“Era uma vez…”

Ou: “Nossa história no começo da amamentação…”

Cecília mamou na sua primeira hora de vida (como recomenda a OMS, aliás!). Mas ela não veio com o reflexo de procurar o peito…ou a gente perdeu o timing, não sei…

Sei que quando a matrona veio me ajudar a colocá-la pra mamar ela chorava e não pegava o mamá…a matrona segurava meu peito e trazia a cabecinha dela pra perto, mas ela tentava girar a cabeça pra longe e chorava… E eu incomodada, sentindo que aquilo que não tava “natural”…

 

Eu sabia a teoria, sabia que tinha que segurar o peito com a mão em C, polegar embaixo, e trazer a bebê pra perto, mas a bichinha não abria a boca!! Depois de um tempinho nessa “briga” consegui dar um jeito de colocar o peito na boca dela..um jeito que, eu sabia, não era o correto, mas era o que eu tinha conseguido e havia funcionado: ela finalmente pegou e mamou!!

Mamou bastante e mamou gostoso! Mas tava errado… A maneira com que ela pegava o peito estava errada, o que resultou em feridas no mamilo logo no dia seguinte!

Como fui pra maternidade armada do meu arsenal pró amamentação, lá mesmo comecei a usar a concha de proteção pra evitar o atrito com a roupa (mas não podia usar por mais de 20 minutos, porque corria o risco de dar fungos) e a pomada de lanolina…

 

Cecília mamava bastante, desde o começo em livre demanda! Eu continuava achando que a pega tava errada, mas não conseguia saber exatamente o porquê…parecia que ela fazia a ‘boca de peixinho’ e que abocanhava tudo o que conseguia da auréola, mas algo não tava bom…
E acho que algum tipo de intuição ja me apontava o problema: cada vez que eu ia dar mamá ficava um tempão tentando fazer ela pegar direto…soltava e oferecia de novo muitas vezes, até ela se irritar, eu desistir ou a gente se acertar! E repetia um milhão de vezes pra ela “Bocão, filha…tem que abrir bocão” – repetia tantas e tantas vezes que a Sil até brincava que “bocão” seria a primeira palavra da Cecília! rsrs

Enquanto isso as informações que recebia das matronas e enfermeiras que iam nos ver no quarto eram super contraditórias: enquanto uma me dizia pra tomar cuidado com a pomada de lanolina, que poderia deixar o peito escorregadio e atrapalhar a mamada, outra dizia que como já estava começando a ferir, era bom encher de pomada sempre (como ela aliviava a dor, eu acabava enchendo mesmo!). Várias delas pediam pra me ver amamentando e nenhuma falou nada sobre corrigir a pega!

Aliás, no sábado a noite, pouco mais de 24 horas depois do parto, duas enfermeiras comentaram que o cocô da Cecília já não era mais puro mecônio, eram as tais das “deposiciones de transición”, o que significava que não só ela estava mamando, mas estava mamando já um pouco de leite junto com o colostro!!! Fiquei toda felizona com a notícia de que meu leite já estava descendo, claro!
E no domingo, no momento da alta, vimos que a Cecília havia perdido apenas 4% do peso do nascimento (quando o esperado geralmente são 10%) assim que fomos liberados com a instrução de seguir como estávamos, então vim pra casa achando que talvez estivesse exagerando na tal ‘sensação’ de que a pega tava errada…

 

Na terça-feira o leite resolveu descer de verdade, e veio com tudo!!! Cecília com seu estômago de 5 dias de vida simplesmente não dava conta de mamar tanto! Resultado: peitos enormes, quentes, duros, ingurgitados, vazando…eu também sabia a teoria sobre esse problema: tinha que esvaziar e colocar compressas!!! Esvaziar pra aliviar esses incômodos e pra garantir que a produção do leite continuasse adequada – e pra isso eu tinha comprado a bombinha!!
Mas a prática incluía um pequeno detalhe: meus mamilos estavam MUITO machucados e eu tava morrendo de medo da dor que sentiria ao ser sugada por aquele cone de plástico!!rs
E medo = desequilíbrio hormonal! Isso somado à inexperiência no uso da bombinha resultou em vários minutos (hora?) de tortura! Eu massageava com a mão, colocava a compressa, apertava a bombinha e praticamente não saía leite…mas saía sangue e doía à beça (menos do que eu temia, confesso)!!!
Nessa noite eu fui dormir chorando nos braços do Lucas! Chorando de dor, de medo que aquilo não fosse melhorar, de medo de estar fazendo tudo errado, medo de ter estragado meu sonho de amamentar por ter ignorado minha sensação anterior…!

