"Foi assim…" – parte 3

(já leu a primeira e  a segunda parte?? Agora elas tem fotos e vídeos! rs)



Confesso que por boa parte da manhã eu ainda não tinha certeza que a Cecília nasceria naquele dia mesmo – inclusive, quando coloquei as datas nas lembrancinhas, escrevi só mês e ano, porque eu ainda pensava “vai que demora mil horas ainda, né?!” rs  E o processo tava tão tranquilo que eu realmente achava que tinha muito o que demorar…rs

Mas aí a bolsa estourou umas 11h30 da manhã e quase que instantaneamente o intervalo entre as contrações diminuiu… Mágico assim! Elas ficaram um tiquinho mais fortes e começaram a vir, mais ou menos, a cada 6 ou 7 minutos… Mas ainda estava fácil! Oh:




E como bolsa estourada é tipo coisa de trabalho de parto em filme, ficamos os três empolgados e começamos a brincar de colocar em prática as posições e massagens que tínhamos aprendido pra facilitar o trabalho de parto…
Mas era só de brincadeira mesmo, porque eu só topava experimentar nos intervalos – quando começava a contração de verdade eu não conseguia ficar parada, mesmo que com alguém massageando… tinha que me mexer, tinha que andar, que balançar…


Maní não curtiu… hahaha


Lucas e Sil fizeram almoço e, também nos intervalos de contração, eu consegui comer um prato com arroz, purê e frango…depois me enchi de melancia e me arrependi fortemente, porque ela ficou o resto do dia conversando comigo! hahaha
Comia sentada na bola e levantava quando começava a doer!


Almoçando

Enrolei a gravidez inteirinha e acabou que nunca fiz a playlist das músicas que ia querer ouvir durante o TP, por isso fiquei com meu bom e velho shuffle tocando músicas e deixei Chico e Baleiro embalarem minhas balançadas!!!

Me dividia entre o celular, pra trocar de música quando necessário e o iPad, pra ir contando as contrações…

E colocar música foi ótimo, porque já tava chato ficar andando de um lado pro outro…rs. Com música eu balançava com ritmo (a Silvia se atreveu a dizer que eu estava dançando…sei não…hahahaha)  e cantava durante as contrações pra ajudar a respirar.

E, uma curiosidade: o balanço que eu adotei daí em diante no TP, ao som das minhas músicas favoritas, é o mesmo balanço que tenho usado pra ninar a Cecília!! E é INCRÍVEL como funciona pra acalmar nós duas na hora do chororô… chega a me emocionar pensar que essa ajuda agora tem tudo a ver com o momento tão bonito que nós duas passamos juntas nesse dia inesquecível!! =)

Amor!
“Faz cara de contração!” hahaha

Por volta de 2 da tarde a dor começou a piorar um pouco e aí eu já precisava me concentrar durante as contrações. Me concentrar pra lembrar de respirar, lembrar de soltar o corpo e, mais do que tudo, lembrar que aquilo tudo significava que minha filha tava chegando!

A Sil anotou
O Lucas completou! hahaha



E nesse momento ganhou muita importância o “mantra” que eu tava usando desde a madrugada: sempre que alguma coisa me desconcentrava do TP, durante a contração eu dizia pra mim mesma “deixa ela vir”. Eu me referia à Cecília, claro, que estava cada vez mais perto, mas me referia também à dor. 
Por isso, quando a dor começou a ficar mais forte era fundamental que eu me lembrasse sempre que estava doendo porque eu e minha filha estávamos trabalhando, porque meu corpo estava fazendo um negócio incrível e grandioso (em tantos sentidos!), porque não era pra ser facinho mesmo, mas valeria a pena….
Eu precisava deixar a dor vir e passar – as contrações funcionam assim, em ondas mesmo…eu precisava trabalhar com a dor, saber que cada apertão era a Cecília um pouquinho mais pra baixo (rs), não podia (e não queria!!!) lutar contra nada do que sentia.. mas na hora do aperto era importante re-lembrar, por isso eu repetia baixinho: “Deixa ela vir!!!”. E, juro, cada vez que eu me lembrava de dizer isso, funcionava! A dor ganhava sentido e perdia intensidade…e assim eu ia levando o processo com bem mais facilidade!

Lucas e Sil estavam sempre por perto! Respeitando meu espaço, me ajudando a lembrar todas essas coisas aí em cima, me dando água e oferecendo comida (que eu não quis mais depois do almoço, apesar de antes ter feito um estoque de coisas gostosas pra comer durante o TP), tentando oferecer massagens e sugerir posições – tadinhos…essa parte eu meio que ignorava mesmo! hahaha Eu só queria balançar!!!


Uma das minhas fotos favoritas! 
Doulando por escrito! hahaha


A essa altura eu já tinha passado o contador de contrações pra Sil…eu só avisava quando começava e quando terminava, então não sabia muito bem em que ritmo estávamos, mas sabia que elas estavam vindo cada vez mais perto!

