“Eu quis dizer:”

Ainda naquele papo de “conversas sobre parto que rolaram no Brasil”, uma coisa me chamou a atenção: eu tenho essa mania de ficar aqui, escrevendo do lado de cá da Cordilheira e pouco conversar sobre meus textos, de maneira que acabo esquecendo que à palavra escrita falta o tom e sobra brecha pra interpretações…

E aí que, curiosamente, em mais de uma dessas conversas me surpreendi com o que algumas pessoas absorveram do meu relato de parto
Houve quem disse ter ficado com mais medo de parto normal, quem ficou mais satisfeita com a própria cesáreas eletiva e quem leu “muito sofrimento” no meu texto!
Não achei ruim ouvir essas opiniões, mas fiquei MUITO surpresa, mesmo!, e até fui reler o relato pra procurar o que essas pessoas tinham visto e eu não…
(aceito novas opiniões e pontos de vista, aliás, sempre!!rs)

Eu achei que tinha ficado claro nas vezes anteriores que falei sobre o assunto. Eu acho, aliás, que já disse isso aqui.

Mas depois das surpresas dessas conversas, me deu vontade de repetir, com todas as letras, sem deixar espaço pra mal entendidos (se é que isso é possível na comunicação humana! rs).

E não é que eu queira convencer ninguém de nada, não! O que eu quero é esclarecer mesmo como é minha relação com o fato de ter tido um parto natural!

Assim, oh:

– Eu não sofri no meu trabalho de parto, nem no parto!
– Não sofri! Nada!
– Não me arrependi da escolha nem por um segundo, nem durante nem depois do evento!
– Foi lindo, lindo, lindo!!
– Foi a experiência mais transformadora da minha vida!
– Foi a experiência mais intensa que já vivi, a mais cheia de sensações e emoções!
– Não vejo a hora de passar por isso de novo (apesar de não ter nenhuma pressa em ter o próximo filho – vai entender…rs)
– Gostaria que todas as mulheres pudessem passar por isso!
– Gostaria, aliás, de poder vivenciar esse momento junto a algumas queridas que vão agora por esse caminho [sim, quero estar presente no parto de tod’azamiga! Hahahahaha Ja falei que sou a louca do parto, né?! (Se eu virar doula e criar um blog e uma empresa com esse nome, será que faz sucesso? “Gabi, a louca do parto”?! Hahahaha)]

Será que ficou claro agora? rs

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“É assim como uma fisgada”

Cada
Uno
Llora
Por
Aquello que
Siente

No plural, que é pro acróstico ter sentido.

(foto feita pela Sil em fevereiro)

(foto feita pela Sil em fevereiro)

O difícil de ser adulta (e analisada) é que não dá pra fingir que a raiva que você sente é do resto do mundo e não de você.
Não dá pra jogar em cima do outro o peso que cabe aos seus próprios ombros.

Hoje tá pesado e tá doído.

(mas que bom que é ter ao meu lado o abraço que desafoga, a lambida em forma de beijo e os dedinhos tentando coordenar um carinho!)

“Na tua presença” – 5 meses

Aí eu pisquei o olho e mais um mês inteirinho passou!

Minha bebéia tá uma delícia, carente, carinhosa, cheia de personalidade e quereres, mais simpática e sociável do que o pai e a mãe juntos, cheia de vontade de ser independente e sair fazendo as coisas por conta própria – contanto que a gente esteja do lado pra observar e fazer companhia! rs

E a cada dia concordo mais com aquela história de que maternidade é igual a video-game: a cada fase que passamos o jogo fica mais difícil – mas eu completo: fica também muuuuito mais gostoso e divertido de se jogar!

 

 

E a vontade de morder?!

E a vontade de morder?!

“É provar o gosto”

Hoje demos uma passadinha numa loja de coisas de bebê (já preciso trocar a bolsa da Cecília) e aproveitei pra dar uma olhada geral…
Fiquei surpresa com a quantidade absurda de coisas inúteis que tentam nos convencer que são absolutamente necessárias – e que na verdade servem pra nos transformar em inúteis e “desnecessários”!
Desde os brinquedos que fazem tudo sozinhos e não deixam nenhum espaço pra imaginação, passando pelos “gadgets” pra tudo (pro carro, pra hora do banho, pra hora da comida, pro berço, etc), as mil e uma opções de mamadeiras e chupetas (e seus acessórios)…
Fiquei meio chocada, juro!

