E acho que algum tipo de intuição ja me apontava o problema: cada vez que eu ia dar mamá ficava um tempão tentando fazer ela pegar direto…soltava e oferecia de novo muitas vezes, até ela se irritar, eu desistir ou a gente se acertar! E repetia um milhão de vezes pra ela “Bocão, filha…tem que abrir bocão” – repetia tantas e tantas vezes que a Sil até brincava que “bocão” seria a primeira palavra da Cecília! rsrs

Enquanto isso as informações que recebia das matronas e enfermeiras que iam nos ver no quarto eram super contraditórias: enquanto uma me dizia pra tomar cuidado com a pomada de lanolina, que poderia deixar o peito escorregadio e atrapalhar a mamada, outra dizia que como já estava começando a ferir, era bom encher de pomada sempre (como ela aliviava a dor, eu acabava enchendo mesmo!). Várias delas pediam pra me ver amamentando e nenhuma falou nada sobre corrigir a pega!

Aliás, no sábado a noite, pouco mais de 24 horas depois do parto, duas enfermeiras comentaram que o cocô da Cecília já não era mais puro mecônio, eram as tais das “deposiciones de transición”, o que significava que não só ela estava mamando, mas estava mamando já um pouco de leite junto com o colostro!!! Fiquei toda felizona com a notícia de que meu leite já estava descendo, claro!
E no domingo, no momento da alta, vimos que a Cecília havia perdido apenas 4% do peso do nascimento (quando o esperado geralmente são 10%) assim que fomos liberados com a instrução de seguir como estávamos, então vim pra casa achando que talvez estivesse exagerando na tal ‘sensação’ de que a pega tava errada…

 

Na terça-feira o leite resolveu descer de verdade, e veio com tudo!!! Cecília com seu estômago de 5 dias de vida simplesmente não dava conta de mamar tanto! Resultado: peitos enormes, quentes, duros, ingurgitados, vazando…eu também sabia a teoria sobre esse problema: tinha que esvaziar e colocar compressas!!! Esvaziar pra aliviar esses incômodos e pra garantir que a produção do leite continuasse adequada – e pra isso eu tinha comprado a bombinha!!
Mas a prática incluía um pequeno detalhe: meus mamilos estavam MUITO machucados e eu tava morrendo de medo da dor que sentiria ao ser sugada por aquele cone de plástico!!rs
E medo = desequilíbrio hormonal! Isso somado à inexperiência no uso da bombinha resultou em vários minutos (hora?) de tortura! Eu massageava com a mão, colocava a compressa, apertava a bombinha e praticamente não saía leite…mas saía sangue e doía à beça (menos do que eu temia, confesso)!!!
Nessa noite eu fui dormir chorando nos braços do Lucas! Chorando de dor, de medo que aquilo não fosse melhorar, de medo de estar fazendo tudo errado, medo de ter estragado meu sonho de amamentar por ter ignorado minha sensação anterior…!

 

Acontece que eu sou péssima pra pedir ajuda e o pessoal aqui teve que insistir pra que eu ligasse no “Centro de Aleitamento” da maternidade pra marcar horário pra consultoria… Liguei uns 3 dias e nunca ninguém atendeu (sempre lembrava de ligar na hora do almoço, oh o inconsciente me boicotando…rs)

Os dias foram passando e a ferida piorando…peguei dicas com amigas de como melhorar (volto pra falar disso!), lia muito no grupo do facebook, mas como eu não sabia exatamente o que estava fazendo errado, não conseguia arrumar…!

Além disso ainda estava confusa com a questão do “revezamento de seios” (quando dar um e quando dar o outro), continuava ferindo em cima das feridas, enfim, uma confusão…!!

E foi aí que duas postagens da Chris Nicklas na página do “Amamentar é…” nos salvaram!!! Tanto, mas tanto, que serei eternamente grata a esse site e à Cris, que faz esse trabalho tão bacana – e dá pra notar – com tanto carinho!!

Primeiro foi essa:
http://www.amamentareh.com.br/tempo-da-mamada/
Já tinha visto mil vezes os vídeos com as entrevistas da Dra. Ana Heloisa, mais de uma vez cada um (e continuo vendo! Hoje mesmo, aliás, meu marido disse que já não aguenta mais ouvir a voz dela! hahahaha) mas justo esse ainda não tinha visto… e não consigo nem explicar o quão fundamental ele foi pra eu me entender de uma vez por todas sobre essa história do tempo das mamadas, de qual peito dar, etc… Fora a dica preciosa sobre apoiar o peito durante toda a mamada e corrigir, sim, sempre que necessário a pega da bebê!

