Dezembro 2021

Dezembro de 2021 começou com gostinho de “vida pós pandemia”. Fomos ao cinema e à restaurantes, as crianças iam à escola (de máscara, mas com tranquilidade), recebíamos amigos em casa e não faltava quase nada pra chegar a data da tão esperada ida ao Brasil.

Depois de quase 2 anos sem poder ir eu estava desesperada pra correr ao abraço dos meus amados na terrinha. Durante o primeiro par de ano pandêmico, pior do que não estar no Brasil era não ter perspectiva alguma de quando isso aconteceria. A passagem estava comprada há alguns meses e sentir o gosto do “retorno da vida” aumentava ainda mais as expectativas sobre a viagem.

Mas cerca de 10 dias antes do nosso embarque vimos chegar ao Canadá a tal da nova e terrível variante do vírus. Aí, minha gente, o pânico se instaurou em mim. A vontade era trancar a nós 4 numa bolha pra não corrermos risco de um contágio de última hora – numa tentativa meio maluca de “ignora que o problema some”.

Como a bolha não podia existir, fomos seguindo os dias…que nos brindaram com um misto de alergia e resfriado que me enlouqueceu ainda mais, óbvio. Eu queria entrar num avião e ir correndo viajar antes que descobrissem o catarro nos nossos narizes. Eu queria cancelar tudo porque que egoísta seria entrar num avião doente. Eu queria voltar no tempo e ter de fato colocado todo mundo na tal bolha.

Entre muitos choros entalados e alguns colocados pra fora, muita ansiedade, angústia, medo e nervoso, chegou o dia da viagem. Com vários testes negativos, um restinho de catarro e um tanto de medo de que nos jogassem pra fora do avião se as crianças começassem a tossir, voamos! Uma viagem agitada – como estava eu todinha por dentro – que nos levou pra onde eu queria tanto estar.

Em São Paulo, ainda não tinha variante nova e o gosto pós pandêmico pairava no ar. Um tanto por isso a chegada teve abraços e muitos suspiros de alívio.

Como sabíamos que ainda tinha mais pandemia pra vir, optamos por diminuir ao máximo a circulação – as saudades matadas seria só as mais essenciais.

E assim foi: Um mês e 2 dias de terras brasilis. Pouca ação e muito amor. Convivência, papos ótimos, abraços, comidas, risadas, choros, colos…aquela sensação toda que conheço tão bem, de estar em casa, na terra que não é mais lar. Sentir refúgio e acolhimento nas pessoas e no ar.

Terminamos a estadia em isolamento, com medo do vírus que se espalhava como água que as tempestades tropicais tanto derramam por lá.

De novo aquela vontade assustada de se trancar longe do mundo, mas dessa vez com menos desespero e mais consciência.

Segunda feira, metade do primeiro mês do novo ano, voltamos. Com o coração minúsculo – ainda que com muita vontade de voltar pra casa, chorei doído as despedidas. No Canadá caía uma quantidade de neve histórica e eu me sentia mesmo afundar na bagunça branca das emoções. Nossa casa nos esperava coberta, nossos bichinhos, carentes, nossos amigos ainda distantes (porque: lockdown).

Voltamos.

À vida já conhecida. De lockdown já conhecido. De pandemia já conhecida. De tarefas repetitivas já conhecidas. De coração confuso e aliviado e cansado e feliz e apertado e….

Voltamos.

E pra cá? Eu sempre volto… ufa!

"e remove as montanhas com todo cuidado, meu amor"

Estou devendo dois post’s pra vocês e vou sanar a dívida em ordem cronológica, portanto, hoje vou contar um pouco sobre a viagem para Portillo e Mendoza!

O passeio começou com um pequeno estresse pois as coisas se confundiram e perdemos o horário que havíamos marcado com o veterinário para deixar a Maní… depois da irritação, da solução, do trânsito e do aperto no coração na hora do tchau, a Maní ficou e eu e o Lucas saímos ao encontro dos outros companheiros de viagem. Eram eles:
– Duilio: também FuD, da mesma edição que o Lucas. Chegou no Chile um mês depois de nós e tem sido companheiro por aqui (a mãe dele até fez um strogonof delícia pra gente quando veio visitá-lo!!! hehehe)
– Ceschin – trabalha no Santander aí no Brasil e veio aproveitar o Chile pra fazer muito snowboard
– Raquel – amiga do Duilio, venho conhecer o Chile e aproveitar a hospitalidade do amigo….rs

Os três saíram de Santiago um pouco mais cedo e portanto puderam nos dar um pouco de instruções do caminho e conhecer antes de nós o excelente hotel que nos esperava!

