As mulheres da nossa família são conhecidas mundialmente por sua habilidade de “chorar até em comercial de margarina”; basta uma imagem mais piegas que as lágrimas já brotam e escorrem…
Eu, que não nego minhas origens, sempre fui chorona assim também, por isso imaginava que quando me descobrisse grávida, abraçaria seu pai e choraria. Mas não.
Achei então que estava guardando as lágrimas pra quando ouvisse seu coração pela primeira vez no ultrassom, mas também não foi dessa vez…
Nem quando comecei a sentir você se mexendo dentro de mim, nem quando seu pai sentiu o primeiro chute, nem quando descobrimos (e nomeamos) você a caminho…
Eu sempre me emocionava e explodia de felicidade, ficava com as pernas bambas, claro, mas o choro nunca vinha…
Fiquei esperando o “choro catártico” pra hora do parto e, surpreendentemente, eu era a única envolvida na sala que não chorava naquele momento lindo!
Nunca consegui explicar bem o porquê dos “olhos secos” em situações tão especiais… Pensei que era tanta felicidade que nem cabiam as lágrimas…
Mas eu entendi recentemente que, depois de você, filha, eu fiquei mais forte e mais sensível! Eu não chorei nesses momentos grandiosos justamente por sua grandiosidade…Como se ali eu fosse leoa, fosse fera-feliz e nada mais!
Em compensação chorei com muitas pequenas coisas, muitos detalhes delicados, coisinhas do dia a dia que você me ensinou a viver e apreciar!
Chorei muitas vezes com sua virada de olhos cheia de prazer ao começar a mamar, chorei com nossas trocas de olhares e, depois, de sorrisos… Chorei quando você chorava, mas também chorei com algumas gargalhadas suas. Chorei com carinhos e abraços que você me deu. Chorei quando você só era capaz de se acalmar em meus braços. E quando você precisou agarrar bem forte em mim pra enfrentar seus medos. Chorei de rir, muitas vezes. Chorei sentindo seu cheiro. Chorei te vendo dormir, minha Cecília.
Mas ontem foi um dia de primeiras vezes.
Ontem, pela primeira vez, chorei em um desses momentos grandiosos em que se esperaria mesmo umas lágrimas.
Ontem você soltou a mão do seu pai e caminhou na minha direção.
Ca-mi-nhou! Assim, de pressa, estabanada. Andando, mesmo! Tão adulta, tão linda, tão feliz!
Te agarrei no final do caminho num abraço e chorei, chorei!
Talvez porque a leoa viu sua filhotinha grande e querendo ser independente e pode liberar a fragilidade de dentro dela, não sei… Talvez porque ali você era a expressão física de “grandiosidade“…
Só sei que a força do momento se juntou com a força da emoção e meus olhos vazaram amor (junto com meus seios, diga-se de passagem! rs)
Vai, filha, caminhe em direção à vida e ao futuro! Ou melhor: vamos! Com choro ou sem, não importando os motivos das lágrimas ou de sua ausência, mamãe e papai sempre estarão aqui pra te amparar e receber, como fizemos tantas vezes ontem!