Depois veio esse vídeo:



Ele não me chamou atenção especificamente, mas eu assisti porque sempre via as postagens da Chris e esses 27 segundos me deram um click! Nunca tinha pensado que a Cecília fosse “um bebê resistente”, mas sim, eu já sabia desde os primeiros dias que o “bocão” dela não estava sendo suficiente, só não tinha me dado conta conscientemente!rs
Consegui então inventar um novo jeito de colocá-la pra mamar – difícil de explicar, mas inverti as mãos pra conseguir sozinha apoiar a cabeça e o peito e trazê-la pro peito como fazem nesse vídeo, de maneira bem acertiva – e como num passe de mágica as mamadas (no peito menos machucado) pararam de doer! Juro, como num passe de mágica!!!

Faltava ainda resolver o machucado do outro mamilo… e foi mais simples do que eu imaginava: fiquei pouco mais de 24 horas sem amamentar nele (esvaziava sempre, ordenhando com a mão ou, quando conseguia, com a bombinha, mesmo), deixei tomar ar e sol e quando voltei, já com essa nova maneira de oferecer o mamá, a ferida conseguiu terminar de cicatrizar sem abrir de novo!

E assim nos acertamos de vez!! Claro que depois vieram outras pequenas coisas, tipo a alergia, os dentes – com novas feridas e novas necessidades de ajuste de pega…mas desde então eu já me sentia muito mais segura, sentia que tinha conseguido levar a teoria pra prática e sabia que assim conseguiríamos ter sucesso na empreitada!

😉

 

 

(Esse texto ficou enorme e um pouco confuso, porque se trata de uma experiência muito emocional…mas relendo antes de postar percebo que ele precisa ter um PS. importantíssimo:
Se alguma mãe amamentando estiver lendo isso aqui e passando por problemas na amamentação, PROCURE AJUDA!!! Sério!!! O Brasil tá cheio de Bancos de Leite ótimos e Consultoras de Amamentação muito bacanas que podem ajudar demais!!!
Eu dei sorte de me resolver antes de conseguir a ajuda necessária, mas se tivesse continuado com dor e dificuldade, meu inconsciente que me desculpe, eu teria, sim, ido atrás de profissionais no assunto pra uma consultoria pessoalmente!) 
Não vale a pena correr o risco, não é?!

“O leite do peito” – 2

O que eu aprendi nesses 6 meses é que amamentação depende de quase tanto do empoderamento materno quanto o parto (eu disse ‘quase’!)
A gente cresce achando que amamentar é natural, no sentido de que é só plugar o bebê ali e pronto!, ele mamará feliz e ficará satisfeito! Só que não é bem assim! Amamentação é aprendizado, é relacionamento – e cada dupla mãe-bebê tem que aprender a se relacionar assim!
O bebê nem sempre nasce sabendo mamar da maneira correta – Se não tiver nascido muito prematuro, o reflexo da sucção ele tem, claro, mas isso não quer dizer que ele saiba mamar de maneira eficiente… Como a mãe nem sempre sabe amamentar direitinho…
É preciso paciência, é preciso que se ensine e que se aprenda – muitas vezes é necessário que se tenha uma ajuda externa mesmo…
Mas ao mesmo tempo, amamentar É natural! Eu realmente acredito que a grande maioria das mães é capaz de amamentar (como a grande maioria é capaz de parir, mesmo não sabendo disso)!
E além do aprendizado (ou só com o aprendizado!), a amamentação depende do correto funcionamento dos hormônios ali, naquela bat-hora, naquele bat-canal! Depende da prolactina e da ocitocina (olha ela aí de novo!!) sendo excretadas no momento da mamada pra que o leite possa ser produzido e ejetado (por cada hormônio desses, respectivamente)!

E justamente o que torna a coisa tão incrível é o que a torna tão frágil, eu mesma ja vivi mais de uma vez na pele e posso testemunhar: se há algum stress ou algum nervoso maior, o corpo da mãe passa a excretar adrenalina (grande inibidora de ocitocina!) e o leite que estava ali jorrando lindamente, puf!, some! Some mesmo, é uma questão de instinto de preservação, gente – mamíferos não se alimentam e não alimentam suas crias em “situações de perigo”!
É preciso – especialmente no comecinho – que a mãe esteja tranqüila, num ambiente em que se sinta bem, babando e lambendo a cria pra que o bebê também possa estar tranquilo e então os dois se conectem como é necessário e a amamentação aconteça! Além disso é preciso que o bebê mame sempre, estimulando o peito e garantindo que haja produção – “peito não é estoque, é fábrica”, dizem sempre as especialistas no tema!