Claaaarooo que o GPS tentou nos matar, mandando seguir reto numa ribanceira. E claro que nos perdemos algumas vezes! Em uma delas aproveitamos um pedágio pra pedir instruções, a moça super simpática nos disse que poderíamos fazer o “retorno” passando no meio de uns cones poucos metros à frente… o bizarro foi que depois de “retornar” voltamos, claro, pro mesmo pedágio, a mesma moça saiu na janela do outro lado e nos cobrou mais uma vez, com a maior naturalidade no “buenas noches”! hahaha

Em determinado momento falamos com o Duilio, que tinha acabado de chegar no hotel e, à nossa pergunta de “como é aí?” nos respondeu com um “só vendo!”.

Ok, quando chegamos lá vimos e entendemos! Tínhamos reservado dois chalés em um hotel na parte baixa da montanha de Portillo, pra passar a noite por lá e chegar na manhã seguinte bem cedinho pra esquiar. Segundo o site do hotel, estaríamos nuns chalés super charmosos, com aqueles telhados inclinados cheios de neve e tal…
Qual não foi nossa surpresa quando, chegando lá, demos de cara com isso:



Sim, um container!!! Esse telhadinho que você vê na foto e de uma casa de trás; o nosso “chalé” era literalmente um container!!!! Era divido em dois então eu e o Lucas ficamos no da esquerda e os outros três no da direita.
Se alguém andava em um “quarto” sentia-se no outro! O frio que fazia ali era absurdo, mesmo com um ar condicionado que deveria aquecer até os 31 graus ligado! E o banheiro??? Dentro do box tinha uns fios de cabelo dos últimos hóspedes – juro!!! hahaha Fora a água fria, o vento que entrava sei lá eu de onde…enfim… esse começo de viagem foi tão emblemática que qualquer coisa que viesse depois seria vista com bons olhos!

Mas, ainda bem!, tudo que veio depois mereceu muito mais que bons olhos!

Conforme planejado, na manhã seguinte terminamos de subir a montanha e chegamos em Portillo. E, putz, que lugar lindo!!!


É uma das primeiras (senão a primeira, não estou segura) estações de esqui do Chile. É também uma das mais sofisticadas! Tem um hotel super bacana, onde váááários gringos de vários lugares diferentes se hospedam exclusivamente pra esquiar e as pistas são muito melhores do que aquelas que tem aqui pertinho de casa. Dizem os que esquiaram lá…rs

O Lucas foi todo preparado, comprou todo o equipamento de snowboard e estava cheio de energia! Eu… bom, eu até fui disposta a esquiar, mas quando cheguei lá e vi aquelas pessoas andando com aquelas botas desconfortáveis lembrei do aperto no meu pé, da dificuldade pra calçar e descalças a bota, pra andar e claro, pra esquiar..acabei desencanando…rs
(Aliás, desencanei tanto que resolvi comprar uma bota pra ficar passeando e brincando na neve nas próximas vezes que as outras pessoas forem esquiar, porque eu adoro o visual, adoro o frio, adoro a neve…mas odeio o “sofrimento” da minha incapacidade…hahahahha)

Como neste dia não estava com um sapato propício, acabei ficando fazendo companhia pra Raquel, que não podia esquiar…
Meio que, um pouco sem querer (só um pouco…hehehe) invadimos uns espaços do hotel que seriam só pra hóspedes e passamos a tarde curtindo a paisagem, o wi-fi, o conforto, o aquecedor…Delícia!!!

Por volta de umas 4 da tarde, os meninos já acabado de tanto esquiar, arrumamos as coisas e pegamos nosso caminho pra Mendoza!