 

Acontece que eu sou péssima pra pedir ajuda e o pessoal aqui teve que insistir pra que eu ligasse no “Centro de Aleitamento” da maternidade pra marcar horário pra consultoria… Liguei uns 3 dias e nunca ninguém atendeu (sempre lembrava de ligar na hora do almoço, oh o inconsciente me boicotando…rs)

Os dias foram passando e a ferida piorando…peguei dicas com amigas de como melhorar (volto pra falar disso!), lia muito no grupo do facebook, mas como eu não sabia exatamente o que estava fazendo errado, não conseguia arrumar…!

Além disso ainda estava confusa com a questão do “revezamento de seios” (quando dar um e quando dar o outro), continuava ferindo em cima das feridas, enfim, uma confusão…!!

E foi aí que duas postagens da Chris Nicklas na página do “Amamentar é…” nos salvaram!!! Tanto, mas tanto, que serei eternamente grata a esse site e à Cris, que faz esse trabalho tão bacana – e dá pra notar – com tanto carinho!!

Primeiro foi essa:
http://www.amamentareh.com.br/tempo-da-mamada/
Já tinha visto mil vezes os vídeos com as entrevistas da Dra. Ana Heloisa, mais de uma vez cada um (e continuo vendo! Hoje mesmo, aliás, meu marido disse que já não aguenta mais ouvir a voz dela! hahahaha) mas justo esse ainda não tinha visto… e não consigo nem explicar o quão fundamental ele foi pra eu me entender de uma vez por todas sobre essa história do tempo das mamadas, de qual peito dar, etc… Fora a dica preciosa sobre apoiar o peito durante toda a mamada e corrigir, sim, sempre que necessário a pega da bebê!

Depois veio esse vídeo:



Ele não me chamou atenção especificamente, mas eu assisti porque sempre via as postagens da Chris e esses 27 segundos me deram um click! Nunca tinha pensado que a Cecília fosse “um bebê resistente”, mas sim, eu já sabia desde os primeiros dias que o “bocão” dela não estava sendo suficiente, só não tinha me dado conta conscientemente!rs
Consegui então inventar um novo jeito de colocá-la pra mamar – difícil de explicar, mas inverti as mãos pra conseguir sozinha apoiar a cabeça e o peito e trazê-la pro peito como fazem nesse vídeo, de maneira bem acertiva – e como num passe de mágica as mamadas (no peito menos machucado) pararam de doer! Juro, como num passe de mágica!!!

Faltava ainda resolver o machucado do outro mamilo… e foi mais simples do que eu imaginava: fiquei pouco mais de 24 horas sem amamentar nele (esvaziava sempre, ordenhando com a mão ou, quando conseguia, com a bombinha, mesmo), deixei tomar ar e sol e quando voltei, já com essa nova maneira de oferecer o mamá, a ferida conseguiu terminar de cicatrizar sem abrir de novo!

E assim nos acertamos de vez!! Claro que depois vieram outras pequenas coisas, tipo a alergia, os dentes – com novas feridas e novas necessidades de ajuste de pega…mas desde então eu já me sentia muito mais segura, sentia que tinha conseguido levar a teoria pra prática e sabia que assim conseguiríamos ter sucesso na empreitada!

😉

 

 

(Esse texto ficou enorme e um pouco confuso, porque se trata de uma experiência muito emocional…mas relendo antes de postar percebo que ele precisa ter um PS. importantíssimo:
Se alguma mãe amamentando estiver lendo isso aqui e passando por problemas na amamentação, PROCURE AJUDA!!! Sério!!! O Brasil tá cheio de Bancos de Leite ótimos e Consultoras de Amamentação muito bacanas que podem ajudar demais!!!
Eu dei sorte de me resolver antes de conseguir a ajuda necessária, mas se tivesse continuado com dor e dificuldade, meu inconsciente que me desculpe, eu teria, sim, ido atrás de profissionais no assunto pra uma consultoria pessoalmente!) 
Não vale a pena correr o risco, não é?!

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