Quando fiz o enxoval da Cecília tentamos comprar só o básico… e eu ja achava que termômetro pra banheira fugia do básico, afinal, posso colocar meu cotovelo na água pra saber se a temperatura está boa.
Mas qual não foi minha surpresa ao conhecer, hoje, toda a variedade de modelos, cores e marcas de colheres que avisam, cada uma a sua maneira, se a comida do bebê está na temperatura certa!
Saí da loja com a sensação de que estamos mesmo cada vez mais dependentes e incapazes – e preguiçosos! Com a sensação de que logo precisaremos inventar uma ferramenta que nos (re)ensine a usar nosso corpo e nossa cabeça por conta própria.

Em época de exo-esqueleto (quase) na Copa do Mundo, meu cérebro de ex-quase-TO acha muito irônico pensar que enquanto uns se desdobram no esforço de recuperar um mínimo de autonomia, outros, que podem se equipar com o que há de mais “moderno e desejado” no mundo das ferramentas inúteis, andam cada vez mais apoiados nessas “muletas tecnológicas”…

Penso, aliás, especialmente no caso dos “gadgets” para pais e bebês: se não conseguimos criar nossos filhos sem depender (nós, pais) desses “facilitadores” , que tipo de exemplo estamos dando e o que podemos esperar desses futuros adultos, que só saberão se podem levar a comida à boca se a colher estiver vermelha?!?!?

Tô exagerando??

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imagem daqui

“Serão meus, ainda e sempre”

Eu não gosto de modinha. E não gosto de “virais do facebook”. Então fiquei de #mimimi e resolvi que não ia postar nada sobre o aniversário do Chico, porque tava todo mundo postando.

Acontece que minha timeline ficou a coisa mais linda cheia dos (terceiros) olhos azuis mais lindos do planeta. Acontece que 70 é um aniversário especial. E acontece que o que eu sinto por esse homem é Amor, com letra maiúscula, e amor assim é difícil sentir em silêncio…

Uma vez, em análise, tentei decifrar o que o Chico significa pra mim e faltaram palavras.
O Chico representa minha família, representa minha formação musical e representa minha independência musical. Chico é sinônimo de coração repleto. Vai além da admiração. Vai além do que eu posso explicar.

Sinto e declaro, sem vergonha.

É um dos traços mais claros e escancarados da minha identidade:
“A Gabi? Ah, ela gosta de Chico Buarque…”

Por isso hoje não posso deixar de comemorar os 70 anos de vida do homem da minha vida (meu marido já sabia desse título bem antes de pensar em casar comigo…rs), agradecida pela sua existência, emocionada pela sua genialidade, grata por sua obra e por sua presença em minha vida!

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Os meus Chicos

“Mais do Mesmo”

Daí que nessa ida pro Brasil um assunto recorrente nas minhas conversas foi Parto (menos recorrente do que a Louca do Parto aqui gostaria! hahaha) e me deu vontade de voltar a falar desse tema! hohoho
Então vou fazer um post como já vi em alguns blogs por aí: vou postar meu plano de parto, revendo e avaliando expectativa x realidade! Simbora?!

(preguiça de traduzir tudo, galera…vai em espanhol mesmo e vou explicando o que achar que preciso, ok?! rs)

Plan de Parto Gabi y Lucas

 

Estimado/a matrona y obstetra:

Vamos a tener nuestra hija y deseamos que su nacimiento sea lo más humano, respetado y natural posible, por eso solicitamos su comprensión.

 

Nos gustaría favorecer el inicio espontáneo del trabajo de parto y los ritmos de mi organismo ( favorecer un parto normal vaginal), tal y como se recoge en las recomendaciones de la O.M.S. y que concretamos en los siguientes puntos:

 

  • Solicitamos evitar los tactos vaginales (exames de toque) innecesarios (incluso a fines de la gestación), a menos que sea evidente el inicio de trabajo de parto – Feito! Meu obstetra não fez NENHUM toque durante toda a gravidez/parto e a matrona só fez um, quando chegamos na maternidade!

  • Deseamos estar en la casa mientras el trabajo de parto este comenzando, con tranquilidad y intimidad para que la evolución sea lo más natural – Feito!!!