Pra quem não sabe, Mendoza fica na Argentina e Portillo no meio do caminho pra fronteira. E falando em fronteira… ficamos quase 3 horas no carro pra conseguir entrar na Argentina! Muita fila, muito carro, muita gente, muuuuitaaa burocracia..carro revistado e tudo!
Como a estrada que nos esperava era mais perigosa, deixamos nosso carro lá em Portillo e fomos os 5 no carro do Duilio, que tem poderes especiais pra andar em gelo e neve e montanha e subida! rs
E fizemos uma baguncinha enquanto esperávamos tanto, né?!



Com toda a demora da Aduana, chegamos em Mendoza meio tarde, mas ainda precisávamos sair pra jantar e Duilio, Raquel e Ceschin ainda estavam animados pra uma balada.
Saímos pela cidade pra escolher um dos tantos RestoBar que tem por ali (restaurantes que depois de certo horário recolhem as mesas e viram uma balada)… até que descobrimos que aquele sábado era véspera de eleições na Argentina – no dia seguinte eles escolheriam os candidatos para as eleições do final do ano – e não só os lugares iam fechar todos cedo, como estava proibida a venda de bebidas alcoólicas! Os animados do grupo ficaram muito frustrados! Fala sério, isso lá é jeito de conhecer a noite de uma cidade, com todo mundo indo dormir cedo pra exercer a democracia no dia seguinte??? hahaha
Havia um RestoBar, que não tinha uma cara muito boa, mas que era o mais cheio da cidade..logo descobrimos o motivo: estavam vendendo cerveja escondido! hahaha Paramos pra jantar ali, claro! No final tivemos uma noite muito agradável e divertida! E esfomeada, porque a comida demorou infinitas horas pra chegar na mesa! Desconfio que mais de duas horas, juro! Mas ok…rs

No dia seguinte tomamos um café da manhã super charmosinho na calçada do hotel, com direito a muita media luna con dulce de leche argentino!!! Hmmmm!!!
E fomos prum passeio em uma vinícola que o Duílio tinha deixado reservado…

O passeio em si não foi nada demais… conhecemos uma forma mais industrial de fazer vinho, diferente das que nos mostram quando vamos por exemplo, aqui na Concha y Toro.





Mas especial mesmo foi o almoço de depois!! 
No restaurante da própria vinícola, comemos absurdamente bem!!!
Era uma espécie de rodízio de carnes típicas argentinas, acompanhada por sopa e salada de entrada, sobremesa e vinhos de fabricação própria! Além da grande variedade e quantidade, era tudo muito bom!!! Fora o charme que era o lugar!



Dizem que Mendoza é um ótimo lugar pra comprar roupa de couro (melhor que Buenos Aires), mas infelizmente tudo estava fechado por causa das benditas eleições, assim que nos contentamos com umas comprinhas normais no shopping mesmo.
No meu caso, “comprinhas” quis dizer isso: 



Hehehe!!! Não dá nem pra dizer que é sorvete de doce de leite, tá mais pra doce de leite congelado mesmo! Delícia!!!

Por lá conhecemos também o parque super lindo, andamos por umas ruas charmosas e pronto!


Na manhã seguinte acordamos cedo pra pegar a estrada de volta.


Um importante detalhe sobre essa estrada: ela passa pela Cordilheira dos Andes e as paisagens do caminho são as coisas mais lindas!!!!

Você vai andando…vendo a montanha chegar…


E se deparando com uns lugares maravilhosos assim:

Aí uma só curva e, puff!, neve!!


Já tinham me dito isso, e eu re-digo com toda certeza: a estrada é a parte mais legal da viagem!! É lindo ver as montanhas mudando de cor e de forma, várias manifestações surpreendentes da natureza, paisagens tão diferentes em um só caminho! A cada curva uma nova surpresa e emoção! Demais mesmo!!!



E foi assim que voltamos pra casa e terminamos nossa primeira grande aventura pelo território chileno!!! hahaha


(pra quem se interessar – e não tiver facebook – muito mais fotos da viagem nesse link aqui)

Foi ótimo conhecer mais desse país querido, o país vizinho, conhecer a Raquel e o Ceschin, passar mais tempo com o Duilio, e aproveitar esses lugares lindos com meu amore!!! Os lugares eram lindos, a comida muito boa e companhia uma delícia!
Deu vontade de viajar bem mais e já estamos planejando uma coisa super legal pra comemorar o aniversário de casamento!!!