E o processo é frágil porque rapidinho vira uma bola de neve: uma mãe muito cansada, que ainda não conseguiu se acertar com a amamentação e está com os mamilos feridos, um bebê que sente o nervoso da mãe e fica nervoso por tabela, chora bastante, não se acalma pra pegar o peito como deve… Enfim, a coisa não flui, claro…o bebê não mama como deveria, e logo aparece alguém de fora pra dizer que aquele choro é fome, ou um pediatra pra pesar e fazer careta…
E aquela mãe, que está cansada e insegura vai ficando com medo, mais insegura, descrente de si, desesperada pra ver sair alguma gota de leite do próprio peito…e aí não há como esperar que o sistema de liberação de hormônios + produção de leite funcione, né?!
Só que o fulano que te disse que seu filho ta com fome não vai te explicar tudo isso e vai ter um montão de gente pra te indicar leites artificiais pra “acalmar” seu bebê – e acalma, não tenho dúvidas!
E é aí que a tendência é a bola de neve virar avalanche: quanto mais mamadeira o bebê toma, menos no peito ele fica, menos estímulo o corpo da mãe recebe, menos leite ela produzirá, de mais mamadeiras o bebê precisará…… Deu pra entender, né?!?

E é por isso que eu digo que amamentação depende de empoderamento: a mãe precisa querer e precisar saber que “só” querer não basta!!! É por isso, aliás, que eu acho que a via de parto está muito associada ao sucesso ou não da amamentação: eu acho que mulheres que passam pela luta necessária atualmente pra parir aprendem a confiar em seus próprios corpos e na natureza; aprendem a buscar informações em fontes confiáveis; aprendem a não escutar a primeira dificuldade que aparece (ou o diabinho no ombro que aparece junto com ela) e aprendem a buscar soluções alternativas – tanto quanto aprendem a reconhecer quando é necessário pedir ajuda e ainda a recorrer ao “menos natural”, porém às vezes indispensável, como seria uma cesárea ou um leite artificial…
(Isso não quer dizer, é óbvio, que uma mãe que passa por uma cesárea não seja plenamente capaz de passar pelo mesmo processo de aprendizado sobre aleitamento e/ou amamentar satisfatoriamente!!)

Mas, repito, ter todas as informações não garante sucesso absoluto, só é um começo com um pouco mais de garantias e segurança, né?!
Afinal, a teoria é sempre mais fácil e simples do que a prática, mas a prática é muito mais possível quando temos uma boa bagagem de teoria!!!

***Ps. importante: grande parte das informações postadas aqui no blog sobre o tema da amamentação eu aprendi no “Grupo Virtual de Amamentação” (do facebook) e no site “Amamentar é…“, que eu adoro!
Por enquanto os deixo citados como fonte e recomendação, mas faço questão de depois voltar e contar “minha relação” com essas páginas!

Ah!!! Quer saber porque eu resolvi falar de tudo isso?
Oh:

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“O leite do peito”

Na próxima semana a Cecília completará 6 meses de vida, o que significa que completaremos, eu e ela, 6 meses de amamentação exclusiva!!! Assim, cheio de exclamações e de orgulho!

Não foram os seis meses mais simples do mundo, tivemos pelo caminho pega errada, empedramento, ferida fazendo o mamilo sangrar… Tivemos (temos) alergia alimentar e pouco ganho de peso e dentinhos nascendo antes dos 4 meses, sendo acompanhados de greve de um peito, depois greve de fome, depois umas belas mordidas na mamãe…
Mas não foi difícil também, e nunca deixou de ser prioridade ou uma delícia, por isso me deu vontade de soltar o verbo sobre o assunto – e olha que é assunto pra vários posts… Vcs me agüentam tagarelar sobre isso agora? rs

Então vou começar do começo, claro!

Me preparei durante toda a gravidez pra amamentação. Muito! Mas eu soube logo de cara que não precisava preparar o peito – nada de esfregar bucha ou escova de dente com limão (juro que me sugeriram isso!!)! O corpo se prepara sozinho: o peito aumenta, a cor do mamilo muda (ele escurece porque recebe mais melanina pra pele ficar mais forte!), o formato do mamilo muda e aparecem umas bolinhas secretoras de gordura, pra já ir deixando a pele hidratada e protegida!! Eu ia vendo isso acontecer ao longo do caminho e ficava toda boba, achando super lindo a natureza funcionando! rs

Então quando digo que me preparei, tô falando de leitura, de informação!
Quase tanto quanto li sobre parto, li sobre amamentação!
Eu fazia muita questão de amamentar e sabia que o sucesso (ou não) disso dependeria praticamente só de mim!