  • Deseamos que el preparto y el parto sean en una de las Salas de Parto Integral, donde la atmósfera sea lo más serena posible, y se propicie un ambiente respetuoso con la vonlutad y los ritmos de la madre. Nos gustaría luz tenue, música tranquila, preparto calentito… – Levamos o tocador de música mas não pensei em ligar lá; a matrona se encarregou de ajustar luz e temperatura, mas vendo as fotos penso que se estivesse mais escurinho seria ainda melhor!

  • Deseamos estar juntos todo el tiempo y además contar con la presencia de una doula. Estos acompañantes serán un importante apoyo activo a la madre – Feito! Ficamos o tempo todo juntos e quando eles pensaram que precisariam sair a matrona não deixou, lindo!!

  • Solicitamos que se abstengan de administrar métodos y tecnologías hospitalarias que alteren dichos ritmos naturales, a no ser que estén totalmente justificados y cuenten con nuestro consentimiento – Fizeram os procedimentos que já tinham nos avisado que aconteceriam: mediram pressão e temperatura e colocaram o saco do acesso venoso..

  • Solicitamos que la madre pueda elegir comer y beber alimentos livianos cuando tenga ganas, no siendo necesario la vía venosa para hidratación de la misma – Apesar do acesso venoso colocado, não me colocaram soro nem nenhuma outra coisa. Não quis comer nada (desde umas 13h) e acho que nem teria dado tempo na maternidade (rs), mas tomei muita água o tempo todo, a Silvia tava sempre com a garrafinha lá! (água, aliás, que levamos de casa, porque eu não gosto da maioria das marcas de água daqui…rs)

  • Solicitamos que no se rasure, ni se administren lavados intestinales (enema) – Feito! Ou melhor, não feito! rs

  • Solicitamos evitar uso de oxitocina artificial para acelerar el trabajo de parto, solo si fuera estrictamente necesario y que nos informen – Não foi necessário.

  • Solicitamos evitar el uso de anestesia/analgesia, a excepción que nosotros lo solicitemos. Pedimos que no estén permanentemente ofreciendo anestesia, menos aun durante la contracción. Si hemos pedido retrasar o evitar la analgesia apoyen de corazón, creyendo en la mujer. Estamos preparados para el dolor, sabemos que la analgesia natural de endorfinas funcionan – E funcionaram! A única vez que se falou em anestesia foi quando chegamos à Clínica, quando a matrona confirmou que eu não ia querer tomar!

  • Deseamos ocupar otros métodos de manejo de dolor (como masajes, respiración guiada, agua caliente…) Si la analgesia se hace necesaria, pedimos que sea en una cantidad muy baja, solo para el alivio del dolor, pero que la madre pueda caminar, sentir las contracciones y los pujos, etc.. – Estava livre pra usar os outros métodos, por tanto o tema da quantidade de anestesia nem veio ao caso!

  • Solicitamos evitar el monitoreo fetal continuo. Sabemos que el monitoreo fetal intermitente es necesario – Escutamos o coração da Cecília algumas poucas vezes, sempre sem que eu nem precisasse sair da posição que eu tinha escolhido estar!

  • Solicitamos evitar la episiotomia. Pedimos hacerla solo cuando haya un riesgo evidente de desgarro amplio y profundo – meu GO chegou a achar que seria necessário, mas, ufa!, conseguimos evitar!

  • Solicitamos que se respete la libertad de movimiento de la madre y su capacidad para escoger la postura más conveniente para manejar los dolores de las contracciones y para el parto mismo. Pedimos que se eviten las posiciones horizontales y que la madre pueda escoger posiciones más verticales (como de rodillas, semisentada o de cuclillas) – senti falta de uma banqueta de parto, pra poder estar de cócoras (cuclillas) sem cansar tanto as pernas (e o Lucas! hahaha) e, infelizmente, tive que subir na cama pra mudar o ângulo e a Cecília conseguir sair, sem ter osso no caminho atrapalhando..rs

  • Deseamos que la mamá reciba un apoyo reconfortante, que la acuerden de respirar y cambiar de posición, refuercen la confianza en su capacidad de parir, que no le dirijan los pujos y le acuerden la importancia de la suavidad al momento de la salida del bebé – faltou essa lembrança da suavidade no final… pelo que me lembro fiz força durante toda a saída da cabeça e talvez por isso tenha lacerado mais…

