Viva Rita

Hoje eu soube de duas vidas que chegaram cheias de pressa ao mundo.
E de duas vidas que se foram cheias de luta.
Entre elas, uma vida gigante e inspiradora, dessas que nunca se vão completamente, que ficam com a gente, na gente, pra sempre
Rita foi parte fundante do meu processo de adolescer. Nas canções que cantávamos a plenos pulmões debaixo de chuva de verão. Na catarse tão coletiva, mas tão individual que foi começar a desbravar o mundo e explorar São Paulo, sem a companhia dos “meu adultos”, pra ir muitas vezes ver a rainha do rock encantando multidões, iluminando os palcos e falando diretamente comigo.
Virar mulher ouvindo e assistindo aquela mulher foi fortalecedor.
Hoje, pensando na sua partida e nas tantas chegadas, brilha em mim a marca da vivacidade e a pressa de VIVER em letras garrafais.
Levo o dia entre as tantas homenagens que estão na internet e que transbordam em vários micro choros por hora.
“Chorar quem nos fez é reconhecer de quem fomos feitos” disse @alexandrecoimbraamaral.
Então eu choro. E aumento o volume da música. E danço como se ninguém tivesse olhando, como se eu tivesse 14 anos outra vez e estivesse de frente praqueles palcos encantados e encatandores.
Viva Rita!

AND

Eu sempre me considerei uma “pessoa do frio”, por isso vim pro Canadá já meio na certeza de que me daria bem com o inverno e que me encantaria eternamente com a neve.

Mas a pessoa que eu era na época da mudança ainda não tinha aprendido um montão de coisas que hoje eu sei. E uma das principais coisas que mudou em mim nesses 4 anos foi que aprendi a abrir caixinhas, quebrar barreiras e desafiar limitações.

Nesse país de TANTA multiplicidade eu aprendi o “perigo da narrativa única”.

Aprendi que as histórias nunca tem só um ponto de vista, que as pessoas nunca são uma coisa só.

Nem eu.

A Gabi de 2019 era “ uma pessoa do frio”  e por isso vivia reclamando do verão. Eu jamais imaginei que o inverno me ensinaria a amar também o verão. Que ficaria boba de encantamento num dia de neve AND desejaria e curtiria muito o sol e o calor.

Não o tempo todo, não todos os dias. 

Mas aprendi, finalmente, que dá pra ser duas coisas, sim. E três e quatro e cinco…

Assim, tudo ao mesmo tempo agora, ou não.
Aprendi a admirar a mistura, fiz as pazes com a confusão, a dúvida e a ambiguidade. Aprendi a viver o E ao invés do OU.

E é por isso que a tatuagem escolhida pra marcar essa terra ficou assim: a neve E o sol enlaçados como um só.

A arte linda e delicada é da @nadymaximo queridíssima!