Conversei bastante com as pessoas que estariam a minha volta, expliquei da importância que amamentar teria, falei do apoio que precisaria da parte deles, pedi pra que esquecessem a idéia de vir sugerir mamadeira quando surgisse uma dificuldade, expliquei porque não daria água ou chá…

Eu sabia que o caminho todo não seria fácil, aliás, era pra isso que eu tava me preparando!
Quando fizemos o enxoval eu montei um arsenal de acessórios pra amamentação: comprei estoque de pomada de lanonila, estoque de absorvente pro sutiã, comprei concha protetora, concha coletora, bombinha extratora de leite manual, ‘pad’ pra alívio de feridas e bico protetor de silicone (que, aliás, depois eu descobri que não é muito indicado!!)
E não comprei nenhuma mamadeira e nenhuma chupeta! Nenhuma!
Chupeta a gente acabou ganhando umas quatro e mamadeira me deram uma de brinde (uma boa, da avent) quando comprei os sutiãs de amamentação (sente só a coerência!!rsrs)

E não é que eu tenha deixado de comprar mamadeira porque eu tinha certeza que não iria precisar (eu não sou tão otimista assim)! Não comprei porque eu sabia que existiam alternativas pro caso de eu precisar dar algum complemento pra Cecília (volto pra falar disso depois!). E porque eu sabia que, em último caso, numa emergência, em qualquer farmácia eu encontraria uma mamadeira se precisasse…

Porque amamentar era muito importante pra mim, ainda na gravidez eu decidi que não daria chupeta pra bebéia pelo menos nos três primeiros meses, pelo menos até me sentir totalmente segura com o aleitamento – porque eu tinha aprendido sobre a confusão de bicos!

E assim – informada e aparamentada – fui me sentindo segura sobre o tema… Assim como no caso do parto, eu conhecia as dificuldades que poderia enfrentar e me sentia preparada pra contorná-las…

Mas claro que a prática é diferente da teoria, né?!

Essa ‘descoberta’ fica pro próximo post! 😉
Assim como o detalhamento de umas coisinhas que citei aqui… Avisei que era pano pra manga!! rsrs

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(não é post patrocinado, juro! rs)

“O que você sabe”

Uma amiga grávida me pediu umas dicas, tipo “o que vocês não vivem sem?”
Aí eu fui responder e comecei a pensar no que eu venho considerando “essencial” nesses quase 6 meses (omg!!), me empolguei, óbvio, e a resposta pra ela virou post! Hehehe
Claro que são opiniões, nada definitivo, mas, sabe como é… “fikadika” hahahaha

No quesito “coisas”, primeiro:

– Bola de Pilates: foi minha melhor amiga nas últimas semanas (ou meses?) de gravidez!!! Sério, ficava mais comigo do que a Maní! hahaha eu usava pra sentar à mesa (ao invés da cadeira, que me doía a bunda..rs), pra apoiar as pernas pra cima quando estava no sofá, pra apoiar as costas se queria fazer algo no chão, pra fazer exercícios pro períneo… usei um pouco no trabalho de parto e tô seriamente pensando em encher ela de novo pra voltar a usar agora!

– Sling!! A Cecília demorou 1 mês mais ou menos pra aprender a gostar dele (e eu pra me sentir segura com ele), mas agora é sucesso! Comprei um do modelo wrap com medinho de me enrolar muito na amarração, mas que nada, eu adoro! Dá pra amarrar de acordo com o tamanho do bebê, ir mudando as posições, é super anatômico (melhor pra postura da mãe e do bebê do que aqueles cangurus estruturados, sabem?!), enfim…É um investimento e tanto!

Cecília com quase 3 meses

Cecília com quase 3 meses

– Roupas básicas! Por mais fofas e lindas que algumas roupas de bebês possam ser, a maioria dessas “charmosas” não são nada práticas e/ou confortáveis! As da Cecília nesse estilo nós só usamos por tempo suficiente pra tirar fotos! rs Já decidi que o próximo baby só vai ter as basiconas (body+calça+macacão de algodão), principalmente as pra usar até 3 meses (principalmente porque as mais emperequetadas geralmente são as que as pessoas dão de presente!)! Ah! Evitar ao máximo botões nas costas também é uma boa dica!

