“Me espera”

Ando meio blerg, meio nhé, meio argh, meio blá, meio…

Me perdi das palavras, me afoguei em intensidade.

Vivo alterações bruscas de humor.

Amo intensamente, mas ja fui visitada algumas vezes por aquela vontade de fugir para as montanhas (que aqui, aliás, estão lindamente na janela me convidando).

Talvez seja sintoma de gripe. Ou de saudade. Ou de amor. Ou de maternidade. Ou de cansaço.

Acho, na verdade, que estou vivendo um puerpério tardio. Sentindo e experimentando agora, e com força, tudo aquilo que sempre li que atropela as novas mães – mas que por aqui passou tão batido à sua época.

Há que se provar o gosto pra saber…

Mas eu volto.
Talvez seja preciso um resgate, mas eu volto. “De novo e sempre, feito viciada”.

“Me espera”

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“Eu quis dizer:”

Ainda naquele papo de “conversas sobre parto que rolaram no Brasil”, uma coisa me chamou a atenção: eu tenho essa mania de ficar aqui, escrevendo do lado de cá da Cordilheira e pouco conversar sobre meus textos, de maneira que acabo esquecendo que à palavra escrita falta o tom e sobra brecha pra interpretações…

E aí que, curiosamente, em mais de uma dessas conversas me surpreendi com o que algumas pessoas absorveram do meu relato de parto
Houve quem disse ter ficado com mais medo de parto normal, quem ficou mais satisfeita com a própria cesáreas eletiva e quem leu “muito sofrimento” no meu texto!
Não achei ruim ouvir essas opiniões, mas fiquei MUITO surpresa, mesmo!, e até fui reler o relato pra procurar o que essas pessoas tinham visto e eu não…
(aceito novas opiniões e pontos de vista, aliás, sempre!!rs)

Eu achei que tinha ficado claro nas vezes anteriores que falei sobre o assunto. Eu acho, aliás, que já disse isso aqui.

Mas depois das surpresas dessas conversas, me deu vontade de repetir, com todas as letras, sem deixar espaço pra mal entendidos (se é que isso é possível na comunicação humana! rs).

E não é que eu queira convencer ninguém de nada, não! O que eu quero é esclarecer mesmo como é minha relação com o fato de ter tido um parto natural!

Assim, oh:

– Eu não sofri no meu trabalho de parto, nem no parto!
– Não sofri! Nada!
– Não me arrependi da escolha nem por um segundo, nem durante nem depois do evento!
– Foi lindo, lindo, lindo!!
– Foi a experiência mais transformadora da minha vida!
– Foi a experiência mais intensa que já vivi, a mais cheia de sensações e emoções!
– Não vejo a hora de passar por isso de novo (apesar de não ter nenhuma pressa em ter o próximo filho – vai entender…rs)
– Gostaria que todas as mulheres pudessem passar por isso!
– Gostaria, aliás, de poder vivenciar esse momento junto a algumas queridas que vão agora por esse caminho [sim, quero estar presente no parto de tod’azamiga! Hahahahaha Ja falei que sou a louca do parto, né?! (Se eu virar doula e criar um blog e uma empresa com esse nome, será que faz sucesso? “Gabi, a louca do parto”?! Hahahaha)]

Será que ficou claro agora? rs

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Quando entrar novembro…*

E novembro chegou chegando!
Ufa!
Depois de um outubro de paralisação interna, de bloqueio total e daquela sensação de “nunca mais na vida vou ser capaz de escrever” ou de sair de onde estou, chegou novembro!
E em apenas dois dias já deu pra sentir que ele trouxe consigo um pouco de fluidez, na vida pessoal, acadêmica e, por que não, profissional!
Acordei hoje borbulhando, vazando idéias! Tanto que, só hoje, já escrevi três textos! Sim, três, que transbordaram de mim, a mão, no meu caderno, porque precisavam sair naquela hora e pronto!
Ufa!

Um já está publicado aqui: Sob que máscara
Corre lá!

Beijos e um novembro de muito movimento pra todos!

*O título de hoje não está copiado, mas sim parafraseado…rs

"Me cansei de você"

Minha escrita anda travada.
Acho que cansei de bater tanto na mesma tecla… e as últimas coisas que escrevi – que fugiam do assunto de sempre – ficaram bem mal escritas!

