Maré

Eu tenho uma certa mania de ficar tentando desvendar os mistérios causadores dos comportamentos dos meus filhos – os “bons” e o “maus”. Como se fossem mapas de caminhos já percorridos, busco ali guias pra saber o que fiz de certo ou errado e quais próximos passos ainda preciso dar.

Acontece que às vezes eu não encontro essas respostas e aí costumo ficar frustrada, achando que eu é que não “procurei” direito ou qualquer coisa do tipo.

Mas estava agora aqui pensando que nestes momentos preciso me lembrar que meus filhos são só mini pessoas. Pessoas. E que nós, pessoas, não somos lineares resultados de causas e efeitos. A complexidade que nos forma muitas vezes vira um grande embaralhado de fios de gente, não é mesmo?!
Nos pequenos tbm, oras…
Ontem mesmo, na terapia, na hora do almoço, eu estava em uma paz tão grande que até a terapeuta deve ter estranhado. Mas acabei o dia de mau humor e hoje estou naquele estado “não mexe com quem tá quietinho”. Mas vai passar. Em breve um abraço ou um sorriso vão me resgatar pra superfícies mais agradáveis (e olha que às vezes esses abraços e sorrisos podem vir de longe ou de até de dentro).

Pois bem. Tô aqui listando e escrevendo que é pra ver se me lembro que as flutuações fazem parte da vida e que se permitir passar por elas é a melhor forma de passar delas.

Mas como mãe muitas vezes eu assumo um lugarzinho onipotente de pensar que devo e posso cuidar e controlar tudo o que rola com os meus pequenos.. então esse texto fica de lembrança de que, na verdade, meu papel é permitir que eles flutuem, ajudá-los a encontrar ferramentas pra “se deixar levar e retornar”. E estar por perto, pra ser a mão que eles sempre podem agarrar quando um outra onda do caminho vem um pouco mais forte…