“Os outros”

A alergia da Cecília tem causado mais “transtorno” pros outros que pra mim…rs Os “outros” que ficam limitados quando vão comer comigo, os “outros” que tiveram que fazer comida pra mim no Brasil, os “outros” que se preocupam e ficam com pena, os “outros” que esquecem e me oferecem coisas “erradas” pra comer…rs enfim…
Eu por enquanto tô levando na boa, sentindo algumas vontades, claro, mas nada absurdo…até a ida pro Brasil (que eu achei que seria terrível) foi relativamente tranquila no tema “alimentação”…
Tenho conseguido adaptar receitas, virei a “Louca dos Cupcakes” e até Festa Junina vai rolar por aqui!!!

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Desde que postei sobre o tema venho recebendo muito carinho, muita dica de sites, blogs, receitas e muitas perguntas também – por isso resolvi postar isso aqui:

 

A Carol, do “Carol e suas baby-bobeiras” tem um post muito legal sobre a alergia alimentar do filho dela que eu brinco que é uma espécie de FAQ’s  sobre APLV que todo mundo devia ler! Aqui tá o post original pra quem quiser ler e deixo abaixo as FAQ’s – enjoy!!!

– Ah alergia ao leite… minha prima/irmã/cunhada/conhecida/vizinha também teve isso, mas ela comia um poquinho de queijo e não fazia mal não.
Pois é, mas temos que começar entendendo que: Alergia à Proteína do Leite de Vaca é diferente de Intolerância à Lactose. Não vou entrar em detalhes, ninguém merece, mas na intolerância, as pessoas podem consumir quantidades pequenas ou espaçadas de LACTOSE, porém, na alergia, não pode NADA que tenha a PROTEÍNA do leite da vaca. Comer um cisco de queijo perdido na salada é iNgual a comer pizza, tomar achocolatado, nadar no molho branco. Dá merda.

– Mas que tipo de merda pode dar?
No caso do meu filhote, dá MERDA mesmo, he-he. Diarréia, cocô com muco, sangue, muita dor e cólica, dermatite. E, vocês já sabem, ele fica irritadíssimo, dorme mal, está sempre incomodado e choroso. Se dor de barriga já incomoda e deixa qualquer adulto mal humorado, imaginem um piquitico com menos de três meses que ainda nem terminou de entender o que está fazendo nesse mundo? Fora isso, quanto mais eu demorar pra tratar, mais demora pra ir embora.

– Ah, então esse treco vai embora?
Sim, vai. Varia de criança pra criança, mas, de acordo com a gastro que consultamos, por volta de um ano, ano e meio.

– Vocês consultaram gastro, legal. Fizeram muitos exames? Qual exame COMPROVOU a alergia?
Todos e nenhum, hihihi. Na idade do Lucas, o exame pode ser inconclusivo, tipo teste de gravidez de farmácia, sabe? Se é positivo, não tem dúvidas, mas se der negativo, não quer dizer muita coisa. Fizemos exames pra descartar outras suspeitas e esses sim vieram todos negativos. Vamos fazer o específico pra alergia, mas não é o ponto principal pro diagnóstico. Pelo quadro clínico dele, nossa gastro não tem dúvidas.

– Poxa, mas podia ter algo que te desse certeza, né?
É.

– E como trata? 
Trata com dieta de exclusão. Como Lucas come através de mim, a premiada fui eu. Devo excluir da minha dieta toda e qualquer comida que tenha proteína do leite ou da soja. Não é tão simples quanto parece, já que descobri que muitas coisas que consumimos normalmente são agraciadas com as proteínas malditas. Quer um exemplo? Coca-cola. Aí você se pergunta: NAONDE que Coca-Cola tem leite? E eu te digo: no corante dela. Corante caramelo tem derivado da proteína do leite. E Coca-Cola tem corante caramelo. Se eu tomo esta porcaria, Lucas reage. Tenderam?

– Ah, caramba, mas assim é dificil fazer dieta. Como você faz pra saber o que pode e o que não pode?
Eu tenho uma lista dos leites “disfarçados”. Corante caramelo, caseína, soro são algumas das palavrinhas que, pra quem sofre dessa alergia, são iNguais a LEITE DO MAL. Daí, quando eu vou ao mercado, levo a minha lista e fico deliciosamente lendo TODOS os rótulos.

– Muito difícil, Carol.
Sim, mas não para por aí. Porque eu descobri uma chateação mais chata ainda, chamada TRAÇOS. Funciona assim, por exemplo: se a empresa que produziu a farinha X também produz alguma coisa enriquecida com leite e, por acaso, compartilha o maquinário pra esses dois alimentos, a minha farinha X, que teoricamente estava isenta de contaminação, foi toda zoada. Possui TRAÇOS DE LEITE. Aí eu, inocentemente, compro essa farinha e faço meu bolo, achando que tô dentro da dieta. NÃO ESTOU. Contaminou meu bolo, o prato do bolo, o garfo, a forma, o liquidificador que eu fiz a massa. E pior: Lucas reage.