Escrever estava sendo minha maneira de esclarecer, de limpar a cabeça, enxergar melhor os pensamentos (literalmente, já que aí eles estavam na tela pra serem “vistos” e lidos).

E estou em um momento de não querer pensar. Um momento em que minha vontade é simplesmente sentir, sem ter que entender o porquê.

Eu disse que briguei com o Freud, e é bem isso esse momento. Depois de tanta tempo de análise é difícil se desvencilhar desta forma de pensar. Sempre procurando um significado mais profundo, um motivo escondido, uma razão obscura, um porquê antigo, uma repetição sintomática…

Cansei!

Tô com vontade de levar a vida mais leve! De querer uma coisa só porque estou com vontade dela. De não saber de coisas grandes da vida, simplesmente porque eu não sei. De odiar um lugar porque o lugar me dá motivos, não porque eu sou problemática.

Queria ser mais simples, mais normal, mais comum… Cansei de ser assim, confusa, complexa

Será que é possível? Será que dá pra girar um interruptor na cabeça?
Não pra desligar de vez – até porque sinto bastante falta de escrever – mas pra tirar os ruídos e deixar a parte bonita e sossegada…Será?

"e a sociedade não gosta, o pessoal acha estranho…"

Durante alguns anos de minha adolescência estudei teatro e tinha muita vontade de seguir a carreira de atriz. Atriz de teatro!
Muitos dos amigos da escola e a maioria dos familiares não entendia muito bem essa última parte. Se eu dizia que estudava teatro a resposta era sempre: “e quando vou te ver na globo???”
Eu achava engraçadinha tal postura, dava risada e respondia alguma coisa que agradasse o lado de lá da conversa –  e que não me desse muita dor de cabeça!
Nesse período não me incomodava “perder” os sábados inteiros no Macunaíma, pelo contrário, eu amava aquilo e se pudesse ir mais vezes, ensaiar mais dias, ficar mais tempo lá..melhor!


Quando estava no final do terceiro colegial um professor da escola de teatro recomendou que eu procurasse uma agência, porque ele achava que eu tinha uma “cara muito boa para televisão”… sem levar aquilo muito a sério, fui atrás da tal agência, fiz uma espécie de book e alguns testes para publicidade; até que fui aprovada para fazer uma propaganda (não me lembro de quê)! 
Mas tinha um detalhe: a gravação seria no mesmo dia que a apresentação de um trabalho final do colégio, que valeria nota x2 para todas as matérias. 
Nesse momento fiz uma escolha e acho que só agora entendo o tamanho e a importância dessa escolha. Estamos cansados de ouvir as histórias dos atores mirins ou jóvens que perdem aula e ficam mudando de escola para poder dar conta da carreira… Eu não sabia exatamente o que viria na minha vida depois daquela propaganda, mas decidi que abriria mão disso para poder apresentar o trabalho no colégio e me formar.


Quando fui pro cursinho ganhei mais responsabilidades, mais amigos, mais “juventude” e aí sim passei a ver os sábados de Macunaíma como “perda”… me irritava não estar na aula super especial do Zé Emílio ou perder o churrasco na casa do tal amigo porque tinha que ir pro teatro e aí tomei a segunda decisão importante da minha vida profissional: saí do Macu com pouco mais de um semestre faltando para a conclusão do curso…


E a junção dessas duas decisões formaram o molde do passo seguinte: mudei de idéia também sobre prestar vestibular para Artes Cênicas. 
Instaurei em mim uma espécie de preconceito que eu já conhecia dos outros: na hora do vestibular eu teria que escolher uma “profissão”, alguma coisa mais acadêmica, com horários fixos, que não me roubassem o fim de semana, que não me confundisse a rotina… De repente, pra mim mesma, o diálogo de “O que você faz?” – “Sou atriz” ganhou aquele ar de estranheza que tantas vezes senti nos outros.


