“Não pude segurar a mentira…”

Dia desses estava conversando com umas amigas e comentei que Cecília tá puro grude, que até pra cozinhar preciso ficar com ela no colo – e então deu-se o seguinte diálogo:

Amiga 1- Não, Gabi! Como assim? Não pode!

Eu – Ela fica chorando agarrada na minha perna!

Amiga 1 – Deixa chorar!

Eu – Eu deixo! Mas aí… Ela… Ela chora… E… Eu não…. Até que ela… E aí… Eu não consigo!

Amiga 2 – Ela é pequenininha ainda, né?!

Todas nós – É…

Aquela conversa me incomodou e ficou ecoando na minha cabeça até que eu conseguisse entender:

1- Mentira! Eu não deixou chorar – não quando eu posso pegar Chinchila no colo!

2- Menti porque fiquei com medo do julgamento clássico de “você está mimando essa menina”!

3- Amiga 2 me salvou das reticências infinitas – era tão mentira que eu nem tinha argumentos pra justificar…rs

Então vou desmentir essa história e tentar não ligar pros julgamentos:

 Há duas coisas que eu não nego nunca pra Cecília: colo e mamá!

A menos, claro, que eu esteja fazendo alguma coisa em que o colo represente perigo ou que esteja em uma circunstância em que não dê mesmo pra amamentar, sempre dou quando ela pede!

Minha bichinha tá cada dia mais autônoma, curiosa, comendo sozinha, brincando sozinha, querendo explorar o mundo com as próprias pernas (e olhos e dedos e boca..)



adulta!





Cantinho da leitura / independência



Eu percebo que além de divertida, cansativa e aventureira essa etapa que ela está vivendo agora pode também ser algo assustadora, por isso acho absolutamente normal ela PRECISAR de mim nos intervalos da nova independência! Seja pra recuperar as energias ou a coragem, estou aqui pra dar esse alento que ela busca, mesmo quando essa necessidade é mais constante!

  Isso não quer dizer que eu não coloco limites nela, ou que nunca negue nada a ela – por exemplo, ela não pode brincar com coisas perigosas, não pode assistir tv, não pode estragar coisas que não são “estragáveis”, não pode fazer brincadeiras que possam machucar a Maní (ou a gente, ou a si mesma)..enfim, coloco os limites que considero importantes –  e ela tem sim que lidar com as frustrações resultantes deles – mas, definitivamente, poder ficar no colo e mamar quando quiser NÃO se encaixam nessa categoria! Ponto!

(um parêntesis curioso: essa escolha do que é importante limitar é absolutamente pessoal e sei que, às vezes, as mesmas pessoas que julgam minha filha mimada porque ganha “muito colo” nos consideram meio carrascos por não deixá-la brincar com celular ou comer umas tranqueiras…)

Já disse, muito bem dito, o querido Dr. Carlos Gonzalez: “Amor ‘demais’ não estraga ninguém, o que estraga é a falta dele!” 

Agora, uma coisa eu admito: não é fácil!

Como vocês devem ter lido nuns últimos posts meus, não estava fácil tê-la tão agarrada a mim, me impossibilitando de fazer várias coisas que eu precisaria/gostaria. Não é fácil desapegar das minhas neuras e largar tudo como está pra atender à “simples” necessidade de aconchego de outra pessoa. Não é fácil acolher quando a gente também tá precisando ser acolhida…

Mas, oh, ninguém falou que seria fácil e eu escolhi esse caminho sabendo o que me esperava! rs

Porque grande parte disso tudo é realmente escolha: eu podia escolher deixá-la chorando, ou escolher colocar um desenho na tv pra ela assistir enquanto eu tenho um pouco de paz  ou enquanto faço a janta, ou escolher deixá-la chupando chupeta ao invés de ficar uma hora inteira com ela com o meu peito na boca…

Eu podia escolher fazer diferente, como muita gente escolhe e faz – que fique claro, não tenho absolutamente nada contra essas escolhas diferentes, só estou dizendo que elas não são as minhas e que eu tenho que lidar com o que provém  disso.

Por sorte tenho o enorme privilégio de poder estar o dia todo com meu pica-pau e tomar essas decisões “menos práticas” e bem cansativas!

Mas depois dos dias (semanas?) mais difíceis e complicados pós nossa mudança pra cá eu precisei fazer alguns ajustes por aqui… Procurei mais atividades e brincadeiras pra fazer com ela durante o dia, dei uma relaxada nas minhas neuras com a casa e tenho conseguido incluí-la no que precisa ser feito – descobri, aliás, que o colo solicitado na hora de eu fazer comida é menos carência e  mais curiosidade e vontade de participar!! Nessa hora, haja oração do Santo Sling!! Hehehe

Enfim, ajustes, amadurecimentos (dela e meu), rotina, casa fixa quase mobiliada (rs)… Tudo isso tem deixado as coisas mais gostosas a cada dia! Tanto que já pude até vir escrever sobre o assunto! 😉

Porque olha, juro, verdade verdadeira mais pura: tudo que tem de “não fácil”, tem mil vezes mais de delicioso – afirmo agora, que estou mais leve! Hahahaha



olheiras absolutamente justificadas! 🙂



10 pensamentos sobre ““Não pude segurar a mentira…”

  1. Te abraço e te entendo perfeitamente, Gabi!!
    Nossas escolhas são “mal vistas” por alguns, sim. Mas o importante é que temos segurança que estamos fazendo o bem às nossas fofoletes e, o melhor, vemos isso a cada dia no dia-a-dia e nas conquistas delas.
    É cansativo mas é muito gostoso, né não?!

    Adorei o texto.

    Beijo nosso!

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  2. Gabi, toca aqui, colega! Eu também escolhi muitas dessas coisas e até a minha mãe tem essa de dar palpite. Outro dia ela me disse que agora que a Liana tem dentes eu tenho que bater nela se ela me morder durante uma mamada. E como eu discordei, disse até que eu já levei várias mordidas doidas, tive que ouvir que isso pode deixar a Liana blablablabla. Nessa hora nem ouvi direito o resto, rs!
    Mas sabe que pra algumas pessoas é melhor nem explicar muito sobre as suas escolhas. Se a pessoa não está aberta nem adianta.

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  3. Olha, rolou uma identificação forte aqui, rsssss. Adoro todo aquele mimimi da criação com apego, não deixo dormir chorando nem a pau, dou colo mesmo e…. sou julgada todos os dias. Mas não me arrependo. Se eu estiver errando, pelo menos é por amor, né? Beijão em vcs!

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