  • Solicitamos que no se haga la manobra de Kristeller, por riesgo de rotura de útero y por estar contraindicada por la O.M.S. – hmmmm! Acho a tentativa da matrona de empurrar minha barriga se classificaria como Kristeller, não sei… mas me deixou puta, anyway…

  • Solicitamos que tras el nacimiento del bebe se postergue el pinzamiento del cordón umbilical en al menos 2 a 3 minutos, idealmente que deje de latir. Deseamos también que el padre pueda hacer el corte del cordón – não sei se já tinha parado de pulsar, mas sei que esperaram alguns minutos.. O Lucas não tinha certeza se ia querer cortar o cordão, mas deixei no plano pra garantir, ‘por si acaso’.. e já tava combinado que se ele não quisesse, eu cortaria! Quem sabe no próximo me certifico que tenha parado de pulsar e não corto eu mesma! =)

  • Solicitamos que nos ayuden favoreciendo una transición suave a la respiración pulmonar de nuestra hija (evitar las aspiraciones de vías) y que ella pueda ser abrazada y amamantada inmediatamente post parto – Lindamente feito! =)

  • Solicitamos respetar nuestra intimidad post parto y favorecer el contacto piel con piel entre 60 a 120 minutos, reconociendo los beneficios fisiológicos tanto para la madre como su hija, facilitando también el alumbramiento. Si esto no fuera posible en la sala de parto, permitir hacer contacto piel con piel en la habitación – feito! Ficamos 100 minutos (!) no contato pele a pele e sozinhos na sala (depois que a equipe deu uma limpadinha na bagunça..) antes que voltasse o pediatra e nos pedisse autorização pra examinar e vestir a bebê; depois mais alguns minutos antes de descer pro quarto..

  • Solicitamos que el alumbramiento (salida de la placenta) sea lo más natural posible, es decir, esperar que se desprenda, sin traccionar – Feito.

  • Solicitamos evitar colirios en los ojos del bebé – Feito!

  • Solicitamos evitar/postegar la administración de Vitamina K en el muslo de nuestra hija (hasta que esté tranquila y/o mamando en el pecho) – aqui não existe a opção da Vitamina K oral, então tinha que ser injetável mesmo.. ela voltou pro meu colo no meio do exame do pediatra e tomou a vitamina ali, nem reagiu…

  • Solicitamos postergar el peso y las mediciones de recién nacido para poder favorecer el contacto piel con piel inmediato si el estado del bebé lo permite – Feito!

  • Solicitamos permanecer juntos todo el tiempo en la estadía en la maternidad – feito! Só levavam ela 1 vez por madrugada pra pesar (e tirar sangue na primeira madrugada), mas demorava uns 5 minutos só e o Lucas ia sempre junto (ficava olhando pela janelinha, porque não podia entrar no berçário, mas ia junto! rs). De resto estava no quarto grudada na gente o tempo inteiro!

  • Solicitamos estar presentes (y activos) cuando el bebé sea examinado, aseado, etc – si por alguna complicación la madre no pueda acompañar, que el padre siempre lo haga – Feito!

  • Solicitamos que nuestra hija no reciba nada sin nuestra autorización, es decir, sin leche artificial, chupete, té, agua, etc… – Feito!! Inclusive as vacinas ela só tomou no último dia, porque não autorizamos no primeiro!

En el caso que se haga necesaria una Cesárea: – não se aplica, mas meu médico já tinha sido honesto e me dito que não podia garantir tudo isso, por conta das regras do centro cirúrgico e disse que uma parte dependeria da equipe de plantão que nos atenderia… Ainda bem que não precisamos dessa parte!

 

  • Solicitamos que la anestesia sea regional para que la madre pueda estar despierta.

  • Solicitamos que el padre pueda acompañar la madre durante todo el procedimiento.

  • Deseamos la madre pueda recibir el bebé lo más pronto posible y que también se favorezca el contacto piel con piel en los primeros momentos de vida del bebé.

  • Deseamos que el ambiente sea cálido, respetuoso, con silencio, especialmente al momento de la salida del bebé.

  • Solicitamos que el padre pueda acompañar todos los procedimientos necesarios en el bebé luego del post parto.


Pedimos explicaciones claras sobre todos los procedimientos (con la madre y el bebé), sobre el progreso del trabajo de parto a medida que se evalúe y sobre cualquier complicación que se presente – Feito!

