Chinchila:
Sentir-se em casa não é uma questão de tempo, de forma, de móveis ou de cores… o “quando” e o “como” esse sentir-se chegará não depende de escolha ou de decisão…
Continuo achando que nosso real lar é onde estão as pessoas que amamos – e você logo aprenderá a reconhecer nossos vários lares, tenho certeza! Mas acho também que, apesar dessa nossa vida cigana, ou justamente por causa dela?, é muito importante ter a sensação de pertencimento no lugar físico em que passamos a maior parte do ano. (rs)
Não acredito que exista uma receita simples pra sentir nosso o que antes não era, mas percebo, com certo alívio, que aos poucos vamos tomando o território, nos apropriando do espaço, deixando nossa marca nos lugares e nos deixando ser marcados pelas vivências que compartilhamos ali.
Ainda não tem 3 meses que estamos morando nesse apartamento, mas já temos o pedaço da sala onde a Maní gosta de se esfregar depois de comer, a quina de batente onde a mamãe bate o braço quase toda vez que passa, o cantinho da varanda onde você adora ficar sentada fazendo nada, o espaço só pro seu pai guardar (e namorar) os jogos dele…
Ontem completamos mais um pedaço do seu quarto (agora já não falta quase nada para a casa estar “pronta”) e enquanto seu pai colava seus adesivos na parede deixei que você se distraísse colando (e descolando, e colando e descolando…) alguns nos móveis também.
Me lembrei de quando me sentei no chão do seu quarto vazio lá no Chile, com você ainda na barriga, e fui “ajudando” seu pai a colar esse mesmo adesivo, vendo o desenho se formar e percebendo em mim a noção de que sua chegada era cada vez mais real! E me emocionei ao notar que dessa vez você já se fez dona do seu quarto e deixou sua marca e sua carinha na decoração dele – com os adesivos colados, a cama meio bagunçada e as marcas de dedinhos e beijinhos no espelho!
Hoje de manhã quase arranquei da parede da cozinha um pedaço de um adesivo que eu colei ali na primeira semana que moramos aqui, já nem me lembro o porquê. Mas com o dedo no meio do caminho me dei conta de que aquela foi, possivelmente, minha primeira marca nessa casa. De que aquela bobeirinha, aquela graminha torta e sem sentido algum acima do interruptor, faz também com que essa cozinha seja minha. Também por causa dela já posso chamar esse lugar de nossa casa! Portanto, ficou decidido, é aí que a graminha vai morar!
ps.: enquanto escrevia esse post te vi acordar e ficar quietinha na cama, mexendo – adivinha? – nos seus novos amigos na parede e cheirando as flores! ❤