– Muita gente me recomendou as calças e macacões sem pé, porque em teoria duram mais (já que mesmo que o bebê vá crescendo, ela “engana” por mais tempo), mas pra recém nascido (e no caso do macacão hoje ainda é assim) eu prefiro mil vezes as com pé, porque não ficam subindo e deixando as canelas da pequena geladas…rs

– Trocador: MUITA gente me disse que era supérfluo, que rapidamente a gente estaria trocando fraldas em qualquer lugar da casa, menos no trocador e tal, mas até agora acho que foi uma das nossas melhores compras! Mandamos fazer um móvel mais alto, pra ficar confortável pras colunas compridas aqui de casa e compramos um “colchão” pra ele em formato de “tobogã”, que dá mais segurança quando se trata de crianças rolantes…rs. Até hoje todas as fraldas trocadas aqui em casa foram nele!!

(só nunca usei esse "cinto de segurança" dele...rs)

(só nunca usei esse “cinto de segurança” dele…rs)

Almofada e poltrona de amamentação: Usei MUITO nos primeiros 2 meses!
Nos primeiros dias eu ficava tanto tempo na poltrona que minha bunda começou a ficar com o formato dela (e doer), aí tive que inventar novos lugares pra amamentar! hahaha Ainda uso toda noite pra fazer a Cecília dormir – ela faz parte da nossa rotina de sono! =)
A almofada perdeu logo a utilidade porque a Cecília ficou comprida muito rápido e eu preferia amamentar com ela mais sentadinha…mas como foi muito útil no começo, recomendo um esquema básico de empréstimo ou compra compartilhada com alguma amiga grávida…

No quesito “métodos”:

Há duas coisas sobre as quais eu tinha lido falar muito bem, mas demorei uns 3 meses pra ter “coragem” de testar aqui: banho no chuveiro e amamentar deitada!
-Banho de chuveiro dá medinho no começo (de deixar bebê escorregar e tal), mas, juro, é tão infinitamente mais gostoso e prático do que na banheira!!! Precisa da ajuda de alguém pra te entregar o bebê e depois pegá-lo (e secar e trocar..), mas o momento ali, embaixo da água, pele com pele, agarradinha com a cria, vendo-a descobrir a água..putz! Impagável! Aqui tinha até briga sobre quem ia entrar no chuveiro com ela! hahaha
-E amamentar deitada…eu tinha vontade desde sempre, mas ficava com medo de não conseguir acertar a pega ou a inclinação, sei lá…até que no dia do meu aniversário a Cecília acordou pra mamar umas 7 da manhã e eu achei que merecia ficar mais um pouco deitada..rs. Resolvi tentar a “técnica” e funcionou de cara! É confortável pro bebê e pra mãe, dá pra descansar e meio que dormitar enquanto amamenta, e é gostoso demais! Faz sempre parte das nossas manhãs por aqui!

– A gente aqui não quis adotar cama compartilhada, mas deixamos a Cecília dormindo do meu lado (primeiro no moisés, depois no colchão dela, no chão) e acho que foi uma excelente solução pra noites tranquilas… MUITO prático acordar pra dar mamá e ela já estar ali, do ladinho, poder pegá-la sem precisar sair do quentinho da cama, meio que sem nem acordar direito…recomendo tb!


Sobre questões práticas-subjetivas:

Acho mega importante ter ajuda no começo! Mas não exatamente com o bebê!
Minha mãe e minha doula-amiga passaram o primeiro mês aqui comigo, mas desde a maternidade nós decidimos que os cuidados da Cecília eram por nossa conta! (quer dizer, na maternidade eram por conta do Lucas..eu só fui trocar fralda em casa! rs)
A ajuda é importante em relação à todo o resto: casa, limpeza, roupas, comida, visitas, cachorro, papagaio, galinha… Acho que a mãe (e um pouco o pai tb) tem que estar 100% disponível para o bebê (tô falando do ponto de vista prático mesmo. Apesar de achar que no emocional esses 100% tb são importantes, sei que eles são mais difíceis de garantir!), sem precisar se preocupar com mais nada!
E, claro, se essa ajuda vier de alguém que tem experiência com bebês é uma ótima oportunidade pra pegar dicas, pra aprender fazendo com alguém do lado ajudando – só ficar olhando não adianta, porque depois, quando essa pessoa for embora, a mãe corre o risco de ficar perdidinha, sem saber o que fazer com a cria!!