Estando seguros de contar con su apoyo, nosotros ponemos nuestra confianza en ustedes y agradecemos de todo corazón su comprensión. Esperamos que esta sea una experiencia muy gratificante y enriquecedora para todos.
Sabemos que nuestro plan de parto se orienta a que todo siga su curso normal y estamos abiertos a la posibilidad de que tengan que ocurrir ciertas modificaciones en el mismo día del trabajo de parto (para eso, solicitamos que siempre nos informen y consulten).

Con todo nuestro cariño, firman los padres

 

 

É um exercício gostoso fazer isso e percebo, satisfeita, que pouca coisa saiu diferente do planejado…

Se eu disser que tenho saudades do parto, vocês acreditam?!? rs 

 

 

 

 

Tem como não sentir saudades de tamanha felicidade???

Tem como não sentir saudades de tamanha felicidade???

“Os outros”

A alergia da Cecília tem causado mais “transtorno” pros outros que pra mim…rs Os “outros” que ficam limitados quando vão comer comigo, os “outros” que tiveram que fazer comida pra mim no Brasil, os “outros” que se preocupam e ficam com pena, os “outros” que esquecem e me oferecem coisas “erradas” pra comer…rs enfim…
Eu por enquanto tô levando na boa, sentindo algumas vontades, claro, mas nada absurdo…até a ida pro Brasil (que eu achei que seria terrível) foi relativamente tranquila no tema “alimentação”…
Tenho conseguido adaptar receitas, virei a “Louca dos Cupcakes” e até Festa Junina vai rolar por aqui!!!

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Desde que postei sobre o tema venho recebendo muito carinho, muita dica de sites, blogs, receitas e muitas perguntas também – por isso resolvi postar isso aqui:

 

A Carol, do “Carol e suas baby-bobeiras” tem um post muito legal sobre a alergia alimentar do filho dela que eu brinco que é uma espécie de FAQ’s  sobre APLV que todo mundo devia ler! Aqui tá o post original pra quem quiser ler e deixo abaixo as FAQ’s – enjoy!!!

– Ah alergia ao leite… minha prima/irmã/cunhada/conhecida/vizinha também teve isso, mas ela comia um poquinho de queijo e não fazia mal não.
Pois é, mas temos que começar entendendo que: Alergia à Proteína do Leite de Vaca é diferente de Intolerância à Lactose. Não vou entrar em detalhes, ninguém merece, mas na intolerância, as pessoas podem consumir quantidades pequenas ou espaçadas de LACTOSE, porém, na alergia, não pode NADA que tenha a PROTEÍNA do leite da vaca. Comer um cisco de queijo perdido na salada é iNgual a comer pizza, tomar achocolatado, nadar no molho branco. Dá merda.

– Mas que tipo de merda pode dar?
No caso do meu filhote, dá MERDA mesmo, he-he. Diarréia, cocô com muco, sangue, muita dor e cólica, dermatite. E, vocês já sabem, ele fica irritadíssimo, dorme mal, está sempre incomodado e choroso. Se dor de barriga já incomoda e deixa qualquer adulto mal humorado, imaginem um piquitico com menos de três meses que ainda nem terminou de entender o que está fazendo nesse mundo? Fora isso, quanto mais eu demorar pra tratar, mais demora pra ir embora.

– Ah, então esse treco vai embora?
Sim, vai. Varia de criança pra criança, mas, de acordo com a gastro que consultamos, por volta de um ano, ano e meio.

– Vocês consultaram gastro, legal. Fizeram muitos exames? Qual exame COMPROVOU a alergia?
Todos e nenhum, hihihi. Na idade do Lucas, o exame pode ser inconclusivo, tipo teste de gravidez de farmácia, sabe? Se é positivo, não tem dúvidas, mas se der negativo, não quer dizer muita coisa. Fizemos exames pra descartar outras suspeitas e esses sim vieram todos negativos. Vamos fazer o específico pra alergia, mas não é o ponto principal pro diagnóstico. Pelo quadro clínico dele, nossa gastro não tem dúvidas.

– Poxa, mas podia ter algo que te desse certeza, né?
É.

