“Um brilho cego de paixão e fé” (parte 2)

Comecei a escrever esse relato umas mil vezes seguindo o mesmo estilo do relato do parto da Cecília: hiper detalhado, racional, tudo explicadinho… mas mil vezes também a coisa (eu, no caso! rs) empacou!
Agora me dou conta de que não dá pra escrever um relato assim de um parto que foi tão o contrário disso. Aliás, de uma gravidez que foi tão o contrário disso. E de uma maternidade que vem sendo tão o contrário disso.

Escrevendo, aliás,  percebo que essa é a grande lição que meu filho me ensinou até agora: o sentir! Desde lá,  no comecinho, quando “chorei de realinhamento“, depois quando senti tantos medos e quando pude reencontrar minha paixão.. também no parto – que sem dúvida foi resultado desse caminho… Dante vem sempre me ensinando a SENTIR. O que quer que tenha pra ser sentido. Sem limites. Sem (auto) barreiras.

E é por isso, então, que esse relato tem que ser diferente: ele tem de sair das minhas entranhas; tem que ser contado desde os meus sentidos, desde meus sentimentos.

Quem me acompanha?

Conforme o final da gravidez vinha chegando a certeza de que Dante nasceria no dia 21/06 ia aos poucos dando lugar às dúvidas. O lado racional (um pouco interno e um muito no meu marido) me lembrava que eu estava lidando com uma série de indefinições. Me lembrava que ele poderia, na verdade, nascer a qualquer momento; me lembrava que não tínhamos um plano concreto do que fazer com a Cecília nos tempos de parto e estadia no hospital, que eu não sabia qual seria o momento ideal de sair de casa e ir pro hospital;  que eu não sabia se parir seria fácil outra vez;  me lembrava que eu não sabia era coisa nenhuma…

Quando eu sentia que esse mar de indefinições estava pra me afogar, simplesmente me agarrava na certeza do dia 21 e ficava pedindo: “filho, espera a vovó chegar, por favor!”

 

Mas a verdade é que Eu estava dividia. Queria curtir muuuito aquele barrigão amado. Queria que minha mãe chegasse para o parto. Queria que acabasse logo a fase das incertezas. Queria muito que acabasse logo a fase do “a Cecília tá chatinha porque ainda não entende bem essa coisa de ‘o irmão vai nascer’. Queria chegar no concreto, na nova fase – mesmo que esta fosse a fase do caos. Queria curtir muito minha filha sendo ainda a única. Queria estar certa na certeza da data. Queria que dia 21 chegasse logo. Queria ter tempo de fazer um milhão de coisas e resolver uma super lista de pendências.

Eu era a contradição em pessoa.
E pra ajudar, Cecília ficou doentinha. E em seguida eu fiquei doentona. Era muito catarro. Muuuita tosse. Pouquíssimo oxigênio. Pouquíssima energia (minha, porque a bichinha continuava no pique de sempre) e poucas horas de sono (das duas). 

E aí, sobre a data,  teve um pedido da fotógrafa. E teve a intuição da médica, que contaminou a minha. “Ai, ai, ai… Tô cada vez mais achando que esse menino vai nascer ‘antes’…”
E teve, então, uma noite dificílima. De Cecília tossindo muito. E eu ouvindo-a porque tossia mais ainda. Insônia. E porque precisava fazer mil xixis mais do que os muitos que já eram de praxe. E porque não conseguia me ajeitar na cama. Algo me incomodava muito. E não era só a tosse. Nem só a falta de ar pelo nariz ultra entupido. “Putz.. Parecem cólicas… Parecem contrações… É, são contrações. Ah, normal, Braxton-Hicks, minhas companheiras de sempre.” Será?

Quando chegou a manhã teve a consciência: “nossa, não dormi nada!”; “nossa, tive várias contrações.”
Sexta feira, dia de “mimimi” no meu grupo favorito do facebook. Fui lá e escrevi assim:
“38+4 semanas, um calor agradável de 35°, inchaço, caloooor, cansaço, gripe com tosse de cachorro morrendo e nariz totalmente entupido (eu e a filhota mais velha), pródromos dando as caras com força (essa noite várias contrações incômodas contribuíram pra insônia)
Enquanto isso eu tô aqui só implorando pro baby esperar pelo menos eu voltar a respirar pra poder nascer😖”

E completei depois:

“obrigada meninas! ❤️ (que, como sempre, vieram com palavras doces pra acalmar)

A gripe e o calor são o que mais tá pegando! A gravidez eu bem que queria que chegasse nas 40 semanas, que é pra minha mãe já estar por aqui e pra gripe ter passado!

Gente, PIOR coisa é ter contração no meio de uma crise de tosse! Fora que meu assoalho pélvico já não dá conta de tanta tosse com tanto peso… ”

Há!

Última foto do barrigón !

Continua….

“Na tua presença” – 30 meses

Filha:Ontem você completou dois anos e meio de vida!

E as redes sociais me lembraram do post que escrevi quando você completava apenas 6 meses.

Ao reler, ri porque apesar de reconhecer aquele sentimento na memória (com gostinho de “parece que foi outro dia”), também fiquei pensando que a Gabi que escreveu aquele texto mal sabia tudo de Cecília que ela ainda tinha pra conhecer!

Mas é curioso como a vida dá  voltas e se repete. E como ao mesmo tempo em que rio da inocência daquela Gabi, me identifico com o sentimento descrito.

Aqui, do alto dos seus 2 anos e meio, estamos justamente lidando com a sua própria descoberta sobre quem é você!

Sabe, é nessa descoberta que mora o famoso “terrible two”, porque enquanto você se descobre você nos separa, nos diferencia e nos nega. É lindo de ver você se construindo. Mas é difícil pra caramba de lidar! rs

(Especialmente no meio do turbilhão que é a chegada de um irmãozinho, aliás!)
É difícil, é estressante, é cansativo! Tenho me esforçado muitíssimo pra não perder a paciência, pra não gritar (demais), pra não perder o respeito (nunca). Tenho buscado novas ferramentas pra manejar essa nova fase. Tenho observado curiosa e encantada essa nova Cecília.
Hoje, menos inocente do que há 2 anos, sei que estamos vivendo um recorte, um pedaço do caminho para o que é e ainda será a minha Cecília. Mas como diz o clichê, hoje sei também que o mais importante é saborear o caminho e não torcer pra que o “destino” chegue logo.

Mesmo quando o sabor de vez em quando é picante ou amargo! rs
Feliz 2 anos e meio, meu docinho!!! ❤️

 

Agora com a tradicional montagem! 🙂

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Praticamente impossível fazer ensaio com ela…hahaha

 

AND, com making of da nova foto de capa! hahaha

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“Um brilho cego de paixão e fé” (parte 1)

Toda história tem uma pré-história. Meio óbvio, né?!

 Acontece que em algumas histórias esse “background” é quase tão importante quanto os acontecimentos que ele desencadeia.

Sinto que esse é o caso do nosso parto.
E é por isso que antes de contar como ele foi, sinto que preciso vir aqui dizer que mesmo tendo planejado e desejado um segundo filho, depois que ele já existia na minha barriga fui visitada por uma série de medos.

Hora era medo de como seria esse bebê desconhecido. Hora de como eu lidaria com essa nova pessoa. Hora era medo de como seria pra Cecília recebê-lo; hora era de como ficaria minha relação com ela depois da chegada dele. Hora era medo de ser “mãe de menino” (pffff); hora era de ser mãe de dois. Hora era medo de ele nascer antes da minha mãe chegar, e do que faríamos com a Cecília durante o parto e dias de hospital; hora era medo de ele “atrasar demais”. Hora era medo de o parto ser muito mais difícil do que foi o primeiro; hora era medo de todos esses medos atrapalharem (e muito) a chegada do meu filho…

Enfim… digamos que foi um primeiro trismestre de muita minhoca na cabeça e pouco espaço (emocional) pra curtição (acho também que o fato de não termos divulgado a gravidez contribuiu pra esse cenário introspectivo e besta… Acho que não repetiria essa escolha!)

Foram alguns meses assim até o dia em que não foi mais.
Lembro com clareza: estava fazendo minha caminhada matinal, sozinha, fone no ouvido, viajando na minha própria cabeça. E então começou a tocar uma música que eu nem sabia que tinha colocado na minha playlist. Uma música na qual eu nunca tinha prestado atenção antes. Uma música que me deu um click, um estalo. Uma coisa meio doida, meio assim sem explicação.
Me lembro que ao sentir o estalo me arrepiei inteirinha, literalmente até os dedos do pé! E voltei pra ouvir de novo. E de novo. E de novo.

Dá o play aqui e ouve mil vezes comigo!

Pronto, sem querer eu tinha um “hino” pra minha gravidez!

E assim, num click, aquela preocupação besta que tava me (pré)ocupando tanto “espaço”  foi embora.

Já não importava mais, como, quanto, quando, porquê…. seria.

Aquilo tudo, de um jeito ou de outro, “seria”. E seria em breve. 

Percebi, então, que eu precisava voltar a acreditar. A confiar quase cegamente. Em mim. No meu corpo. Na minha filha. Na minha família. No meu bebê.
E num arrepio eu lembrei que, sim, apaixonadamente eu confio nessa lista!
E foi tão importante esse lembrete. Tão libertador! Tão “divisor de águas”!

Ainda faltava muito pra hora do parto quando isso aconteceu – ainda bem, porque eu tive bastante tempo pra me entender com essa nova relação minha com a gravidez e curti-la muito!

Mas eu tenho certeza que esse momento foi fundamental pra tudo o que veio e ainda está vindo – depois!

Mas essa história fica pra daqui a pouco, ok?!

(sim, sim… Vou enrolar vocês de novo e dividir mais uma vez o relato de parto em mil partes, sorry… Tenham um pouquinho de paciência comigo! Hehehe)




“Agora não pergunto mais pra onde vai a estrada

Agora não espero mais aquela madrugada

Vai ser, vai ser, vai ter de ser, vai ser faca amolada

O brilho cego de paixão e fé, faca amolada

Deixar a sua luz brilhar e ser muito tranquilo
Deixar o seu amor crescer e ser muito tranquilo

Brilhar, brilhar, acontecer, brilhar faca amolada

Irmão, irmã, irmã, irmão de fé faca amolada

Plantar o trigo e refazer o pão de cada dia (Plantar o trigo e refazer o pão de todo dia)
Beber o vinho e renascer na luz de todo dia (Beber o vinho e renascer na luz de cada dia)

A fé, a fé, paixão e fé, a fé, faca amolada

O chão, o chão, o sal da terra, o chão, faca amolada

Deixar a sua luz brilhar no pão de todo dia
Deixar o seu amor crescer na luz de cada dia

Vai ser, vai ser, vai ter de ser, vai ser muito tranquilo

O brilho cego de paixão e fé, faca amolada”

“Deixar o seu amor crescer e ser muito tranquilo” – 1 mês

Ontem meu gordinho completou seu primeiro mês de vida! 

E, gente, ele é TÃO delicinha, sou completamente apaixonada !!! (e nada suspeita! Hahaha)

Descobri, aliás, que eu amo recém-nascido! O cheirinho, a molenguice, a “rotina”, as mamadas, o jeitinho encolhido de se aninhar no colo, o chorinho ardido, os gritos… Acho tudo isso tão gostoso que nem me importo tanto com os perrengues que vem junto! Hahaha
Nosso primeiro mês aqui foi intenso – especialmente a última semana, como vocês podem imaginar..rs

Tão diferente do meu primeiro mês como mãe da Cecília… Mas ao mesmo tempo com tantas semelhanças, que trazem lembranças e saudades..