De manhã havíamos mandado mensagem pro obstetra e pra matrona, deixando-os de sobreaviso sobre o que estava por vir (rs) e ao longo do dia o Lucas foi falando com a matrona por telefone, contando como estávamos e ouvindo instruções dela… 

Em algum momento (imagino que um pouco antes das 3) o Lucas ofereceu que eu fosse pro chuveiro, pra água quente aliviar a dor. A dor realmente estava mais forte e a água viria bem, mas eu resisti um pouco a entrar porque não queria ter que parar de andar… até que eles conseguiram me convencer e fomos os três pro banheiro (ou 5, né, porque Cecília e Maní também foram! rs)… 
A Sil continuava marcando as contrações e mudava de música quando eu pedia. O Lucas, coitado, ficou de um jeito todo torto, se molhando muito, meio dentro, meio fora da banheira, segurando o chuveiro (que aqui é daquele tipo que parece um chuveirinho) de uma maneira que a água estivesse sempre direcionada pra onde eu pedia (geralmente na lombar) e eu pudesse continuar meu balanço lá dentro!!
Aí a coisa começou a apertar!! A dor mudou, ficou mais aguda, mais ardida…e o movimento e a água ajudavam, mas não tanto como antes! 
Lucas começou a me convidar pra sair do chuveiro pra ir pra clínica, mas eu não queria de jeito nenhum, disse que só iria se fosse andando (6 km! hahaha) – acho que foi o único medo que senti durante todo o TP: estar fechada dentro do carro no caminho pra clínica, sem conseguir me mexer!
E, mesmo que pouco, a água ainda tava ajudando… Até que, de repente, eu precisava sair urgente do chuveiro! Não sei se foi minha pressão que caiu com o calor ou o quê..sei que de uma hora pra outra, me deu um siricotico (rs) e eu precisava sair dali! Esperei acabar a contração e pedi pro Lucas pra me ajudar a sair…
Enquanto o Lucas falava com a matrona pelo telefone, eu ia ficando pronta pra ir pra clínica, mas ela pediu pra gente esperar uns 15 minutos antes de sair de casa, já que eu tinha acabado de sair da água quente (depois o Lucas me contou que, na verdade, nesse momento a matrona não estava em Santiago e demoraria ainda uns 30 minutos pra chegar… Ele inventou essa desculpa e ficou me enrolando em casa por mais uns 40 minutos – sem que eu percebesse! rs – porque se chegássemos na clínica antes da nossa matrona, seríamos atendidos pela matrona de plantão e aí “tchau plano de parto!”…!!!

Pra me enrolar o Lucas foi lentamente arrumando as coisas pra sair…rs Fechou as malas, pegou tudo que faltava, fez várias “viagens” pra levar tudo que precisava até o carro, etc…
Eu nem percebi a demora…apesar da dor, estava muito tranquila com o processo… Sentia a Cecília se mexendo e percebia o TP progredindo, então nada me preocupava! Talvez se eu soubesse que a essa altura o intervalo das contrações já era de menos de 2 minutos eu ficasse preocupada!! hahaha 

Mas como eu não sabia, estava só tentando lidar com essa dor nova e muito forte!
Ainda balançava e cantava (agora muito baixo) a cada contração, mas já tava difícil a coisa!

Comentei com a Sil que estava sentindo um pouco de vontade de fazer cocô, mas não sabia se ainda era meu corpo “fazendo a limpeza” (esqueci de comentar na parte 2, mas de manhã fui várias vezes ao banheiro! Coisa linda essa natureza que pensa em todos os detalhes!rs) ou se era a bebê no canal de parto mesmo! (dizem que este é um dos sinais de que o parto está perto!)
Só sei que a dor era aguda e chegava a me dar vontade de chorar um pouquinho quando vinha… eu repetia mil vezes seguidas na duração de uma contração o mantra do “deixa ela vir!”… precisava ficar lembrando de respirar e “relaxar”… e balançava…!

 
Agora sim com cara de dor!


Pedi pra Sil pegar a Maní pra mim – eu não conseguiria abaixar! – porque precisava de colo dela e fiquei assim esperando a hora de sair:



Claro que no caminho entre minha casa e o carro vieram várias contrações e que na saída do elevador encontramos um vizinho que ficou meio apavorado com a cena e nos desejou “suerte”! hahahaha

Achei melhor ir no banco de trás sozinha pra ter mais espaço e, pra minha surpresa, logo que o carro começou a andar a dor melhorou – quase sumiu! – e eu fiquei toda felizona! rs
Pena que só durou até sair da garagem…


(to be continued…)
hahahahaha

7 pensamentos sobre “"Foi assim…" – parte 3

  1. Gabi, estou emocionada com o seu relato!
    Essa parte 3 ficou particularmente linda e muito intensa.
    Linda a forma que você lidou com a dor (e vou anotar esse mantra pra mim, tá? haha) e se entregou realmente ao processo.

    As grávida tudo pira nos relatos assim, rs 😀

    Beijo beijo!

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  2. Adoraaaaaaaaaando todas as partes. Estou enlouquecendo de curiosidade, mas amando tudo o que vc tem dito.
    O mantra é fundamental, adorei. E acho que sou bem capaz de esquecer de fazer uma playlist tbm! hahahaha

    muito bom saber mais de vcs.

    beijos grandes!!!!

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  3. Gabi, danada!
    Que lindas as fotos, os vídeos!
    Sabe que eu também não fiz playlist? O João colocou durante o TP um CD com músicas de relaxamento e yoga, e foi super gostoso. E olha que eu nem tinha pensado nesse CD. O único problema é que meses depois do parto eu não podia ouvir o CD de tanto que eu chorava, eu me emocionava mesmo!
    Vê se não demora pra contar o resto, hein? 🙂
    Beijos

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