– E como trata? 
Trata com dieta de exclusão. Como Lucas come através de mim, a premiada fui eu. Devo excluir da minha dieta toda e qualquer comida que tenha proteína do leite ou da soja. Não é tão simples quanto parece, já que descobri que muitas coisas que consumimos normalmente são agraciadas com as proteínas malditas. Quer um exemplo? Coca-cola. Aí você se pergunta: NAONDE que Coca-Cola tem leite? E eu te digo: no corante dela. Corante caramelo tem derivado da proteína do leite. E Coca-Cola tem corante caramelo. Se eu tomo esta porcaria, Lucas reage. Tenderam?

– Ah, caramba, mas assim é dificil fazer dieta. Como você faz pra saber o que pode e o que não pode?
Eu tenho uma lista dos leites “disfarçados”. Corante caramelo, caseína, soro são algumas das palavrinhas que, pra quem sofre dessa alergia, são iNguais a LEITE DO MAL. Daí, quando eu vou ao mercado, levo a minha lista e fico deliciosamente lendo TODOS os rótulos.

– Muito difícil, Carol.
Sim, mas não para por aí. Porque eu descobri uma chateação mais chata ainda, chamada TRAÇOS. Funciona assim, por exemplo: se a empresa que produziu a farinha X também produz alguma coisa enriquecida com leite e, por acaso, compartilha o maquinário pra esses dois alimentos, a minha farinha X, que teoricamente estava isenta de contaminação, foi toda zoada. Possui TRAÇOS DE LEITE. Aí eu, inocentemente, compro essa farinha e faço meu bolo, achando que tô dentro da dieta. NÃO ESTOU. Contaminou meu bolo, o prato do bolo, o garfo, a forma, o liquidificador que eu fiz a massa. E pior: Lucas reage.

– Impossível viver assim!!! Como faz pra mapear TODOS os produtos DO MUNDO?
Não faz, né? Na verdade, até faz: liga pra SAC e pergunta do maquinário, ameaça dizendo que vai ter choque anafilático, substitui por alimentos menos industrializados… por aí vai. E também: usa-se a rede de apoio. Me indicaram uma comunidade no orkut pra APLVs e também faço parte de uma lista de discussão argentina sobre filhos alérgicos. Daí rola muita troca de informação, tem listas de produtos aptos e confiáveis e, acima de tudo, muita ajuda e força pra aturar as dificuldades do processo.

– Que bom, pelo menos isso. Mas e aí come o que?
Neste primeiro momento, em que Lucas está no meio da crise, todo sintomático, eu como de forma muito restrita. Além de leite e derivados e soja, cortei carne vermelha, feijão e lentilha, alho, cítricos, oleagenosas. Tenho comido, basicamente, frutas, verduras, legumes. De industrializado, somente arroz e macarrão (e mesmo assim, as marcas confiáveis, que não tem traços em seus produtos).

– Carol, mas por que esse sofrimento? Dá logo leite de fórmula pra essa criança que tudo estará resolvido mais rápido!
Não é bem assim. Se eu não pensei em fórmula? Lógico que pensei. LÓGICO. Mas, preferi seguir amamentando. Por alguns motivos: primeiro, porque gosto, porque acredito que é o melhor pra ele. Segundo porque, de acordo com o gastro e com o pediatra e com as comunidades das quais participo, uma vez acertada a dieta da mãe, o leite dela é o melhor remédio pra alergia. E terceiro – e menos nobre – porque não posso dar qualquer leite. Nan é leite de vaca, caso não saibam. Tem que dar fórmula especial (altamente hidrolisada, só aminoácido, sem proteína), tipo Neocate. Agora, sabe quanto custa uma latinha de Neocate? 500 pesos. É papo de duzentos real. E ainda fiquei sabendo que tem um gosto MERDA, que muita mãe taca açúcar pro filho aceitar. AÇUCAR, tá gente? Pra criança de três meses, pensem. Mas, ok, segui pesquisando sobre o assunto e vi que meu plano de saúde cobriria a tal fórmula pelo menos até o primeiro ano do bebê (claaaro que depois de muita burocracia). Mas estou firme na amamentação. Ganhei uma lata de Neocate e ok, fica aí pro dia que eu MORRER. He-he, brincadeira, fica aí pro dia que eu mudar de idéia, caso a dieta não dê certo ou algo do tipo. 

– Mas Carol, com essa dieta toda, será que seu leite não diminuiu ou secou? De repente, ele tá chorando de fome…
Essa possibilidade me parecia quase impossível, visto que já são quase três meses amamentando e meu peito ainda vaza. Mas foi sugerido tantas vezes que encasquetei e fui tirar um pouco, pra ver qual era. Pois bem. Em cinco minutos de bomba manual, no mesmo peito que eu tinha dado na mamada anterior, eu tirei 100ml. Acho que tenho leite, né?

