Hoje começo a postar os vários mini textos que fui escrevendo ao longo desse últimos mês e que estavam aqui guardados nos rascunhos.
Eles são meio desconexos, honestos, íntimos, bastante emocionais e sensoriais e, mais do que tudo, fazem parte do meu “diário gestacional”!
Farei deles a série “Querido Diário” e vou aos poucos postando na ordem em que escrevi, até chegar ao tempo corrente, ok?!
Esse primeiro foi escrito alguns dias antes do atraso da menstruação – e muitos dias antes do teste, porque tínhamos aqui um acordo de esperar pelo menos uma semana de atraso antes de testar…rs
“Como faz para diferenciar intuição de desejo???
Tá muito louco esse meu final de ciclo… ao mesmo tempo que comecei a sentir enjôos e uma dorzinha/pontadinha/fisgadinha na barriga há mais de uma semana (o que me deixa achando que pode ser gravidez) às vezes sinto uma coliquinha e acho que é sinal da menstruação chegando…
No fim de semana passado tinha quase certeza de que estava (estou?) grávida – baseado em que, Gabriela, minha querida???
Depois, durante a semana, a certeza foi dando lugar à dúvida e depois à certeza inversa…
Agora volta a dúvida e junto com ela volta o desejo!
Minha menstruação (que ainda não tenho como saber se está regulada ou não pós aborto) pode vir entre dia 21 e dia 25 o que, na prática, significam 5 dias de muita ansiedade! rs
Mês passado, primeiro ciclo pós aborto, eu não tinha como saber quando menstruaria. E pra ajudar fomos pro Atacama onde (por causa da altitude e das muitas horas na van) eu sempre me sentia um pouco enjoadinha, deixando o casal confuso e na expectativa… essa sintoma passou quando voltamos pra Santiago e embora eu não tivesse idéia do que aconteceria nos próximos dias, alguma coisa em mim começou a torcer pra que eu não estivesse grávida ainda…
Sentia que não estava preparada, que seria uma gravidez regada muito mais a medo do que curtição, que ainda seria muito pesado.
É claro que eu sabia que se fosse gravidez, seria amplamente comemorada e cuidada e amada. Mas alguma coisa em mim sabia que eu não estava pronta e ficou muito aliviada quando, 35 dias depois do aborto, eu menstruei.
Dessa vez é diferente. A certeza do fim de semana passado veio com uma onda de calmaria, de tranquilidade, de alívio…
É claro que nenhuma próxima gravidez será tão tranquila como a primeira – agora eu sempre saberei o tamanho do amor e o consequente tamanho da dor da perda.
Mas agora eu sinto que estou pronta – não porque eu não terei medos – mas porque sei que estou pronta pra amar, acima de tudo amar, mais do que temer, amar. E sei da importância que isso tem!
Por isso filho(a), se você já estiver aí dentro, segura firme que a gente logo se descobre e se conhece!
Se você ainda não está, saiba que já pode vir! Mamãe está pronta pra você!!! E seu pai…seu pai sempre esteve!!!
(19/05/2013 – domingo – dia 29 do ciclo)”
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"que dá medo do medo que dá"
Acho que esse é o título mais explicativo que já coloquei numa postagem.
Porque é sobre isso que quero falar: sobre o medo do medo que senti. Sobre o medo de sentir medo. E, especialmente, sobre o medo de ter mais medo do que o resto dos sentimentos possíveis.
Com a gravidez e o aborto eu entendi rápido que “nessa história de maternidade não tem nada de “morno”, vem tudo fervendo!!!”.
E apesar de ter logo conseguido levantar e ficar bem, fiquei com medos queimando em mim…
Porque afinal, se perder um bebê com uma semana é difícil assim, imagina depois de mais semanas, ou até meses?! E imagina perder um filho depois que nasce?!?! E imagina perder um filho depois de grande?!?!
Conheci logo de cara (no melhor estilo “bater a cara no poste”, eu diria. rs) o que é coração de mãe doendo (porque coração de mãe apertado a Maní já tinha me mostrado..rs) e soube que ser mãe é colocar-se sempre em risco de sofrer!
Soube que, sendo mãe, sempre terei medo pelo meu filho. Medo de que ele não seja saudável, que ele não coma bem, que fique doente, que não tenha juízo na tal festa, que não saiba se cuidar quando deve, que saia de casa sem casaco, enfim… todas essas coisas que sempre cansamos de ouvir das nossas próprias mães e que de repente passam a fazer muito sentido!
E, no fundo, essa tensão toda é um pouco inútil porque prática não serve pra evitar problemas, só pra deixar as mães mais tensas, não é?! rs
E mesmo assim (e mesmo com os enjôos, a canseira, a falta de sono, etc,etc,etc) o mundo tá cheinho de mães por aí dizendo que ser mãe é incrível, que é o maior amor do mundo e que TUDO vale a pena!
E eu acredito nisso! E quero isso pra mim!
E sim, mesmo descobrindo que a presença desses medos todos será uma constante, continuo querendo isso pra mim!!! Porque sei que o resto todo é muito maior que o medo!