Por hoje é isso..
Agora estou com preguiça até de revisar o que acabei de escrever, portanto, perdoem pequenos erros, me avisem sobre os grandes e esperem, que o post sobre a noite Chilote vem logo!
Beijos a todos!







"Branco como coco, branco como leite"

Fala se não é destino:


Hoje de manhã fui pra aula normal,apresentei trabalho e tal… mas depois do intervalo o professor e alguns alunos resolveram ir para o centro de Santiago, pra filmar a marcha de estudantes que estava rolando por lá.
Era perto das 11 da manhã e eu teria aula a tarde e um trabalho pra ficar terminando por lá na hora do almoço, mas como era muito cedo, acabei resolvendo vir almoçar em casa.
Antes de ir embora passei na secretaria pra deixar o contrato da (finalmente) matrícula e a funcionária me disse: “Está nevando, Gabriela”. Achei que era alguma expressão chilena, porque estava realmente chovendo muito e as partes externas da Escuela estavam alagadas…então só dei um sorrisinho e fiquei esperando o papel que ela iria me entregar.
Aí ela me disse: “Não! Tá nevando de verdade!” e me mostrou a tela do computador, onde ela estava vendo notícias ao vivo que mostravam neve em “diversos sectores de Santiago”. 
Abri um sorriso tão grande que ela sacou na hora: “Você nunca viu neve, assim, na cidade, né?”. Pois é, nunca!
Na lua-de-mel fomos pra Europa bem no inverno, passamos frio pra caramba, mas o máximo de neve que eu vi foi um restinho sujo e quase derretido nos chãos de Paris, e uma ameaça de neve em Londres, mas que acabou não vingando…
Na verdade a neve fugiu de mim a viagem inteira: cheguei em Paris uns dois dias depois da neve, sai de Edimburgo um dia antes (imagina que sonho, minha querida Edimburgo com neve!!!) e assim por diante…Aqui no Chile já fui várias vezes pra montanhas nevadas, mas sempre encontrando a neve já no chão…


Bom, entrei no ônibus pra voltar pra casa pensando que chegando aqui iria ligar a televisão pra ver onde estava a neve e avaliar as possibilidades de ir até ela…
Quando, de repente…na metade do caminho…. começo a ver umas coisas caindo do céu. Primeiro achei que eram gotas da chuva interminável refletindo algum traço de sol, mas aí fiquei olhando fixamente pra todas as janelas ao mesmo tempo e confirmei minha hipótese desejada: era neve!!! Fininha, pouquinha, branquinha…neve!!!
Meu impulso imediato foi levantar pra descer do ônibus! Desceria, deixaria alguns flocos caírem no meu casaco preto, tiraria umas fotos e pegaria o próximo ônibus! Parecia simples…mas acabei desistindo – eu tinha que voltar cedo pra faculdade pra terminar um trabalho, lembram?. Combinei comigo mesma que se quando chegasse no meu ponto certo não estivesse mais nevando eu pegaria o ônibus de volta! rs  Como a tal da neve foi aumentando um pouco enquanto o ônibus andava, fiquei tranquila. 
Tranquila e feliz! Tanto que o cara que estava do meu lado percebeu pela minha movimentação que tinha alguma coisa acontecendo, olhou pela janela e comentou comigo, sorrindo “es nieve!”. Ah! Foi ele também que viu que derrubei meu cartão do ônibus na rua quando desci e fiquei maravilhada rodando em torno do meu próprio eixo e filmando tudo! hahaha


Bom, a “nevasca” foi só aumentando, ficando mais e mais linda! A chuva foi parando e deixando só o espetáculo branco!
Juro, lindo!


E eu não era a única caipira encantada, não!