Aí escolhi estudar Terapia Ocupacional. Suspeitava que a TO teria a parte acadêmica – e socialmente bem vista – de “profissão na área da saúde”, me possibilitando ainda explorar e trabalhar a parte artística que tinha descoberto anos antes no teatro… Mas me deparei com o diálogo do “O que você faz?” piorado à sétima potência!
Ninguém nunca soube do que se tratava a Terapia Ocupacional e a sina do profissão – e a maior crise de seus estudantes – era ter que ficar se explicando, se justificando, reforçando a própria identidade e importância.
Me deixava louca aquele chororô de “ninguém sabe o que é isso que eu faço” e mais de uma vez fui mal educada com respostas do tipo:”então explica, mostra sua importância e pára de chorar!”


Aos poucos fui descobrindo que a TO não tinha espaço para minha “veia artística”(hahaha), mas sim para a expressão terapêutica dos pacientes… e isso não era suficiente! Assim como ter pacientes, por si só, não era nem um pouco fácil pra mim. 
Acho que tive que entrar numa profissão com crise de identidade para voltar a questionar a minha própria identidade…


Bom, se teatro era alternativo demais e TO acadêmico demais… qual seria minha alternativa?
Ainda não sei muito bem explicar o porque, mas encontrei no Audiovisual o meio termo… e outra crise!


Acreditava que no AV existiriam alternativas: pode-se ser muito “artista”, mas tendo a possibilidade de ter um contrato com contra-cheque no final de todos os meses. 
Só que, de novo, cai em outra profissão em crise. Crise “pessoal” (se é que se pode dizer isso de uma carreira), não só de mercado.
No AV além de ninguém de fora entender muito bem o que você faz (aqui volta a pergunta do “E quando vou te ver na globo?”), o chororô é quase uma exaltação da escolha: “a vida de profissionais dessa área é ingrata, inconstante, pobre e etc; mas nada disso me importa, porque faço isso com amor”!


Pois é, audiovisual era minha alternativa possível, meu meio termo…nunca meu amor… talvez por isso a crise do “preciso encontrar algo que eu ame fazer” bateu tão forte em mim durante esse percurso!


Aí eu comecei a escrever sobre essa crise, a escrever sobre a vida, a escrever sobre as mudanças, sobre os sonhos, as saudades, as novidades… Escrever muito, além de passar uma porcentagem muito grande do dia lendo.


E assim descobri, ou redescobri, um encantamento enorme por essa forma de expressão. Descobri facilidade, satisfação, críticas positivas (crítica de família e amigo conta nessa etapa..hahahaha)… Descobri até uma simplicidade em me expor que nunca antes tinha imaginado que poderia ter!


À ponto de pensar mesmo em levar a sério essa nova brincadeira de escrever!
(quando estávamos arrumando as coisas para ir pra Portillo e Mendoza eu disse pro Lucas que não sabia se levaria meu computador e ele, muito fofo, respondeu: “leva, claro…vai ficar sem seu instrumento de trabalho?” =D )


E nesse momento vem aquele monte de questionamentos meus: o que que eu estudo pra ser escritora? Preciso de diploma? Se sim, o que eu já quase tenho ou outro? Como posso querer ser escritora sem ter lido tantos clássicos importantes? (estou providenciando a compra de alguns…rs) Como vou fazer pra ler tanto? De onde vou tirar tempo pra levar a escrita a sério? Dá pra ser só isso na vida?


Roubando palavras da amiga Mandy, “ser escritora” combina com o estilo de vida que quero ter – no meu espaço, no meu tempo, do meu jeito – sim, sim…respeitando alguns prazos e regras e tal, eu sei! (rs), mas na minha!


Parece promissor!








E hoje minha mãe me indicou um texto muito bacana sobre a profissão de “escritor”, leiam: Traje para a jornada de trabalho: calça de moletom
Ele traz, na figura do outro, a maioria das indagações que eu mesma faço sobre essa nova possibilidade, o que já seria suficientemente interessante. 
Mas depois dessa leitura não consigo deixar de pensar: estou de novo entrando num caminho profissional que tem crises com “a visão do outro’?!?! OMG! hahaha


Freud explica….
hehehe




Beijos!

"Veja as coisas como elas são"

Ontem escrevi inteiro e, mais importante do que isso, publiquei meu primeiro texto de ficção!


Já faz alguns meses que vinha sentindo vontade de levar esse desejo de escrever sobre tudo pro campo do imaginário, do i-real e su-real, e apesar de ter uma ou outra vez sentado pra começar a escrever algo assim, só ontem isso realmente se concretizou.