E aí vem a segunda parte da história…
Porque depois que aprendi que terei que conviver com esses “montrinhos”, pude colocá-los num patamar muito menor e de menos importância (no diminutivo, até..rs). Mas aí sobrou em mim um medinho específico…
O médico logo me liberou pra continuar tentando engravidar de novo. Só que eu ainda tinha medo. Tinha medo de engravidar e perder de novo, claro. Mas, mais do que tudo, tinha medo de ter medo demais! Tinha medo de, mesmo tendo uma nova gravidez tranquila, passar o tempo todo muito tensa, com muito medo, sem conseguir curtir nada e colocando peso demais no pobre novo bebê…
E eu não queria isso pro meu filho(a)! Nem ele(a), nem eu merecíamos passar por uma coisa dessas.
Depois de um tempo eu soube que isso significava que eu não estava pronta pra engravidar de novo, eu não podia estar… a dor já podia ser fraca, o trauma podia parecer que tinha passado… meu corpo talvez estivesse pronto, mas eu sabia que ainda não era hora de continuar… e quando eu entendi, aceitei. Fiz as pazes comigo.
E eu só posso escrever isso agora porque passou! Porque agora eu estou em paz e, digo mais, estou pronta! Pronta para o que der e vier!
Não, não quer dizer que eu virei uma otimista, sem medo algum e achando que tudo vai dar muito certo e ser absolutamente lindo. Não! Mas quer dizer que eu (re)descobri em mim outros sentimentos mais fortes e mais importantes do que medo algum pode ser! Eu encontrei de novo o desejo, a esperança e, acima de tudo, o amor!
E, amor, eu quero mais!
Porque afinal, amar é sempre assim: é colocar-se em risco pra poder se entregar inteira! É arriscar cair e se machucar, mas correndo o risco também de ser MUITO FELIZ!!!
E é isso:
Estou entregue. Estou pronta. E já estou amando – mais e de novo! Que venham as próximas emoções!!!
(percebi que há um “ps.” importante: estou pronta pra poder engravidar de novo. estou amando “a nova possibilidade” aberta. não estou dando nenhuma notícia “entrelinhas”, ok?! hahaha)
"nuvem negra"
(não acho que deveria contar pra ninguém, acho que devia mesmo ficar aqui quietinha na minha, tentando segurar as patadas no marido fofo que tenta me animar, disfarçando o mau humor na conversa divertida com os pais e tudo isso que fiz hoje o dia todo…
mas se meu blog não for meu espaço de desabafo, qual vai ser, né?! [já que não tenho mais divã…]
a verdade é que o dia de hoje não está sendo fácil. pelo contrário, está bem mais difícil do que pensei que poderia ser – até porque nem pensei que seria problema… mas tá phoda…
era pra ser meu dia… dia de família…dia de nós 4….
e não é.
e é uma bosta.
e é entre parentesis e com letra minúscula.)
"I’ll be there for you (‘cause you’re there for me too)"
É tanto carinho, tanto apoio, tanta força, tanta torcida, tanto colo, tanto amor…
Saibam que os sentimentos são todos recíprocos e que estou também aqui, “pra o que der e vier”!
"São coisas da vida"
Já tinha meio planejado como ia vir aqui dar a notícia… tinha uns dois posts em rascunhos, que só poderiam ser publicados depois de dada a notícia…
Estava ansiosa e contando os dias no calendário pra vir correndo pra cá…
Só que a vida tem dessas coisas que a gente não entende mas tem que “aceitar”…
E aí – coisas irônicas da vida – foi desse jeito amargo que eu fui (com orgulho) parar lá no Minha Mãe que Disse, um site lindo de pessoas fofas (que eu adoro e que facilita muito a vida de interessadas nos assuntos de filhos/maternidade) !
O texto você pode ler clicando AQUI
(aliás, você deve ler, pra continuar lendo e entendendo esse post aqui..rs)
Ele foi escrito no dia seguinte ao acontecimento, por isso é muito sincero e dolorido…
Quis publicar no site porque uma das minha primeiras “atitudes on line” foi correr no MMqD pra procurar outros textos sobre o assunto e me sentir “menos sozinha”, mas, curiosamente, quase não encontrei!
O “Três loopings…” ganhou vida pra me ajudar a processar e entender o que estava sentindo, mas virou “público” pra alcançar mais gente na mesma dor, pra ajudar a essas outras pessoas e, talvez principalmente, ajudar a mim…
E parece que funcionou! Recebi comentários lindos e um carinho (de estranhas!?!) de aquecer, e muito, o coração!
Agora, uma semana depois, os sentimentos estão abrandados, a dor já está dormente e eu já estou em terra firme.
Dessa experiência ruim sei que saí com laços mais fortes, com o corpo mais preparado e, espero que com o coração mais maleável também… porque uma coisa ficou muito clara: nessa história de maternidade não tem nada de “morno”, vem tudo fervendo!!!
ps.: ontem o Lucas e eu completamos 8 anos de história!
História é assim, tem dias lindos e azuis e outros mais cinzentos… mas cada vez tenho mais certeza de que não poderia estar mais bem acompanhada nesse caminho de crescimento!
Obrigada, mi amor, pelas crises de riso e pelo colo pro choro…minhas emoções fazem muito mais sentido quando vividas com você!
Que nossos olhos brilhem juntos, pelos mais diversos motivos, por muitos e muitos anos mais!!!
Te amo!!!