Nevar em Santiago é muito raro e, segundo as notícias, por tanto tempo e com tanta intensidade, MUITO mais raro! Ou seja, turistas e chilenos como bobos pelas ruas tirando foto, filmando, fechando o guarda chuva pra deixar a neve cair em si e sorrindo..todo mundo sorria! Todos olhavam pros desconhecidos pra comentar a beleza do momento!
Acho que foi um momento tão emocionante (ou mais emocionante, não sei bem) quanto o meu primeiro terremoto! hehehe


Tudo isso enquanto esperava “minha segunda condução”… Graças a uma paralisação de algumas linhas de ônibus fiquei uma meia hora nesse ponto, assistindo tudo, vendo a reação das pessoas, vendo as mudanças na intensidade da neve e as conseqüências no cenário…babando muito! E fazendo uns vídeos e postando na internet pra todo mundo acompanhar minha emoção em tempo real! hahaha (pude curtir tranquila porque a essa hora já tinha recebido um email do professor cancelando a aula de amanhã em que eu teria que entregar o tal trabalho por terminar).


Quando finalmente chegou “la micro”, estava lotada pra caramba e só dentro desse aperto é que fui me dar conta de que minha mão que estava sem luva (pra poder segurar o celular e filmar tudo) estava completamente vermelha e congelada e meus pés…nem se fala! A bota que eu achava que era impermeável tinha deixado, em algum momento x, entrar água nos meus pés e eles doíam de tão congelados que estavam!


Cheguei em casa e, depois de tirar foto da varanda e mostrar a neve pra Maní, enfiei meus pés na banheira na água bem quente e, JURO, senti muita dor enquanto meus pés descongelavam! Muita! Só não chorei de dor porque fiquei rindo com a Maní desesperada sem entender o que raios eu estava fazendo, voluntariamente, dentro daquela banheira de tortura! hahahaha


Mas, como eu já disse no facebook, valeu muito a pena! Cada dedo congelado valeu a pena!!! Foi incrível de lindo e emocionante! Pode me chamar de boba, de caipira, o que seja… Foi intenso!
Pra quem ainda não viu no facebook, seguem algumas imagens:

Boneco de neve!!!

(reconhecem meu prédio?? rs)

Escuela Militar






Bom, em casa tomei uma sopinha, coloquei mais meia, troquei de calça.. fiquei no conflito: sapato que não molha X sapato que não derrapa no gelo (sim, porque o chão estava muito escorregadio)…hahaha
Na hora em que precisei sair pra voltar pra faculdade já tinha parado de nevar e voltado a chover, então optei pela bota que não molha, mesmo…rs








E foi isso! Certinho! Exatamente nesse buraco que magicamente ficou livre no meu dia, nevou em Santiago!
Quando saí já não tinha muita neve e quando voltei encontrei a mesma vista da Escuela Militar assim:







Fala se não foi o destino que me liberou … fala!!!





"Agora eu era herói…"

Na semana passada veio me visitar minha prima e grande amiga de infância, Nathalia:





E dentro do pouco que conseguimos conversar estávamos comentando sobre a imagem que temos de nós mesmas ao longo dos anos… 
Aquela sensação quando olhamos pra um primo ou irmão mais novo e pensamos: “nossa, ele é tão criança, eu era tão mais adulta nessa idade; na verdade eu era quase o que eu sou hoje”.


Acho que nem sempre percebemos que crescemos, o quanto crescemos e o que mudou em nós. Talvez com um pouco de reflexão (e/ou análise. rs) isso fique mais claro, mas na maioria das pessoas com quem converso sobre isso, persiste essa sensação do “eu já era como sou”, sem se notar muito as “evoluções da idade”. rs


Mas sabe aquelas peças que a memória prega na gente? Como quando sentimos um cheiro e instantaneamente vamos parar em algum lugar longínquo, ou quando ouvimos uma música e nos sentimos ao lado de determinada pessoa?


Hoje essas duas coisas aconteceram comigo e, além delas, uma terceira ainda mais potente:
Meu pai e família estão de visita nessa semana e hoje subimos a montanha pra ir até Farellones pras crianças conhecerem a neve e brincarem um pouco de congelar. No final do dia, ainda lá em cima, encontrei um amigo que não via a muitos anos, da minha época de adolescência…
Na hora do encontro foi aquela coisa boa de “Nossa, quanto tempo! Tá fazendo o que aqui? O que já fez de bom no Chile? Fica até quando?Etc”, mas a onda de lembranças, sensações, sentimentos, até músicas e cheiros que esse encontro inusitado traria, viria só mais tarde…
E junto com tudo isso veio também pensamentos que eu nem sabia mais que poderia ter. Pensamentos que ao mesmo tempo que me habitam, não fazem mais parte de mim.


