Chaves

Já escrevi um milhão de vezes sobre o quanto a maternidade foi (e é) revolucionária pra mim, não é?!
Buscando o que eu considerava o melhor pra eles, descobri muita força em mim. Força pra questionar os lugares comuns, pra fazer escolhas e pra impor minhas decisões baseadas nelas.

Por eles, me descobri capaz de não abaixar a cabeça e concordar com o mundo simplesmente porque sim.

Já são mais de 8 anos desde que essa trajetória começou, mas a força continua me surpreendendo e acompanhando.

Acontece que mesmo depois desse tempo todo, eu sigo aqui precisando trabalhar arduamente pra transportar esse tal empoderamento pra outras partes da vida…Haja terapia e maturidade…rs

Recentemente, lendo sobre parentalidade (ou seja, buscando ferramentas pra ser uma mãe melhor para os meus filhos ), andam caindo uma fichas bem importantes sobre mim mesma. Estudando sobre infância e sobre apego vou reconhecendo em mim padrões e dificuldades que, surpresa!, tem justificativa..hahaha
Choro igual criancinha, me permito chorar o que aquela criancinha não chorou… e vou tentando me convencer de que não é só pelos meus filhos que posso ser forte. Não é só por eles ou para eles que tenho direitos, vontades e, por que não, poderes.

Eles são minha porta de entrada em mim mesma. Por eles eu arrombo portas que antes eu nem sabia que existiam ou que simplesmente me apavoravam… E uma vez lá dentro, de cara com um enorme espelho, como aqueles do Harry Potter, a maturidade me chama.

Eu, madura, choro como criancinha. Abraço essa criancinha. A compreendo. E, por ela, não fujo. Não mais. Não agora. (Talvez amanhã, mas não agora).

Posso querer?

Tava aqui pensando sobre a fragilidade que nos colocamos ao assumir desejar alguma coisa.

Acho, aliás, que vem daí minha enorme e eterna dificuldade com as tomadas de decisões. Decidir é fazer uma escolha. Fazer uma escolha é assumir um querer. Querer algo de verdade é arriscar que ficar sem aquilo seria dolorido.

Aí eu vivo a vida na indecisão, que é pra não correr o risco da decepção.

Mas eu já sou bem grandinha (e com muitos anos de terapia) pra entender que essa fuga ridícula nunca me poupou de perda alguma. Pelo contrário, ao não decidir eu acabo sempre com o “não ter”, o que significa que já perco de partida.

E por mais que escrevendo assim pareça muito óbvio, acho que acabo de perceber o quanto essa “auto-engabelação” do “eu nem sabia se eu queria mesmo…” me causou uma vida de vazios e “não possibilidades”.

Percebo e sinto pena. Sinto raiva.

Mas ando aprendendo que a raiva pode ser produtiva, quando bem aplicada. hahaha

E é esse o plano agora: usar o combustível dessa raiva pra assumir um querer gigante ao qual nunca dei muita lenha. Eu quero, então eu vou tentar.

Talvez eu não consiga, já sei. E sei que não conseguir vai ser difícil pra dedéu… vai doer e aí vou precisar recorrer a ferramentas que não estou muito acostumada a usar, mas que vivo tentando ensinar aos meus filhos.

Frustração, em mim, costuma vir banhada de auto crítica das brabas e vontade de me enfiar num buraco. Mas dessa vez vou tentar usar a adultez, a terapia, a raiva e todas as ferramentas que acho que as crianças vem construindo (neles e em mim). E muitos abraços.

Com medo, com raiva, com desejo e, por todos esses motivos, cheia de fragilidade e força, vou lá tentar esse negócio… depois venho contar 😉