– Tá, você vai seguir amamentando, mas não tem nenhum remedinho que amenize essa alergia?
Tem não. Tem remédio pra amenizar efeitos muito fortes da alergia (tipo crises respiratórias e tal), mas, pelo que eu entendi, ainda não é o caso do Lucas (e tomara que não seja NUNCA).

– E quanto tempo a dieta leva pra fazer efeito? Ele não deveria estar melhor já?
Cada médico e cada comunidade que eu participo diz uma coisa. Uma vez que a dieta esteja acertada e sem furos, meu leite estaria limpo em: 15 dias, de acordo com a pediatra; 4 dias de acordo com o pessoal do orkut; 3 dias de acordo com a colegagi blogueira; 7 dias, de acordo com a gastro. Já escutei até 40 dias, meu povo. Estou em dieta talibã desde quarta-feira, ou sejE, DOIS DIAS. Falta, até no mais otimista dos casos. A dieta anterior estava com furos, então não conta (lembra que eu falei que, pra alérgicos, é tudo ou nada? Dieta marromeno não funciona). Quando a sintomática do Lucas começar a melhorar, eu vou reinserindo as coisas extras que cortei: alho, cítricos etc. Daí seguirei só com exclusão de leite e soja, vai ser mais tranquilo (hahahahahaha).

“Porque eu sei que é amor”

Outro dia, no metrô, uma senhorinha fofa me perguntou quanto tempo você tinha e diante da minha resposta (“4 meses ya!”) ela deu um sorriso carinhoso, acompanhado por um olhar ao mesmo tempo sonhador e saudosista e me disse: “vocês ainda tem a vida inteira pela frente!”

Você tá crescendo, filha!
E me dá um tremendo frio na barriga ver você se tornando essa mini-pessoa cada vez mais cheia de opiniões e vontades e dentes e conhecimentos e habilidades…

Me emociona e me dá um pouco de medo, confesso…

 

Penso em tudo o que você ainda tem pra viver, penso em tudo o que eu e seu pai temos pra te ensinar e fico com o coração apertado de ansiedade por tudo que virá, ao mesmo tempo que me afogo nessa vontade de poder colocar em um frasquinho cada emoção, cada nova sensação, cada momento em que sinto meu coração inflar mais um pouquinho pra continuar cabendo esse amor que não pára nunca de crescer!

************

 

Na última semana estivemos no Brasil. Fomos apresentar você pra toda a família e matar as saudades da ‘terrinha’!

Foi uma loucura absoluta! Uma correria de um lado pro outro. Um cansaço quase extremo – e nossos corpos não deixaram barato: seu pai voltou com a coluna travando, eu tive duas crises bravas de enxaqueca e você voltou com uma gripe que virou uma bronquioseilaoque

 

 

Acontece, filha, que entre as muitas coisas que eu gostaria de te ensinar, tenho muito o que dizer sobre o amor, sobre as loucuras que fazemos por ele, sobre como ele é importante e compensa quase tudo e sobre como ele precisa ser cuidado e cultivado.

 

E se nossos corpos sofreram um pouco com essa “viagem-loucura”, nossos corações, tenho certeza, voltaram mais felizes e ‘alimentados’!

Porque foi isso que fomos fazer no Brasil: regar você dessa água boa que é nossa família (as de sangue e as de coração), pra garantir que você possa florescer no melhor terreno, com o melhor cuidado; e, com o seu sorriso, fomos fortalecer as raízes que temos plantadas por lá!

 

Foram dias e dias dignos de irem pros frasquinhos! rs E te ver tão cercada de carinho e afeto me faz ter a certeza de que a “vida inteira” que temos pela frente vai ser sempre especial!

Cresce, filha! Cresce pra poder sentir (e lembrar) como tudo isso é gostoso de viver!!!
(mas sem pressa, por favor, que sua mãe não dá conta dessa velocidade toda, não! rs)

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CC Brasil

CC e Passerinis

Ah! Espero que você seja melhor que seus pais na hora de lembrar de tirar fotos desses momentos especiais…faltou tanta foto, de tanta gente querida…
(Aliás, quem tiver foto aí e quiser me mandar, vou acrescentando no post!!)