Meus 18 anos nem parecem tão longe assim (ok,ok…assumo que estou ficando velha…rs), tanto que posso reconhecer tais sensações como minhas, tanto que os sentimentos que vem com as lembranças apertam de leve o coração. Mas vem ao mesmo tempo a noção de que o que afeta é a lembrança, a nostalgia pelo que passou; não a emoção em si pois esta, claramente, ficou lá trás. 
E quer saber? É muito bom notar que a adolescente também ficou pra trás. Que apesar de às vezes eu achar que sou a mesma pessoa que era quando entrei pela primeira vez na faculdade (meo deos! meu irmãozinho é tão jovem pra Federal! rs), sou (não “estou”, “sou” mesmo!) na verdade completamente diferente, muito mais forte e resistente e crescida e gordinha e madura e chata (tá vai, isso eu sempre fui) e bonita por dentro e por fora (porque não custa nada agradar o ego! hahaha)


E nessas horas agradeço por ter os cabelos brancos na cabeça e os calos no coração! 
“Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é”, sim, mas cada dor e cada delícia no seu tempo certo!
Ainda bem!!!

Senevasseaquicêusavaski?

Imagino que quase todo mundo saiba que eu sou mega descoordenada. Muitos já me viraram levar (ou quase levar) milhares de tombos por aí. As manchas roxas das caídas, topadas e enroscos não são difíceis de encontrar em diversas partes do meu corpo. O que talvez nem todos saibam é que eu não sei andar de bicicleta.
Pois bem, processem todas essas informações antes de seguir lendo…


Pronto? Então vamos…


Neste mês de julho o Hotel MaLuGa está praticamente com lotação máxima, não tem quase nenhum dia sem visitas por aqui. 
No sábado o Lucas foi pra Argentina, passar uma semana tendo cursos pra virar um futuro diretivo do banco (rs), mas fiquei muito bem acompanhada pelo irmãozinho Guto, seu amigo João, a primoca Nathalia e o parceirão Lucas (chamarei de Lucão pra não confundir…rs). 
Aproveitando a reunião gostosa, ontem fomos esquiar!


O Lucão e o João já tinham esquiado antes, então tinham alguma experiência na arte. Além disso, o Guto e o João foram na quinta feira pro Colorado e estavam bastante treinados.
Eu e a Nathalia que nunca tínhamos esquiado na vida fizemos a aula “para principiantes” (acompanhadas pelo Lucão) e ela, apesar de ter apanhado um pouco no começo, foi insistente e ousada e acabou se saindo super bem nas montanhas branquinhas!


Já eu….bom, eu comecei a me machucar quando chegamos ao Colorado e descemos da van: derrubei a bota do esqui no meu pé e doeu pra caramba! Um pouquinho depois tropecei feio em uma escada (não, ainda não tinha calçado a tal bota). 
Quando fui subir outra escada, agora carregando o esquipamento (botas super pesadas, esqui e bastões) precisei da ajuda de duas pessoas, porque enroscava os bastões nos degraus, quando ia soltá-los derrubava os esquis e quando abaixava pra pegá-los enroscava tudo na minha calça, e assim sucessivamente.


Depois veio a novela dos quinze minutos pra conseguir calçar cada bota (mas essa dificuldade é normal em todos os principiantes…rs), a caminhada patética com as botas nos pés e enfim, o começo da aula.

Fiquei à vontade quando vi que todo mundo ali tava tão atrapalhado quanto eu e fiquei aliviada quando não fui a primeira a cair parada – apesar dos diversos desequilibrios que já tinham acontecido!
Por algum motivo eu virei a primeira da fila e tinha que fazer tudo que o professor mandava antes de todos os outros, com todo mundo olhando. Vergonha pouca!
Eu não estava me saindo bem, mas não estava me saindo mal também.
Até o profesor mandar a gente se jogar no chão pra aprender a levantar de um tombo… Sério, é humanamente impossível levantar do chão com aquela bota e os esquis! Impossível! Pelo menos pra mim…
Foi ridículo! O professor vinha colocar minha mão onde tinha que ficar pra eu levantar, e a minha mão não fica de jeito nenhum no lugar certo. Meu pé ficava tentando fazer uma dobra numa luta brava com a bota e eu simplesmente não levantava!
Depois o professor ensinou um outro jeito alternativo e assim, depois de mais um pouco de ridículo eu saí do chão…


Aí chegou a hora aprender a fazer curvas. Pra esquerda, ok! Pra direita…nããããooo! (detalhe: quando eu estava quase aprendendo a andar de bicicletas, as curvas eram minhas maiores inimigas!)