– Impossível viver assim!!! Como faz pra mapear TODOS os produtos DO MUNDO?
Não faz, né? Na verdade, até faz: liga pra SAC e pergunta do maquinário, ameaça dizendo que vai ter choque anafilático, substitui por alimentos menos industrializados… por aí vai. E também: usa-se a rede de apoio. Me indicaram uma comunidade no orkut pra APLVs e também faço parte de uma lista de discussão argentina sobre filhos alérgicos. Daí rola muita troca de informação, tem listas de produtos aptos e confiáveis e, acima de tudo, muita ajuda e força pra aturar as dificuldades do processo.

– Que bom, pelo menos isso. Mas e aí come o que?
Neste primeiro momento, em que Lucas está no meio da crise, todo sintomático, eu como de forma muito restrita. Além de leite e derivados e soja, cortei carne vermelha, feijão e lentilha, alho, cítricos, oleagenosas. Tenho comido, basicamente, frutas, verduras, legumes. De industrializado, somente arroz e macarrão (e mesmo assim, as marcas confiáveis, que não tem traços em seus produtos).

– Carol, mas por que esse sofrimento? Dá logo leite de fórmula pra essa criança que tudo estará resolvido mais rápido!
Não é bem assim. Se eu não pensei em fórmula? Lógico que pensei. LÓGICO. Mas, preferi seguir amamentando. Por alguns motivos: primeiro, porque gosto, porque acredito que é o melhor pra ele. Segundo porque, de acordo com o gastro e com o pediatra e com as comunidades das quais participo, uma vez acertada a dieta da mãe, o leite dela é o melhor remédio pra alergia. E terceiro – e menos nobre – porque não posso dar qualquer leite. Nan é leite de vaca, caso não saibam. Tem que dar fórmula especial (altamente hidrolisada, só aminoácido, sem proteína), tipo Neocate. Agora, sabe quanto custa uma latinha de Neocate? 500 pesos. É papo de duzentos real. E ainda fiquei sabendo que tem um gosto MERDA, que muita mãe taca açúcar pro filho aceitar. AÇUCAR, tá gente? Pra criança de três meses, pensem. Mas, ok, segui pesquisando sobre o assunto e vi que meu plano de saúde cobriria a tal fórmula pelo menos até o primeiro ano do bebê (claaaro que depois de muita burocracia). Mas estou firme na amamentação. Ganhei uma lata de Neocate e ok, fica aí pro dia que eu MORRER. He-he, brincadeira, fica aí pro dia que eu mudar de idéia, caso a dieta não dê certo ou algo do tipo. 

– Mas Carol, com essa dieta toda, será que seu leite não diminuiu ou secou? De repente, ele tá chorando de fome…
Essa possibilidade me parecia quase impossível, visto que já são quase três meses amamentando e meu peito ainda vaza. Mas foi sugerido tantas vezes que encasquetei e fui tirar um pouco, pra ver qual era. Pois bem. Em cinco minutos de bomba manual, no mesmo peito que eu tinha dado na mamada anterior, eu tirei 100ml. Acho que tenho leite, né?

– Tá, você vai seguir amamentando, mas não tem nenhum remedinho que amenize essa alergia?
Tem não. Tem remédio pra amenizar efeitos muito fortes da alergia (tipo crises respiratórias e tal), mas, pelo que eu entendi, ainda não é o caso do Lucas (e tomara que não seja NUNCA).

– E quanto tempo a dieta leva pra fazer efeito? Ele não deveria estar melhor já?
Cada médico e cada comunidade que eu participo diz uma coisa. Uma vez que a dieta esteja acertada e sem furos, meu leite estaria limpo em: 15 dias, de acordo com a pediatra; 4 dias de acordo com o pessoal do orkut; 3 dias de acordo com a colegagi blogueira; 7 dias, de acordo com a gastro. Já escutei até 40 dias, meu povo. Estou em dieta talibã desde quarta-feira, ou sejE, DOIS DIAS. Falta, até no mais otimista dos casos. A dieta anterior estava com furos, então não conta (lembra que eu falei que, pra alérgicos, é tudo ou nada? Dieta marromeno não funciona). Quando a sintomática do Lucas começar a melhorar, eu vou reinserindo as coisas extras que cortei: alho, cítricos etc. Daí seguirei só com exclusão de leite e soja, vai ser mais tranquilo (hahahahahaha).

6 pensamentos sobre ““Os outros”

  1. Oi, Gabi!
    Tudo bem? Estamos com saudades…
    Eu tive essa mesma alergia quando era menor, “vai ver” é genética (risos)!
    Todos aqui estão mandando muitos beijos para vocês!

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      • Estamos muito bem, Gabi!
        Minha mãe está mandando um beijo beeem grande e disse que as minhas alergias demoraram um pouquinho para passar (Eu tinha 5 anos) e, apesar de ter feito vários tratamentos, o único que resolveu foi o homeopata, que eu adorava por conta dos remédios terem gosto de balinhas!

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      • Hahaha! Espertinha vc!! Te entendo, tb adoro as bolinhas homeopáticas! (Cecília, aliás, ja está na homeopatia, mas por enquanto em gotas! 😉 )
        Outro bem beijo bem grandão pra Cá e pra vc!

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