Antes um texto meu de ficção era só ficção, era um desejo que eu não sabia onde ia dar…
Mas ontem eu sentei, comecei a escrever e a coisa simplesmente saiu! Fácil, simples, natural, como se ela já estivesse lá pronta há muito tempo, só esperando pra sair!
Usei nele umas duas pequenas idéias que me acompanhavam nesses meses, mas a grande maioria foi saindo naturalmente, parecia que cada palavra ia puxando a outra como se não tivesse outro jeito de ser…
E, gente! Que delícia que é essa sensação!!!


Não que nunca tivesse escrito coisas “inventadas” antes. Não. Na faculdade mesmo escrevi alguns roteiros, mas sempre com limitações (técnicas, de produção ou de professor tapado que não entende nada!).
Mas o texto de ontem… não tinha que seguir regra nenhuma (as gramaticais já fazem parte de mim naturalmente…rs), conceito nenhum, nada!
Ele só precisava nascer, passar a existir.. e PUM! Lá está ele! Incrível! Gostoso! Meu!!!


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Como disse aqui ontem, criei um novo blog pra publicar essa ficção – que gosto de chamar de fixão – então peço que dêem um pulinho lá, leiam o “Primeiro Capítulo” texto introdutório e de apresentação do blog e da própria escrita, e depois chequem o tal filho que produzi – dado importante: sem dor de parto! hehehe
Ele se chama “Olívia“, nome também da minha primeira personagem!, e pede pra ser lido!
Se gostar, divulgue! =)


E obrigada pela atenção de leitor agora comum, não mais apenas querido, curioso ou paciente!


O blog: “Sob que máscara”- www.sobquemascara.blogspot.com




Beijos com cheiro de livro antigo

"Noite dos mascarados"

Depois de muito prometer, muito rascunhar, muito apagar… finalmente chega pra vocês meu blog de ficção/fixão: www.sobquemascara.blogspot.com


O nome dele é “Sob que máscara?” e já adianto que será um blog de textos menos realistas e menos escancarados, mas – como bem aprendi com o Kundera – não menos sinceros ou pessoais.


Ainda não sei o que sairá desses textos, ou como eles sairão, mas a idéia e escrever pra ser lida! Por isso peço, desde já, que leiam e divulguem, recomendem aos queridos de vocês, queridos. Se gostarem e sentirem vontade, claro… não estou forçando ninguém a nada! hahahahaha. 
Sintam-se à vontade também pra opinar, dar sugestões, comentar, e essas coisas todas de texto públicos em blogs…rs




Já tem um comecinho de personagem por lá…
Espero que gostem e aproveitem!!!




(Ah! Os que recebem as potagens deste aqui por email podem entrar no “Sob que máscara?” e optar por cadastrar seu email pra receber as postagens dele também…)


Um beijo grande e à todos, bom início de semana!





"Para ver e mostrar o nunca visto; o bem e o mal, o feio e o bonito"

Alguns dias atrás pensei com um pouco de raiva, confesso, sobre essa mania que o cinema adquiriu de adaptar tudo que é livro que sai e faz sucesso.


Disse há uns meses que estava num período de leitura louca; pois o “período” virou quase permanente. Continuo lendo loucamente, um livro atrás do outro e do outro, do outro, do outro…
Independente dos motivos e interpretações disso, tem sido uma experiência ótima, acho que nunca li tanto e tenho aproveitado bastante.

Fui pro Brasil agora com uma mala grande um pouco vazia pra ter espaço pra trazer pra cá um monte de livros. Alguns que meus pais têm e que li durante toda a vida, achei que mereciam ser meus agora; fiz uma super compra num sebo, somei estes com alguns outros meus que já estavam lá e a mala veio cheia!

Pois bem, eu gosto de ler e eu gosto de ir no cinema. Mas as duas coisas separadamente!
Quando fui assistir o Budapeste, adaptação pro cinema do livro do Chico Buarque, dirigido pelo Walter Carvalho, lembro-me de ter sofrido fisicamente, de verdade!
Li o livro umas 8 vezes ou mais e ver na tela a “realização” de tudo que eu tinha construído e imaginado sozinha tantas vezes, foi literalmente doído. Tava tudo errado! Tudo! As imagens não batiam, os personagens não eram aqueles… nem os lugares (que eram reais no filme) eram os certos!!! Foi uma experiência horrível!