Enfim, a aula durou quase 1h30. 1h30 de MUITO calor – quem inventou que tem que se encher de roupa pra fazer aquilo? Calor absurdo!
Esforço absurdo, cansaço absurdo, dor nas pernas e no pé, não me agüentava mais em pé, literalmente chegou uma hora em que me apoiava nos bastões e soltava todo meu peso neles, porque minhas pernas já tinham pedido água há muito tempo!


Bom, depois da aula fomos almoçar e depois de todos descansarem um pouco, foram subir as montanhas e descer nos esquis. Todos menos eu!
Eu estava podre. Cansada. Acho que o esforço da torta aqui foi mais do que a fraca aqui agüentava por um dia…rs
E, confesso, o fato de poder voltar lá pra cima depois, especialmente na companhia do maridão, autorizou minha preguiça a se manifestar…
Preferi passar o resto da tarde tirando fotos, brincando com a neve (ah, a neve!!!) e descansando meus pésinhos!


Chegando em casa fomos descobrir os estragos: tenho manchas roxas que não faço idéia de como, quando ou onde fiz. Meu tornozelo continua inchado, quase 24h depois! Quase todos os músculos ainda doem. 


Acho que no final eu não cheguei na parte do esqui que é divertida, porque enquanto os outros estavam super curtindo o momento eu ficava me perguntando: “quem foi que teve essa idéia, mesmo???”


Mas isso não quer dizer que eu desisti de vez! Em não muito tempo pretendo subir de novo, e espero desenvolver uma relação mais amigável com o novo “esporte”. Não que eu costume me dar bem com esportes…mas se você está na neve, é pra se molhar, não é!?!


Agora algumas fotinhos pra ilustrar:





Beijos gelados a todos!

Morando em Santiago eu aprendi que…

Aprendi que todos os dias vc tem que olhar esperançosamente para o horizonte.


Não importa como esteja o tempo, a temperatura, a poluição ou o seu humor. Você tem que olhar pro horizonte.


Muitas vocês você se decepciona, se depara com uma grande massa marrom de poluição que te lembra como é ruim o ar que você respira diariamente.
Às vezes não faz muita diferença, porque você olha e simplesmente não tem nada pra ver.
Mas às vezes…..aaahhh!!!!
Às vezes você olha e simplesmente perde o ar!!! E fica com torcicolo porque não pode parar de olhar. E quase é atropelada. E atropela outros pedestres.


Morando em Santiago eu aprendi que não importa se você vê todo dia ou não. Mesmo assim é importante lembrar que logo ali ao lado está uma montanha de beleza, um muro de confiança, pedras pra te proteger – ou pra te segurar e não deixar que você saia correndo no primeiro sinal de fraqueza.


Eu aprendi que a Cordilheira é ruim para o sistema respiratório não só porque ela retém a poluição no ar, mas porque ela pode assim, inesperadamente, me tirar completamente o fôlego!
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Hoje, pela primeira vez desde que chegamos, a Cordilheira amanheceu branquinha, coberta de neve! Um espetáculo!!!


Nossa visita do momento, a Marina Malta, teve a sorte de ter reservado o dia pra ir fazer o passeio aos Andes e ver bem de pertinho os 40 cm de neve que caíram!









Eu vi só aqui de baixo, mas fiquei boba o dia inteiro!!!


Pena que nas minhas fotos não fica nem de perto tão lindo quanto é pessoalmente… mas acho que dá pra ter uma noção:



(na hora do almoço, quando consegui tirar essas fotos, o céu tava azulzinho, mas a nuvens estavam bem cobrindo a cordilheira.. =/ )