Já ouviu falar de “Lua de Leite”?? Lê aqui, oh, o que é e porque é tão bacana e importante!!

Bom…pensando bem, acho que a maior dica, na verdade, é a mesma que eu já dava em relação ao parto: se entupir de informação!! Muito! Nesse caso, pra poder ficar segura e confiar em vc – o máximo que se pode numa experiência nova e maluca como é essa de se tornar mãe! rs, saber que você é capaz, que seu corpo funciona, que amamentação tem que ser APRENDIDA por mãe e bebê, que ele só precisa de você e coisas assim, sabe?!
Não que seja fácil manter o lado racional funcionando durante o tal do puerpério…aliás, justamente porque não é fácil é que a informação tem que ser na base do entupimento: se entupir até absorver, que é pra ver se a coisa funciona mais no automático…rs
Eu acho mesmo que dá certo! 😉

Por enquanto foi isso que consegui pensar…
E as outras mães por aqui?! Mais alguma dica pra dar? Algo que eu esqueci ou que vocês discordam?? Contem, contem..!

Porque, afinal, além de invisível aos olhos, o tal do essencial é absolutamente pessoal, não é?!

“Por ela faço tudo”

Já contei que sou antissocial?
Assim, sou tão, mas tão antissocial que tem até marcador aqui no blog sobre esse tema! Hahaha

Gosto de viver quieta no meu canto, tendo por perto algumas pessoas específicas pras horas que der vontade de sair do casulo e ok… Tenho necessidade de ficar sozinha!
Acontece que só muito recentemente é que caiu minha ficha de que ser mãe vai meio que na contra-mão (ou contramão? não, eu não aprendi direito as novas regras da ortografia!) desse meu estilo de vida… Percebi que ‘ficar sozinha’ não é uma opção que eu tenho mais…

E acho que é justamente por isso que meus dias tem sido mais difíceis ultimamente… É por isso que o segundo trimestre de vida da Cecília é, pra mim, muito mais desafiador do que os tão temidos 3 primeiros meses com um recém nascido foram!

Enquanto as outras mães recentes reclamavam de solidão, de falta de interagir com outros adultos e etc, eu tava aqui, na minha, felizona com a minha bichinha no colo.

Só que a minha bichinha tá virando serumana. E uma serumana bem diferente dessa que vos escreve!

Cecília é um ser social – como todo bebê, imagino, e talvez um pouquinho mais! Ela precisa de companhia o tempo todo. Ela precisa de interação o tempo todo. Ela precisa de atividades e brincadeiras relativamente variadas e interessantes.
É assim que ela aprende, é assim que ela descobre o mundo e a si mesma.
E é lindo acompanhar esse descobrimento. Me mata de orgulho vê-la observar e depois repetir, ou simplesmente descobrir sozinha e me mostrar. Sinto a responsabilidade que é ser esse exemplo e essa presença e adoro. Absolutamente.

Mas eu canso também. Canso muito. Canso o corpo e canso o cérebro. E levo à exaustão o pedacinho de mim que trabalha pesado quando interajo socialmente.

Cecília ta numa fase muito gostosa! Muito mesmo! Ela conversa, ela chama nossa presença e nosso olhar, dá os bracinhos, percebe quando vamos nos afastar, fica sentada e chama a Maní (!!!), quer ficar em pé, gargalha, se joga, faz carinho… A cada dia aprende uma coisa nova e eu babo, me delicio e registro (que é pra família que tá longe poder participar).
É a fase mais gostosa até agora, sem dúvida, mas pra mim tem sido também a mais difícil. A mais “overwhelming” (qual a palavra em português pra isso?). A que exige de mim uma adaptação que a presença de um recém nascido não exigiu – pra aquilo eu estava pronta, mas pra isso eu estou tendo que me adaptar, que respirar fundo e procurar mais força (que, com tamanha gostosura nos braços, não é difícil de encontrar, né?!), estou tendo que aprender a ser como e quem eu não era. Tendo que lidar com as tais das minhas próprias sombras, sabem?!
É difícil, mas é um exercício e tanto! Fundamental pra minha filha, mas, desconfio, melhor ainda pra mim – como mãe e como pessoa!
Especialmente porque eu sei que a demanda de atenção e sociabilização tende a “piorar” daqui pra frente – então é bom que eu encontre fôlego pra mudança agora, pra não precisar gastar tanta energia (psíquica) mais pra frente…rsrs

Mas, vai, tenho um incentivo e tanto, não é?!?

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Quem é que não vai querer socializar com essa coisinha??? =)