Hoje fui no cinema assistir “X-Man first class” e vi antes dele o trailer do último Harry Potter que está pra sair… As imagens de ambos são de tirar o fôlego, as produções muito boas e redondinhas, mas não pude deixar de pensar no esforço que o cinema faz pra colocar em imagem imagens que somos totalmente capazes de construir sozinhos. Pra quê?

Tantos efeitos, maquiagens e o caramba a quatro… pra quê?

A gente estuda no cinema aqueles filmes “clássicos”, naturalistas que querem, mais do que tudo, representar o mundo “exatamente como ele é”. 
Vi hoje na tela o cinema “fantástico”, se aprimorando mais e mais pra tornar “reais” nossas imaginações, pra fazer “palpável” as fantasias “de cada um”.
Aí tem o cinema simbólico, onírico, subjetivo… o que não quer reproduzir a realidade, mas sim expressar as partes “profundas do ser humano”. Mais uma vez, tornar “concretos” na tela grande os sentimentos e situações que todo mundo tem dentro de si.

Sério, pra quê???

Sabe aquele discurso de que as pessoas estão mais burras e menos inventivas, já que as tecnologias de hoje em dia entregam tudo mastigado pra todos e ninguém tem que pensar muito?
Pois bem, acho que o cinema tem contribuído com a “planificação” de nossas mentes! Se está tudo lá, materializado, pra que sonhar? Pra que criar? Pra que gastar tempo lendo e imaginado, se depois alguém certamente vai colocar na tela tudo aquilo que você iria pensar sozinho antes (e desfazer suas imagens, colocando as que seriam a expressão da realidade)?

Pois é. Pra quê?

Claro que eu entendo a vontade que os cineastas têm de contar suas histórias e entendo que o cinema seja mais um meio de comunicação e expressão…
Mas ultimamente aquilo que seriam os grandes êxitos do cinema me dão uma preguiiiiiçaaaa….

Porque aquilo que “dá trabalho” nos meus amigos livros é tão mais estimulante! rs


Eu sei, eu sei…estou em crise com a escolha da profissão no audiovisual e isso explicaria a briga com o cinema… Eu sei, eu sei, é difícil separar as coisas… 
Mas falo sinceramente como leitora e espectadora, mais do que como “realizadora”; até porque tenho me saído melhor em pensar do que em realizar….


Desculpem o gostinho de amargura. Boa noite e ótima semana a todos!

(ps.: Título retirado de um discurso do cineasta Joaquim Pedro de Andrade, musicado pela Adriana Calcanhotto com o nome de “Por que você faz cinema?”)

"Tantas palavras que eu repetia só por gostar"

Eu nunca fui muito boa em comunicação. Falar sobre meus sentimentos era missão quase impossível. Eu tentava, ficava com as frases repetindo, repetindo, repetindo (como diz a música), mas só dentro da cabeça, porque colocar pra fora que era bom, nada! Criava e recriava possibilidades de diálogo, me preparava pra diversas reações do interlocutor, sempre em vão, porque na hora H: garganta travada!
Só muito recentemente consegui melhorar, falar o que eu sinto e simplesmente lidar com as conseqüências – boas ou más – depois.
Pois bem, em algum momento dos longos anos de mudez descobri que tinha uma maneira um pouco mais fácil de dizer as coisas, eu podia escrevê-las e deixar um bilhete. 
Apesar da dor de barriga ao imaginar a pessoa lendo e do tremor de saber que ela viria até mim com a resposta, só por não ter que dizer frente a frente, eu já conseguia soltar melhor, e acabou que eu utilizei muito essa ferramenta na vida.
Escrever era minha maneira de dar a cara tapa com a cara escondida, era como eu podia fugir sem deixar de fazer o necessário. Não que “o necessário” fosse sempre ruim; algumas vezes eram coisas difíceis, como “estou brava por isso”, “isso me chateou”, “me desculpe por aquilo”. Mas algumas vezes também eram besteiras como pedir autorização pros pais pra fazer alguma coisa com amigos (que eu desconfiava que eles não deixariam), ou dizer pro namoradinho do colégio que, sim, eu aceitaria ficar com ele. 
O problema não era o peso do que precisaria ser dito, mas a fraqueza da minha voz ao expressar qualquer coisa um pouco mais pessoal.


Eu tive diário uma única vez na vida, acho que por volta dos 12 anos e a experiência foi bastante frustrante… me sentia boba escrevendo para o caderno: “querido diário, não conte para ninguém, mas acho que amo aquele menino da 6aB”. Durou pouco.
Esse tipo de “segredo muito importante” foi direcionado pra cartas imensas que eu trocava quase diariamente com as amigas da escola. Mesmo que elas fossem da mesma sala e passássemos o dia todo lado a lado, antes de ir embora quase sempre cada uma tinha um calhamaço pra entregar. Não sei o que as incentivava na brincadeira, talvez os segredos, as fofocas e as banalidades estivessem mais bem guardados no papel do que nas nossas bocas, talvez a graça fosse gastar tempo escrevendo, lendo, respondendo… Mas eu, sem dúvida, seguia no meu terreno seguro!
No primeiro colegial eu e mais duas amigas, Ju Vg e Ju Dalto, criamos um “Livro”: um bloco de fichário que servia pra ficar rodando entre as nossas mãos durante todas as aulas, pra podermos bater papo a vontade, sem nenhum colega ou professor encher o saco; cada uma tinha uma cor de caneta sua e podia escrever o quanto quisesse. Era divertidíssimo trocar confidências e falar besteiras assim, quase um precursor do msn! (não sei se já existia o ICQ nessa época, acho que sim, mas nenhuma de nós tinha acesso a ele ainda…). Sem contar que reler tudo depois era risada garantida! Com elas, o terreno já era seguro e ponto!


Alguns meses depois conheci a Ana em uma viagem, foram alguns dias juntas em um hotel em Águas de Santa Bárbara para a passagem de 2001 pra 2002 em que nos aproximamos um pouco e trocamos endereços. Ela já tinha o hábito de trocar cartas com algumas amigas e sugeriu que fizéssemos o mesmo. Veja bem, 2001 faz bastante tempo, mas naquela época trocar cartas (do jeito tradicional, via correio mesmo!) já era antiquado e “charmoso”, porque a moda mesmo era o telefone. Hmmmm…. falar ou escrever???
Não preciso nem dizer que adorei a idéia das cartas, né?! rs
Durante muito tempo trocamos cartas, cartões de aniversários, desabafos do coração, coisas sérias da família, fofocas sobre pessoas que a outra nem conhecia… enfim, papo de adolescente, com suporte de velho e nos aproximamos bastante!


Aí a internet chegou com tudo e os anos foram passando, terminei o colégio, fui pro cursinho, entrei na primeira faculdade… E além de todas as besteiras para as quais usamos a internet, descobri nela um jeito de ficar mais perto das pessoas que fui deixando pra trás. Primeiro email, depois orkut, pra alguns escrevia longos depoimentos (o mais longo que o orkut permitisse), pra outros, poucas palavras bastavam…
Essa coisa de redes socias foi virando moda e ficando popular demais, e eu aderi, claro. Entrei no twitter e no facebook também, onde escrevo bastante, mas nada muito pessoal, profundo. Elas servem pra reclamar, pra se gabar, pra tentar matar um pouco de saudades…
Trocas profundas por escrito, continuam existindo algumas em emails pra grupos muito pequenos de amigos “próximos-distantes”… mas como aprendi a falar, fui deixando a escrita um pouco de lado.


O “Livro” com as Ju’s já era história antiga, as cartas com a Ana foram se perdendo aos poucos, bilhetinhos pra pais não se faziam mais tão necessários… e, fora os emails com a linguagem boba da internet, fui esquecendo que eu sabia escrever…


