O que eu aprendi nesses 6 meses é que amamentação depende de quase tanto do empoderamento materno quanto o parto (eu disse ‘quase’!)
A gente cresce achando que amamentar é natural, no sentido de que é só plugar o bebê ali e pronto!, ele mamará feliz e ficará satisfeito! Só que não é bem assim! Amamentação é aprendizado, é relacionamento – e cada dupla mãe-bebê tem que aprender a se relacionar assim!
O bebê nem sempre nasce sabendo mamar da maneira correta – Se não tiver nascido muito prematuro, o reflexo da sucção ele tem, claro, mas isso não quer dizer que ele saiba mamar de maneira eficiente… Como a mãe nem sempre sabe amamentar direitinho…
É preciso paciência, é preciso que se ensine e que se aprenda – muitas vezes é necessário que se tenha uma ajuda externa mesmo…
Mas ao mesmo tempo, amamentar É natural! Eu realmente acredito que a grande maioria das mães é capaz de amamentar (como a grande maioria é capaz de parir, mesmo não sabendo disso)!
E além do aprendizado (ou só com o aprendizado!), a amamentação depende do correto funcionamento dos hormônios ali, naquela bat-hora, naquele bat-canal! Depende da prolactina e da ocitocina (olha ela aí de novo!!) sendo excretadas no momento da mamada pra que o leite possa ser produzido e ejetado (por cada hormônio desses, respectivamente)!
E justamente o que torna a coisa tão incrível é o que a torna tão frágil, eu mesma ja vivi mais de uma vez na pele e posso testemunhar: se há algum stress ou algum nervoso maior, o corpo da mãe passa a excretar adrenalina (grande inibidora de ocitocina!) e o leite que estava ali jorrando lindamente, puf!, some! Some mesmo, é uma questão de instinto de preservação, gente – mamíferos não se alimentam e não alimentam suas crias em “situações de perigo”!
É preciso – especialmente no comecinho – que a mãe esteja tranqüila, num ambiente em que se sinta bem, babando e lambendo a cria pra que o bebê também possa estar tranquilo e então os dois se conectem como é necessário e a amamentação aconteça! Além disso é preciso que o bebê mame sempre, estimulando o peito e garantindo que haja produção – “peito não é estoque, é fábrica”, dizem sempre as especialistas no tema!
E o processo é frágil porque rapidinho vira uma bola de neve: uma mãe muito cansada, que ainda não conseguiu se acertar com a amamentação e está com os mamilos feridos, um bebê que sente o nervoso da mãe e fica nervoso por tabela, chora bastante, não se acalma pra pegar o peito como deve… Enfim, a coisa não flui, claro…o bebê não mama como deveria, e logo aparece alguém de fora pra dizer que aquele choro é fome, ou um pediatra pra pesar e fazer careta…
E aquela mãe, que está cansada e insegura vai ficando com medo, mais insegura, descrente de si, desesperada pra ver sair alguma gota de leite do próprio peito…e aí não há como esperar que o sistema de liberação de hormônios + produção de leite funcione, né?!
Só que o fulano que te disse que seu filho ta com fome não vai te explicar tudo isso e vai ter um montão de gente pra te indicar leites artificiais pra “acalmar” seu bebê – e acalma, não tenho dúvidas!
E é aí que a tendência é a bola de neve virar avalanche: quanto mais mamadeira o bebê toma, menos no peito ele fica, menos estímulo o corpo da mãe recebe, menos leite ela produzirá, de mais mamadeiras o bebê precisará…… Deu pra entender, né?!?
E é por isso que eu digo que amamentação depende de empoderamento: a mãe precisa querer e precisar saber que “só” querer não basta!!! É por isso, aliás, que eu acho que a via de parto está muito associada ao sucesso ou não da amamentação: eu acho que mulheres que passam pela luta necessária atualmente pra parir aprendem a confiar em seus próprios corpos e na natureza; aprendem a buscar informações em fontes confiáveis; aprendem a não escutar a primeira dificuldade que aparece (ou o diabinho no ombro que aparece junto com ela) e aprendem a buscar soluções alternativas – tanto quanto aprendem a reconhecer quando é necessário pedir ajuda e ainda a recorrer ao “menos natural”, porém às vezes indispensável, como seria uma cesárea ou um leite artificial…
(Isso não quer dizer, é óbvio, que uma mãe que passa por uma cesárea não seja plenamente capaz de passar pelo mesmo processo de aprendizado sobre aleitamento e/ou amamentar satisfatoriamente!!)
Mas, repito, ter todas as informações não garante sucesso absoluto, só é um começo com um pouco mais de garantias e segurança, né?!
Afinal, a teoria é sempre mais fácil e simples do que a prática, mas a prática é muito mais possível quando temos uma boa bagagem de teoria!!!
***Ps. importante: grande parte das informações postadas aqui no blog sobre o tema da amamentação eu aprendi no “Grupo Virtual de Amamentação” (do facebook) e no site “Amamentar é…“, que eu adoro!
Por enquanto os deixo citados como fonte e recomendação, mas faço questão de depois voltar e contar “minha relação” com essas páginas!
Ah!!! Quer saber porque eu resolvi falar de tudo isso?
Oh: