Eu fico esperando a ideia genial aparecer e quando as “apenas interessantes” passam por mim, fico sempre sentindo que não as consegui agarrar. Enquanto espero escrever as grandes coisas, vou caindo no vazio de não escrever coisa nenhuma.
Sinto saudades diárias de quando conseguia simplesmente sentar e registrar o que quer que fosse que estivesse no meu dia, na minha cabeça, nos meus planos…
Entro no instagram e, observando stories alheios tem me vindo muito uma pergunta: “o que será que nos faz nos expor?”. Porque será que cada uma daquelas pessoas escolheu publicar cada um daqueles stories?
Eu escrevo pra me entender e pra “me existir”. Mas por onde passa a escolha sobre onde publicar? Pra quem eu escrevo?
Em tempos de redes sociais, em que a exposição parece quase servir pra validar a existência de cada experiência, tenho encontrado mais gosto e “palpabilidade” naquilo que não posto. É curioso reler minhas “lembranças do facebook” e encontrar o que antes me motivava a postar. Ou reler este blog e simplesmente me reencontrar.
Hoje em dia eu faço exercício e não posto. Leio livros e não posto. Tomo sorvete e não posto. Porque postar? E porque não postar?
O blog surgiu pra compartilhar minhas experiências com quem estava longe. Eu continuo longe e, talvez, cada vez mais distante, já que agora também ausente das redes sociais. Quando escolho postar no blog e não no instagram, o que estou buscando? Se a ideia é escrever pra mim mesma, porque clico no botão de “publicar” depois? Porque não escrever só num documento e salvar por aqui? Escrevo onde alimento a ideia ilusória de que ninguém lê, mas sinto um prazer enorme quando sei que alguém leu…oras?!
Por que eu escrevo? Pra quem eu escrevo, afinal?
Hoje foi dia do escritor e eu senti várias vezes um apertinho no peito por me perceber tão distante desse lugar que por um tempo eu ocupei e que ainda anseio.
Li em algum story uma frase de um autor famoso (esqueci qual..hahaha) que dizia que todos somos escritores, mas apenas alguns de nós escrevemos. Não sei o que levou alguém a compartilhar tal frase, mas sou grata que ela tenha chegado até mim. E tem sido por aí um pouco os rascunhos de respostas que encontro no turbilhão de perguntas. Como um naufrago gozando de minha solitária ilha deserta, gosto de soltar minhas palavras ao mar, em pequenas garrafas de vidro chamadas de post em blog abandonado, na esperança, mas tentando não alimentar expectativas, de que elas cheguem a alguém que sinta gratidão ao encontrá-las.
Escrevo pra mim, é verdade. Mas escrevo desde sempre aos meus queridos, aos que são curiosos e aos que não perdem a paciência comigo. Sou muito grata a quem ainda se interessa nas minhas palavras e venho, pela milésima vez na vida, me prometer soltar mais garrafas “enmenssageadas” por aí…