Aíííí…. 
Aí eu vim morar no Chile e fiz uma enquete: qual seria a maneira mais fácil de enviar notícias pras pessoas que não vieram comigo? O blog ganhou a votação e foi assim que surgiu o “Aos queridos, curiosos, e pacientes”. E foi assim que eu voltei a escrever. 
A idéia inicial era escrever textos superficiais, descritivos, só pra ir contando objetivamente o que vinha acontecendo por aqui (vide o “Começando…”), mas acabou que este blog foi tomando outros caminhos e eu, que por toda a vida escrevi pra não me expor, que escrevia pra poder desafogar sem sair debaixo da água, virei “blogueira” e comecei a colocar na internet (Sim! essa rede louca onde todos têm acesso a tudo!) coisas que muitas vezes nem sabia que seria capaz de dizer pra uma simples pessoa, quanto mais pra qualquer um que quisesse ler.
Acabei adotando a escrita não mais como armadura, mas sim como porta de escape, ou melhor “porta de escancarar”.
E essa escrita acabou servindo pra me aproximar de verdade ou ainda mais de algumas pessoas, como da mesma “Ana das cartas” que também está recém casada e com quem, portanto, acabo compartilhando experiências e situações comuns. Ou como o querido Edsel que está passando (de alguma forma, junto comigo) pela experiência de ir morar muito longe de todo mundo – ele foi pra Teresina – e com quem divido também a paixão e o encantamento pelas aventuras lingüísticas.


Já recebi diversos comentários sobre o quanto as pessoas “sentem-se mais próximas de mim com o blog”, ou o quanto lendo-o elas sentem que me conhecem melhor do que pessoalmente.
É, aparentemente eu aprendi a falar dos meus sentimentos quando é preciso, mas pra me expor de verdade… talvez nisso eu ainda seja melhor escrevendo… 
Como eu comentei aqui um dia desses, acho que com o blog vocês me conhecem melhor porque eu “me deixo conhecer” mais… E porque, na verdade, a experiência de vir morar fora vem fazendo com que eu me conheça melhor também.


E não posso deixar de pensar que re-encontrar a paixão pela escrita facilita isso tudo; porque eu não quero escrever pra me mostrar. Eu quero escrever porque escrever é uma delícia!
Quase diariamente surge algum assunto sobre qual eu penso que seria bacana escrever, pena que não tenho tempo de colocar todos em prática (estou fazendo uma listinha com essas coisas e aos poucos os novos textos vão saindo).


E essa é a história longa do porquê você está lendo essa história longa.


Chega, né?! rs


Beijos queridos aos pacientes que chegaram até aqui!

Quem dera Kundera

Os trechos abaixo pertencem ao livro “A insustentável leveza do ser” (ou “La insoportable levedad del ser”), do Milan Kundera. Estão em espanhol porque só tenho esta versão aqui e não ouso traduzir um livro desses! rs




“Ésa es la imagen de la que nació. Como dije ya, los personajes no nacen como los seres humanos, del cuerpo de su madre, sino de una situación, una frase, una metáfora en la que está depositada, como dentro de una nuez, una posibilidad humana fundamental que el autor cree que nadie ha descubierto aún o sobre la que nadie ha dicho aún nada esencial.
Acaso no es cierto que el autor no puede hablar más que de sí mismo?
Mirar con impotencia el patio y no saber qué hacer; oír el terco sonido de las propias tripas en el momento de la emoción amorosa; traicionar y no ser capaz de detenerse en el hermoso camino de la traición; levantar el puño entre el gentío de la Gran Marcha; hacer exhibición de ingenio ante los micrófonos secretos de la policía; todas esas situaciones las he conocido y las he vivido yo mismo, sin embargo de ninguna de ellas un personaje como el que soy yo, con mi curriculum vitae. Los personajes de mi novela son mis propias posibilidades que no se realizaron. Por eso los quiero por igual a todos y todos me producen el mismo pánico: cada uno de ellos ha atravesado una frontera por cuyas proximidades no hice más que pasar. Es precisamente esa frontera (la frontera tras la cual termina mi yo), la que me atrae. Es más allá de ella donde empieza el secreto por el que se interroga la novela. Una novela no es una confesión del autor, sino una investigación sobre lo que es la vida humana dentro de la trampa en que se ha convertido el mundo. Pero basta. Volvamos a Tomás.””


(…)


“Y se le vuelve a ocurrir una idea que ya conocemos: la vida humana acontece sólo una vez y por eso nunca podremos averiguar cuáles de nuestras decisiones fueron correctas y cuáles incorrectas. En la situación dada sólo hemos podido decidir una vez y no nos ha sido una segunda, una tercera, una cuarta vida para comparar las distintas decisiones.””




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Estou em pensando em começar a escrever ficção…