Dante mudou muito nessa última semana! Teve um salto de desenvolvimento super claro! Agora fica mais tempo acordado, fixa o olhar na gente e nos segue, procura por barulhos (minha voz especialmente! ❤️), já mudou padrão de sono, tá bem menos com aquela cara de peixe que os bebês nascem (rs) e ficando cada vez com a carinha mais esperta!

É lindo como em só um mês aprendemos tanto e nos conhecemos tanto – e  mais incrível ainda pensar em tudo que nos espera! 

Mas quero registrar que não tenho a menor pressa pra esse “tudo que nos espera”! 

Cada vez que o dia aperta e me pego fazendo contagem regressiva pra hora de todo mundo ir pra cama, tenho tentado me lembrar daquela frase: “os dias são looongos, mas os anos são curtos”. Melhor viver com calma, então, cada momento, né?!

Calma, aliás, tem sido minha palavra de ordem; aquilo que eu quero, que eu busco e que preciso! Pra que esse novo caminho seja mesmo muito tranquilo!

“Se faltar o vento, a gente inventa”

Sexta feira começaram as férias da escola da Cecília. Sábado minha mãe voltou pro Brasil. Segunda feira (vulgo amanhã) Lucas começará num novo trabalho (longe de casa).

Junte tudo isso aí e conclua que amanhã é que sentiremos o “agora é que são elas” nessa casa! A partir de amanhã estarei sozinha o dia inteiro com as duas crias.

(Só não totalmente sozinha porque depois de muita insistência de todo mundo resolvi concordar com contratar ajuda de uma faxineira todas as manhãs – porque todo mundo insistiu e porque eu notei que não daria mesmo conta de casa, comida, roupa e filharada toda! Não por enquanto, pelo menos…  =/ )

 

Enfim, não vou mentir: tô com medo de como será! rs

Cecília tá difícil, teimosa, fazendo de um tudo pra chamar a atenção (normal e esperado, né?! mas não por isso menos difícil…)

Dante está tendo boas crises de cólica – aliás, gezuiz!, que judieira isso de cólica, minha gente!!

E aí que já temos os momentos que nós três os dois entram em crise ao mesmo tempo, então tô aqui imaginando como será quando não tiver ninguém mais em casa pra me nos acudir!

E tô respirando fundo e tendo boas conversas com meu cérebro problemático que nunca lidou muito bem com bagunça e barulho e perda de controle… Coitado… rs

 

Ah! E sabem aquela imagem linda e serena do binômio mãe-bebê curtindo em paz a lua de leite! Há!!!
Substitua-a por essas circunstâncias contadas acima. Agora some a busca por uma nova faxineira. Agora a busca por uma nova escola pra Cecília. E ainda, a busca por uma nova casa.

Sim, estamos de mudança em pleno puerpério. Olhem que idéia de gênios! Há!

Suave… imaginam, né?!

 

Ainda bem que meu marido assume a dianteira das coisas – mesmo que ele o faça achando que meu problema é falta de sono e excesso de preguiça só.

Enquanto isso tô aqui, tentando sobreviver ao dia a dia nesse mar de (lama) hormônios e leite e sono e cocô amarelo e “terrible two” e brincadeiras e hormônios e cocô fedido e leituras e gritos e um calor dos infernos e choros e carências e hormônios e alergias e carinhos e músicas barulhentas e chamegos e lágrimas e mudanças e.. e… e… e…

deu pra entender mais ou menos, né?!

 

Mas olha, gente, agora que parei pra escrever e considerando isso tudo aí, diria até que vou muito bem, obrigada!! rsrs

E vocês, como estão?

🙂