Eu moro no silêncio.
Me alimento de vazio.
Me recarrego na solitude – no lado de dentro.
Quando falta espaço fora, eu crio.
Quando o fora sobra, eu piro.
Respiro um ar só meu, não gosto de dividir oxigênio.
Compartilho, isso sim, o colo. Ofereço suspiros.
Só expando quando posso introjetar primeiro.
Sou lenta, não peço pressa.
Eu paro pra ver. Estou sempre escutando.
Preciso aprender a desligar.Acho que já ensinei a esvaziar.
Quero guardar cada gota do que vivi. Tenho medo de não caber.
Tenho origem, mas não tenho raíz.
Me movo e procuro para não encontrar.
Quero tecer a cama das memórias sem grudar o futuro em minha teia.
Vou. Não sei ficar.
Vôo. E já posso pousar.
Ouve: sou feita de silêncio e música!
Dança comigo?